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Acordei, naquela manhã, a pensar que as férias estavam a acabar e que, regressar ao trabalho, ao fim de mais de seis meses em casa, não ia ser pêra doce. A gaiata - a razão pela qual eu estava em casa há tanto tempo - dormia descansada no berço enquanto eu lia qualquer coisa, à espera que ela acordasse para mamar, com a televisão desligada.
Toca o telefone. Era a Paula e este foi, mais ou menos, o nosso diálogo:
E a conversa continuou.
Nas horas seguintes, e já com a companhia da minha mãe, não conseguimos tirar os olhos do televisor. Vimos as pessoas nas janelas a pedir ajuda que nunca chegou (nem sequer tinham como lá chegar). Vi a calma desesperante de quem se atirou do último andar (a confusão que me fez o ar sereno de quem optou por morrer desta forma). Vi a vergonha e o alivio nos olhos de quem conseguiu sair a tempo. Vi as noticias sobre os outros aviões desviados para outros atentados.
E vi a queda de ambas as torres, as mesmas onde tinha estado uns anos antes com os meus pais e irmãs. E foi precisamente neste momento que senti medo. Um medo entranhado e visceral, um medo assustador. Não por mim mas por aquela criança que, com pouco mais de 4 meses, estava deitada, inocentemente no berço e que eu tinha trazido a um mundo que tinha, naquela manhã, perdido o rumo.
Morreram quase três mil pessoas durante os ataques. Quem alguma vez esteve nas Torres Gémeas pensará sempre que foram poucas, dados os milhares de pessoas que, diariamente, visitavam e trabalham naqueles edifícios.
Primeiro dia do século XXI, dizem hoje - 18 anos depois - alguns jornais. A perda da inocência do mundo ocidental, diria eu. Até àquele momento achávamos que os atentados e as mortes de civis eram exclusivos de países em guerra, terceiro mundo. Naquele dia perdemos a inocência. Quiserem que começássemos a viver com medo. E eu, que naquele dia, há 18 anos, tive medo, hoje respondo-lhes que não sei viver com medo.
Aconteça o que acontecer, a minha vida não será vivida com medo.
E vocês? sabem o que estavam a fazer há 18 anos?
May we meet again
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Duma adolescente com 14 anos que vai participar no programa Erasmus + e que vai para a Turquia no início de Abril é, neste momento, não ter vontade de ver ou ouvir quaisquer notícias.
É saber que, a nós pais, compete dar-lhes asas e ensiná-los a voar e não cortar-lhes as hipóteses que tem de viajar, de conhecer outras culturas e outras formas de estar.
É perceber que esta ida para a Turquia é o culminar dum ano de preparação, e que é o início da preparação para a vinda duma estudante turca para a nossa casa, no próximo ano o que será também uma experiencia fantástica para todos.
É saber que atentados terroristas, acidentes e raptos acontecem em todo o mundo.
É perceber o quanto esta experiência de vida vai ser importante para toda a vida dos nossos filhos.
É saber que a frequência do Erasmus + é uma oportunidade única de aprendizagem.
Mas, ao mesmo tempo, é querer que tudo o que tem de positivo aconteça aqui pertinho de casa, debaixo da nossa asa…
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