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O moldador

por Magda L Pais, em 15.02.08
Foto de Agnieszka Borkowska

Os sonhos são histórias que precisam de Homens para existir…
A História que vou contar fez-se primeiro sonho para poder viver de novo entre os Homens, depois materializou-se e tornou-se realidade…
Esta história veio de muito longe…
Veio daquele tempo antes das Pirâmides do Egipto terem sido construídas. Nesse Tempo existiam grandes e belas cidades no lugar onde hoje existe o deserto.
Numa dessas cidades, vivia um menino de 4 anos. Era lindo, de cabelos bem negros e pele morena. Esse menino seria mais tarde conhecido pelo Moldador.
Por todos era muito amado, mas quem ele mais amava era a sua mãe. Ela dedicava-lhe carinho e atenção como a ninguém. Para o menino era como o Mundo somente existisse em redor da sua mãe… Desde muito novo o Moldador apresentava-se como um ser muito especial; aos quatro anos, já parecia ter 10 em pensar e sentir…
Certo dia, e tendo ainda 4 anos, estava a passear junto a um lindo jardim quando viu a mais bela flor que tinha visto…
Naquele momento, nasceu dentro dele uma grande vontade de colhê-la para a dar à sua querida mãe. Mas, se assim o sentiu, logo pensou melhor, como era habitual em seu Interior. A maturidade que já tinha permitiu que não arrancasse a flor do jardim, sabendo que ela morreria ao ser arrancada. Mas mesmo assim mantinha o desejo de dar a flor à sua mãe.
Pensou…pensou… Até que teve uma ideia!
Com as suas pequeninas mãos e com o ar que existia ao seu redor o menino do Nada criou através do moldar, uma flor igual à que tinha visto.
Correu para casa e deu a flor à mãe.
- Mãe, como não podia tirar a vida de uma bela flor do jardim, com as minhas mãos fiz esta igual, só para ti.
Ela logo estendeu as suas mãos quentes e doces para receber a flor do seu filho, e disse:
- Oh meu querido filho, que linda flor fizeste … e que bem que cheira! Vou levá-la para o lugar mais especial da nossa casa.
O Moldador jamais esqueceu aquele momento. A sua mãe correu para o quarto, colocou a flor junto à sua cama, e disse que assim todas as manhãs poderia ser desperta pelo perfume dela.
Aquele acto transformou o menino. Depois daquele dia, ele começou a moldar do Nada tudo aquilo que tinha vontade de ter para brincar ou usar, e à medida que foi crescendo outras coisas moldava e oferecia…
O tempo foi passando e o menino foi crescendo até se transformar num lindo moço. Tinha mais ou menos 12 anos, quando um dia, ao passear pela praça da Cidade, viu junto a um Templo um pobre.
O pobre estendeu a mão pedindo-lhe pão. O Moldador nada tinha consigo… A não ser…o seu desejo e a sua arte do moldar o Nada. E do nada moldou um pão e o estendeu ao pobre…
Mas, para espanto dele, ao colocar o pão por si moldado na mão do outro, algo aconteceu… O pão materializou-se na mão do pobre, e ele viu-o comer desse pão. Depois daquele dia, o Moldador passou a criar através do seu moldar do nada tudo o que fosse necessário aos seus e à comunidade. Anos passaram e o seu dom começou a ser conhecido de muitos. Terras distantes chamavam o Moldador para os ajudar. E ele sempre corria para ajudar.
Já homem feito, um dia foi convidado por uns sábios de uma Terra muito distante. O Moldador fez a mais longa viagem que até então tinha realizado. Apresentou-se no Templo daquele povo Sábio e perante todos demonstrou o seu dom, criando do Nada tudo o que lhe foi pedido pelos sábios. Por fim, um representante daqueles sábios disse:
- Vejo que teu dom é de facto um grande bem, assim como vejo que também és um grande ser, que sabe respeitar o Todo que vive em cada Criatura. Mas tenho uma pergunta para te fazer. Como foi possível chegares a este dom?
- Ainda lembro o momento mais bonito da minha vida. E nele está contido o segredo! A minha primeira criação foi uma flor que dei à minha mãe. Ela mostrou-me o seu acreditar, e outros demais assim o fizeram, até ao dia em que eu também passei a acreditar. E, porque não tinha ninguém que me dissesse o contrário. O meu dom pode crescer até ao ponto que sabeis…
O segredo é somente um: acreditar!

Esta história é da Ilda Oliveira, do blog http://ashistorinhasdailda.blogspot.com/.
Conheci a Ilda em Outubro do ano passado e, sem razão aparente, ela contou-nos esta história nesse dia. Digo sem razão aparente mas, segundo a Ilda, quem estava presente precisava de a ouvir. E acertou em cheio.
Escolhi esta história da Ilda porque acho que, de facto, é preciso acreditar. Em nós. E enquanto acreditarmos em nós e enquanto houver quem acredite em nós, tudo é possível.

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