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IEFP lança primeiro concurso para apoiar contratação de desempregados de 2017 e as empresas podem receber 3.791,88 euros por cada contrato sem termo celebrado dentro de determinadas condições.
E até tudo bem.
Este valor pode até ser majorado em 10% se a contratação reunir outras condições... Com as quais concordo plenamente: desempregados (independentemente do tempo de inscrição) em situação mais desfavorecida, designadamente os que sejam beneficiários do rendimento social de inserção, apresentem deficiência e incapacidade, sejam refugiados, ex-reclusos ou toxicodependentes em processo de recuperação ou se encontrem inscritos no IEFP há 25 ou mais meses. Perfeito.
Há uma majoração adicional e cumulativa de 10% se o posto de trabalho criado for “localizado em território economicamente desfavorecido”. Muito bem, Promover o emprego em zonas desfavorecidas. Parece-me lindamente.
E por fim... Os montantes a atribuir poderão ser majorados em mais 10% se o desempregado estiver a receber o rendimento social de inserção, tiver deficiência e incapacidade, integrar uma família monoparental, tiver o cônjuge também desempregado, tiver sido vítima de violência doméstica ou for refugiado, ex-recluso ou toxicodependente em processo de recuperação.
Como? Vítima de violência doméstica? As empresas vão ter benefícios se contratarem vítimas de violência doméstica?
Antes de mais, deixem-me dizer-vos que sou da opinião que as vítimas de violência doméstica merecem todo o meu respeito e, no meu entender, todos os apoios que o estado possa dar para recomeçarem a sua vida. Sem dúvida alguma!
Agora... condicionar o apoio a uma empresa à contratação duma vitima de violência doméstica já me faz alguma confusão, ainda para mais considerando alguns empresários que conheço.
É que parece que estou a ver as entrevistas de emprego: Olhe, a sua mulher bate-lhe? não? ah então desculpe mas não serve. Vá lá para casa e peça-lhe o favor de o espancar umas vezes e depois volte cá para o contratar a ver se eu ganho uns trocos a mais.
Ou se calhar sou eu que estou a imaginar coisas...
Falando um pouco mais a sério, conheço uma ou duas vítimas de violência doméstica e se há coisa que lhes é comum (para além do passado violento) é a vergonha do que passaram, a dificuldade em falar no tema e o não quererem ser conhecidas como vitimas. Ao incentivar as empresas a contratar estas pessoas porque foram (ou são) vítimas de violência doméstica é vitimizar ainda mais, é obriga-las a falar no assunto com desconhecidos que podem não saber como tratar o assunto com o respeito que merece.
E isto, mais do que tudo, faz-me confusão.
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