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Se não puderes ser um pinheiro,
No topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo,
Sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.
Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o sol,
Sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito
Ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.
Pablo Neruda
Passaram alguns anos desde a última vez que nos vimos e as saudades teimam em não me deixar.
Fomos amigos, confidentes, quase amantes. Amava-te sem que o soubesse. Sem que tu soubesses.
Recordo agora que estavas presente em todos os momentos, desde que me levantava, quantas vezes ao pé de ti, até que nos voltávamos a deitar.
Confiava tanto em ti como em mim e era recíproco. Nenhum de nós seria capaz de prejudicar o outro. Nenhum de nós ousaria sequer magoar o outro, fosse como fosse, e eu acreditava piamente nisso.
Recordo, com amargura, tristeza e também alguma raiva, a noite em que este meu mundo se começou a desmoronar, em que o meu astro começou a perder a sua luz e o seu brilho intenso. Nessa noite pediste-me que acreditasse em ti, já que mais ninguém o tinha feito. E eu, cega, confiei, acreditei, sem duvidar sequer por um segundo da tua palavra. Bastava-me a tua voz, o teu olhar, que tanta segurança me davam.
Todos me avisaram que não era assim, que me estavas a enganar. Mas foi em ti que acreditei, porque eras tu o meu sol, a razão do meu sorriso.
Quando te confrontaram com a verdade, quando te fizeram confessar o que se estava a passar, eu estava lá. E a minha vontade foi desaparecer, morrer.
Não podia ser verdade! Não podia! Tu nunca me enganarias, jamais me mentirias... Só que tu confirmaste o que eu não queria ouvir, confessaste a verdade nua e crua que me dilacerou a alma.
Tu, que sempre me tinhas olhado nos olhos, não foste capaz de o fazer. Baixaste a cabeça e pediste-me desculpa...
Será que fazias alguma ideia do que me estavas a fazer? Será que fazes alguma ideia como, passados estes anos, ainda me sinto? Será que tinhas consciência de que me estavas a tatuar, naquele momento, a alma com um sofrimento irreparável?
Nesse dia perdi o amigo, o confidente, o companheiro… e perdi parte de mim… que nunca mais recuperei…
Dueto com a Vera Silva
Nota das autoras – o mistério subjacente a esta história poderá vir a ser desvendado. Quem sabe se não estarão a ler apenas o início... e quem sabe como acabará...
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