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A desinformação na época da informação

por Magda L Pais, em 20.11.15

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Vivemos na era da informação. À distância dum clique sabemos o que se passa do outro lado do mundo. Visitamos museus, conhecemos ruas de cidades desconhecidas, vemos atentados terroristas quase em directo, subimos ao Everest ou descemos às fossas das Marianas e tudo sem sair do sofá. Sabemos, em segundos - literalmente - que um hotel está sequestrado e, ainda a água não regressou ao mar e já sabemos que houve um tsunami. Ainda os prédios estão a vacilar e já todos sabemos que houve um sismo no outro lado do mundo. Nadamos com tubarões e caçamos com os leões na segurança da nossa sala. Vamos a Plutão ou ao Sol sem sair da Terra.

Gosto, sinceramente, de viver nesta era. Em que ouço um estrondo às dez da noite e abro o facebook e fico a saber que explodiu um paiol em Sesimbra. Em que ouço as sirenes dos bombeiros e um site de noticias me diz que há um incêndio na Arrábida.

Gosto que haja blogs que me dão a conhecer a realidade doutros países, que me ajudam a conhecer melhor o mundo em que vivo (ainda que haja coisas, neste mundo, que eu preferia não conhecer).

E gosto de poder pesquisar sobre tudo e sobre nada sem sair do conforto do lar. De estar aqui, sentadinha, e poder descobrir o que me apetecer, procurando, visitando, questionando. É a era da informação no seu melhor.

Mas, e tinha de haver um mas, esta é também a era da desinformação, dos boatos, do dizquedisse, das noticias sem nexo. De meias verdades que se tornam mentiras completas. E tudo porque muitos seres humanos são preguiçosos e acreditam em tudo o que lêem.

Já uma vez falei aqui sobre algumas notícias que são partilhadas até à exaustão sem qualquer cuidado em averiguar a sua veracidade. Uns meses mais tarde... tudo na mesma ou ainda pior.

No dia dos atentados em Paris, passava em nota de rodapé duma das televisões portuguesas que um campo de refugiados estava a arder. Era a única estação que falava nisso e eu fui pesquisar no google se era verdade. Era. Em Outubro deste ano um campo de refugiados ardeu, resultante da explosão duma bilha de gás. Não em Calais como diziam nessa nota de rodapé mas no norte da Tailândia.

Refugiados que odeiam viver em Portugal. Circula, por ai, uma noticia que diz que os refugiados que cá vivem estão desiludidos e se querem ir embora. Uma leitura mais atenta mostra que isto aparece num site conhecido por divulgar falsas noticias. Infelizmente continua a ser partilhado e a dar visibilidade ao site...

Torre Eiffel destruída por mísseis jihadistas... esta até dá vontade de rir, não fosse verdade que está a ser partilhada vezes sem conta. Com direito a fotos e tudo. Não acham que, se fosse verdade, os serviços noticiosos de todas as estações de televisão ou os sites credíveis dariam essa noticia?

Por ultimo, o inicio da terceira guerra mundial confirmado pela ONU. Mais uma vez... Não acham que, a ser verdade, o mundo noticioso parava para falar nisso?

Meus caros. Estamos na época da informação. Nunca tanta informação esteve disponível. Somos uns privilegiados. Aproveitem esse privilegio para estarem informados, não para partilharem desinformação.

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27 comentários

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Aerdna a 22.11.2015

Totalmente de acordo com o texto. Apesar de termos cada vez mais e mais rápido acesso a informação, nada nos garante a sua qualidade, a não ser o bom senso. E parece que ele não abunda.

Além da qualidade da informação e do crédito que lhe dão, há outra coisa que me preocupa : o uso que se faz dela. As pessoas partilham e partilham esse tipo de informação com muita facilidade. Talvez pelo facto de ela ser feita para ser « facilmente digerida » com pouco texto e títulos sensacionalistas, e depois e talvez mais grave os comentários de ódio que se fazem e registam na rede, usando essa informação de “qualidade duvidosa” como base.

Existe um grande consumo de conteúdos da rede, mas cada vez me convenço mais que não se sabe fazer uso disso. As dificuldades de interpretação são mais do que evidentes: pessoas que interpretam um texto inteiro por uma frase fora do contexto, comentam pelo título sem ler a notícia, interpretam uma imagem sem ler o texto e pedir que reconheçam o contexto é uma quimera, …

Algumas pessoas dizem-me “Não dês tanta importância, isso é na rede, na vida não podem andar sempre a consumir má informação e a cuspir ódio”. O pior é que eu acho que sim. Sentem-se “apoiados” pela informação publicada. E o pior é que fica registado e vai servir de material de consulta de jovens em formação, que por falta de experiência a podem tomar por verdadeira.

Que influência pode isso ter no nosso futuro? Daqui a 10 anos o que é que iremos encontrar como verdade: a notícia vinculada pelo jornalismo credível, ou a notícia falsa partilhada até à exaustão?

Bom domingo!

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Magda L Pais a 22.11.2015

Parte do problema é mesmo que passam o ódio das redes sociais para a vida real porque não sabem viver doutra forma. E muito desse ódio nasce de notícias mal lidas e mal dadas... A desinformação também ajuda os ódios

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