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Os jovens e os empregos

por Magda L Pais, em 29.09.15

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São muitos os jovens, hoje em dia, que, mesmo tendo emprego, também tem falta de vontade para o manter. Conheço vários casos desses, em que, à mínima contrariedade se vão embora, desaparecem sem dizer coisa alguma e que continuam a viver à conta dos pais. Falta-lhes maturidade para perceberem que a vida também é feita de sacrifícios e que é importante não esperar que as coisas caiam no céu.

No outro dia fomos almoçar a Elvas, a casa da minha sogra

(lá ganhei mais uns quilos, quem me manda ter uma sogra que cozinha maravilhosamente? E que, ainda por cima, gosta de nos mandar comida – da boa, da muito boa – para casa? E o bolo de mel e noz que ela faz? Senhores, de comer e chorar por mais)

Mas continuemos.

Dizia eu que fomos almoçar a Elvas e, como é nosso hábito, paramos na área de serviço de Montemor.

Fomos, nesse dia, atendidos pelo Pedro, um rapaz que deveria ter uns 25/30 anos. Conversa puxa conversa e o rapaz lá me contou que é formado em Economia e que começou a trabalhar aos 16 anos. Enquanto tirava o curso fez part-times, full-times, trabalhou numa gasolineira e numa papelaria. Nunca esteve desempregado porque nunca se achou superior. E tem planos para o futuro. Quer arranjar um emprego melhor – cá ou no estrangeiro – mas não se preocupa se não for na área que estudou. O que lhe interessa é continuar a pagar a casita que comprou e o carro que adquiriu em segunda mão.

Contou-me ainda que os amigos e colegas de curso achavam muito estranho ele aceitar trabalhar em qualquer lado. Mas hoje todos os invejam porque tirou o curso, vive sozinho e tem carro para se movimentar dum lado para o outro – tudo fruto do trabalho e sem depender dos pais para isso. Claro que os pais ajudaram. Mas não suportaram tudo. Ajudaram apenas.

Foi uma conversa bastante animadora. Admirei a maturidade e a força de vontade deste Pedro mas, ao mesmo tempo, fiquei com pena que nem todos os jovens adultos pensem assim.

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4 comentários

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Andy Bloig a 29.09.2015

Muitas vezes o problema é mesmo a motivação do que se está a fazer. Neste momento, 99% da motivação para trabalhar é o salário.
Quando se está a trabalhar naquilo que gostámos e se ouve o chefe "Quero isto para ontem. Se não mo apresentas daqui a 15 minutos, tens ali a carta para assinar." Nestes momentos, muita gente vai-se abaixo. (e não é só os mais novos...)
Já passei por essas situações e saí de uma empresa, porque um chefe me pediu uma coisa que, mesmo com a minha prática e conhecimentos, demorava mais de 12h de trabalho a ser feita, que ele tinha feito no ano anterior e tinha demorado uma semana... a pedir-ma para o final do dia, depois da hora do almoço. Como motivação disse-me que se não tivesse os relatórios na secretária ás 6 da tarde, podia não ir no dia seguinte que ele arranjava outra pessoa que fizesse a mesma coisa mais depressa que eu. No final do dia, obviamente não consegui fazer os relatórios. Quando me volta a dizer o mesmo, fui ao computador, escrevi a carta de demissão e fui-lha entregar dentro da pasta onde deviam ir os relatórios. Levei com bocas nada simpáticas... No dia seguinte fiz os relatórios todos e entreguei-los. 2 semanas depois vim-me embora.
No ano seguinte, soube que as 2 raparigas que contratou para fazer o mesmo trabalho que eu estava a fazer há 3 anos, tinham saído de lá lavadas em lágrimas pois ele tinha-as despedido por causa de não terem conseguido tratar da documentação em 3 dias. Ora 2 raparigas que tinham ido para lá estagiar, nunca tinham andado pelos meandros para obterem informações sobre as coisas, 3 dias é impossível. Ele mesmo demorava mais do dobro do tempo... isto não é sacrifício é tortura.
E existem demasiados chefes destes que não lideram pelo que fazem mas, pelo que dizem. E as pessoas acabam por escolher coisas mais simples. (e já passámos o ponto de ruptura na quantidade de cursos superiores para o nosso mercado de trabalho...)
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Magda L Pais a 29.09.2015

a questão é que muitos jovens desistem nos primeiros dias, quando ainda estão na formação. Assisti a imensos casos desses aqui no sitio onde trabalho. Outros desistiram porque o local de trabalho não era na localidade onde viviam e andar de transportes públicos não lhes dava jeito.... outros porque não querem cumprir horários nem levantar cedo. Gostava de te poder dizer que estou a exagerar mas, infelizmente, não estou 
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Andy Bloig a 29.09.2015

Sei que não estás a exagerar. São coisas que acontecem até muito habitualmente. 


Só que também há o maldito lado do "ou fazes ou arranjo outro". Que nestes últimos 10 anos é o sistema de motivação de muita empresa. 
Também se tem ignorado a parte da experiência em troca de empregar pessoas mais novas acabadas de sair da universidade sem terem qualquer conhecimento do que é a vida de trabalho. 


É por causa disso que existem certos trabalhos que tem má fama (como trabalharem num supermercado ou numa loja de roupa interior) por parte de muito universitário... no entanto, acaba por ser o que tem disponível. 
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Magda L Pais a 29.09.2015

Infelizmente o nosso país ignora as mais valias dos mais velhos e dos mais novos. Porque também as tem, obviamente.
sim, e é também verdade que há trabalhos de má fama que ninguém quer. Curioso é que, se vão para o estrangeiro, já os fazem (e isto sempre foi assim...)

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