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Dúvida

por Magda L Pais, em 17.09.15

a propósito disto, quando é que a Transtejo/Soflusa é privatizada? pode ser ontem, por favor?

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8 comentários

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Magda L Pais a 19.09.2015

Então quem vive no Barreiro e trabalha em Lisboa tem apenas duas hipóteses para esse trajecto. O barco - que demora 20 minutos nos dias em que não há nevoeiro - ou o carro particular. De carro particular pode vir directamente para Lisboa ou ir para o Seixal ou Montijo apanhar o barco ou a Coina apanhar o comboio.
Como calculas, mais de 90% das pessoas opta pelo barco, quer pelo custo quer pela rapidez (não nos esqueçamos que demora pelo menos 45 minutos - se não houver transito - a vir para Lisboa de carro).
desses 90% das pessoas que optam pelo barco, talvez mais de 50% nem sequer tenha carro.
Não há mais nenhuma forma de vir para Lisboa... nem autocarro, camioneta, comboio... nada. Barco ou carro particular são as hipóteses.
Agora vamos ver o que vai acontecer nesta greve e a quem não tenha outra hipótese se não vir de barco (a maioria, portanto). Até às 10h30 só há dois barcos (se forem cumpridos os serviços minimos). às 5.15h e às 6h25. Quem entra às 9h/9h30 em Lisboa, ou vem num deles (o que será quase impossível porque a capacidade dos barcos é limitada e há milhares de pessoas a fazer este trajecto) ou só apanha o barco depois de reiniciarem o serviço. às 10h30 é o primeiro barco, dizem eles. que nunca é e quando sai, finalmente, está com a lotação esgotada. Imaginemos que apaga o segundo barco, e por isso chega ao trabalho, com sorte, por volta das 11h30 - é que nem toda a gente trabalha na baixa de Lisboa e muitos tem de apanhar outro transporte para chegar ao trabalho. Muito bem, 11h30 está no trabalho. à tarde, os barcos deixam de funcionar às 17h35. A grande maioria das pessoas sai às 18h/18h30. Ou pedem para sair mais cedo para apagar o último barco, o que implica sair do trabalho às 16h (ou ainda antes) ou então tem de ficar a marinar em Lisboa porque os barcos só voltam a funcionar às 21.45h.
Em suma - trabalham, com sorte, das 11h30 às 16h para gáudio dos patrões, aumentando exponencialmente a produtividade da empresa (como percebes, estou a ser irónica!!)
Uma amiga minha que vive no Barreiro tem uma pequena empresa. São três pessoas que lá trabalham - ela e mais duas. Os três vivem no Barreiro. A empresa está aberta das 9h30 às 19h. Nos dias de greve - a semana passada foram dois, esta semana que vai entrar são três - a empresa está fechada até às 11h30 e depois fecha às 16h. O que é que está a acontecer: está a ter reclamações dos clientes porque o serviço está atrasado. Pudera, são menos cinco horas de trabalho por dia! multiplica isto pelos dias de greve e percebes o problema que ela tem entre mãos.
Sabias, por exemplo, que há empresas em Lisboa que perguntam, nas entrevistas e quando a pessoa vive no Barreiro, se o entrevistado tem carro e se o vai usar nos dias de greve e/ou nevoeiro? e que há pessoas a quem respondem que não as contratam porque já sabem que vão ter problemas por causa das greves dos barcos e dos atrasos nos dias de nevoeiro?
Aqui há dois anos houve uma semana de greve dos barcos - o mesmo sistema que agora. Quando acabou a greve, houve um dia de nevoeiro e os barcos estavam atrasados (a este propósito lê este post : http :/ stoneartportugal.blogs.sapo.pt barcos-nevoeiro-114427 ). Uma senhora que estava atrás de mim ligou ao patrão a avisar que estava atrasada por causa dos barcos. E o patrão respondeu-lhe - venha quando quiser, vou fazer as suas contas e pagar-lhe. Está despedida, não vou manter uma empregada que viva no Barreiro!
Esta é a nossa realidade. Estamos dependentes de 10/15 pessoas que são os mestres dos barcos e que fazem greves a torto e a direito. Que fazem greve porque não querem que um deles tenha um processo disciplinar por ter excedido a velocidade permitida no rio. Que fazem greve de solidariedade com os TST . Que fazem greve porque querem ordenados ainda maiores do que aqueles que recebem. E que furam os pneus e riscam o carro daqueles que não querem fazer greve.
Por isso sim, venha a privatização e já ontem era tarde. Se tivermos de pagar mais pelo transporte, paguemos. Mas que haja transporte e que não sejamos mais prejudicados ainda por vivermos no Barreiro.
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Andy Bloig a 19.09.2015

Não contes que a privatização resolva isso... a longo prazo vai resolver, pois a maioria dos funcionários passam a estar a contrato e, se fizerem greve, já sabem que mal se aproxime o mês de renovação, tem a cartinha em casa a agradecer o tempo de trabalho e a desejar-lhes boa sorte para a vida. 
Por acaso, pensava que desde que existe a Ponte Vasco da Gama, tinham criado autocarros que faziam o Barreiro-Gare do Oriente. Sei que existe um que vai para a estação de Coina, que é bastante distante. Daí ter pensado que existiria alguma carreira igual aos TST que tem autocarros para a Praça de Espanha, que me safavam quando havia greves nos barcos ou nos autocarros (aqueles estavam sempre nos serviços mínimos, iam era apinhados até ao último cantinho disponível). 


Acerca da pergunta se tem carro, quando se diz que se mora em Almada ou Seixal, essa é a pergunta básica. Se não se têm, não perguntam mais nada. (e temos o comboio que dá acesso ao metropolitano, dando acesso a qualquer lado da cidade...) 
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Magda L Pais a 20.09.2015

eu suponha que, mais tarde ou mais cedo, haveria uma camioneta dos TST para Lisboa mas, se vai haver, ainda não há. 
Mesmo que seja a longo prazo, vai ajudar a resolver e isso é o que queremos., Não podemos continuar reféns dos mestres da soflusa

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