layout - Gaffe
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- comprei as cápsulas da Nicola para a nespresso mas nem bebi. Quando a meti na máquina fez um barulho diferente. Deitei logo tudo fora.
- eu não faço o IRS. O meu marido que faça se quiser, que o IRS é coisa de homem.
Dizem, por ai, que o ser humano é biologicamente social e que temos a capacidade de, continuamente, transformarmos o mundo de modo a nos adaptarmos, a satisfazer as nossas necessidades para vivermos cada vez melhor.
Tenho, muitas vezes – demasiadas vezes - sérias dúvidas, que assim seja.
Sim, é verdade que, nós, os Homens, transformamos o mundo e adaptamo-lo às nossas necessidades. Será isso totalmente positivo? Sinceramente, haverá coisas boas mas também coisas más nessa adaptação. As alterações climatéricas (sim, Sr Trump, elas existem mesmo e para pior, não para melhor) são a prova de que nem tudo o que o Homem faz para viver melhor vai ter essa mesma consequência.
(e não, as coisas não vão melhorar enquanto não percebermos que pequenos gestos fazem diferença)
Também é verdade que somos animais sociais. É precisamente na sociedade em que estamos integrados que aprendemos a nossa linguagem, as regras, etc e tal.
Mas seremos, verdadeiramente, capazes de viver em comunidade? Em deixarmos de olhar para o nosso umbigo e vermos o todo?
É aqui que as minhas dúvidas ganham forma. Porque a maioria das pessoas não sabe que, viver em comunidade é preocupar-nos com o nosso em vez do meu, é colocar as nossas necessidades acima das minhas, é ver o todo em vez do individual. É ceder em algumas coisas para que o grupo saia beneficiado.
É, também, respeitar os outros e perceber que a nossa liberdade termina onde começa a dos outros.
E seria tão mais fácil viver em comunidade se todos o soubessem fazer…
Passei parte da minha infância e adolescência com os meus avós maternos. A casa deles era quase na mesma rua da casa dos meus pais, e sempre que eles estavam a trabalhar, eu ia para casa dos meus avós. Ele, o meu avô Manuel, era o meu herói. A paciência que ele tinha para a rezingona da minha avó (eu tinha de sair a alguém, certo?) era notável. O amor que ele punha nas torradas que fazia para as netas e para o neto fazia com que nos empanturrássemos sempre que ele estava em casa (isto quando ele não saia, a meio da tarde, para ir a casa dos meus pais levar-nos torradas acabadinhas de fazer para o nosso lanche). Cozinhava que era uma delícia (era o amor que punha em tudo quanto fazia que tornava tudo ainda melhor).
A minha avó Alcide era a matr(i)aca da família. Sempre a resmungar (ou melhor, só o fazia por duas razões – por tudo e por nada). Nada estava bem, nada prestava e estava sempre mais doente que os outros. Imensos defeitos, numa pessoa que nos amava acima de tudo e para quem, a melhor coisa que podia acontecer, era os netos estarem lá em casa (de preferência enfiados na cama dela a fazer-lhe companhia enquanto resmungava com a televisão). E era por esses defeitos que os netos lhe retribuíam o amor na mesma medida que ela nos dava.
“Lá está o advogado de defesa” era a frase mais ouvida naquela pequena casa, quando a ti Alcide resmungava connosco e o ti Manuel nos defendia. Nós riamos e sabíamos que era quase impossível sermos mais amados que ali, onde tudo era à nossa medida, abraços, carinhos e resmunguice incluídos.
E sou quem sou e como sou precisamente por isso. Porque os meus avós fizeram parte integrante da minha infância e adolescência. Porque quero sempre ser melhor para que eles continuem a ter orgulho em mim, estejam eles onde estiverem.
Só tenho de lhes agradecer também por isso.
(e por me terem dado a melhor história de amor que conheci)
*(in Arroz de Palma de Francisco Azevedo)
As últimas semanas tem sido assim para o complicadito a nível profissional e, por isso, nem tenho conseguido cá vir.
Fui a semana passada à nutricionista fazer a avaliação. Na segunda feira a seguir ao Natal tinha lá ido mas esqueci-me de anotar a evolução. Sei que, na altura, tinha perdido 700 gr mas não anotei mais nada.
Ora bem, tendo em mente que, quando comecei esta missão vestia o 54 de calças e tinha pouco mais de 127 kg, aqui estão os números das últimas consultas:
Data | Peso | IMC | %Massa gorda | %massa magra | % água | Peito | Anca | Cintura |
10/10/2016 | 127,20 | 42,01 | 49,80 | 63,90 | 37,10 | 129 | 145 | 124 |
19/11/2016 | 124,70 | 41,19 | 52,50 | 59,20 | 35,10 | 125 | 144 | 119 |
26/12/2016 | 124,00 | 40,96 | 53,40 | 57,80 | 34,50 | 129 | 143 | 119 |
30/01/2017 | 125,00 | 41,29 | 51,10 | 61,10 | 36,10 | 129 | 142 | 119 |
Pois bem. Em quatro meses foram dois quilos embora, a cintura diminuiu 5 cm e a anca 3 cm. Este fim de semana tive de ir comprar umas calças porque as minhas caiam-me pelo rabo abaixo. Na semana passada estive ao telefone com um amigo por cinco ou dez minutos enquanto andava a pé e cheguei ao fim da conversa sem estar a arfar.
Parece pouco, eu sei. Mas não é. Acima de tudo porque estou a conseguir o que pretendia - estou a perder peso de forma consistente, sem excessos, sem medicação e sem sacrifícios. Pronto, vá, faço um sacrifício - ir ao ginásio. Continua a não ser a minha praia mas percebo os benefícios. E mais que os perceber, sinto-os no corpo.
Sei que ainda há um caminho a percorrer mas também sei que estou motivada. Sinto-me bem comigo.
Continuam a acompanhar-me?
Na mesa ao lado
- então a tua mãe, como anda?
- morreu o ano passado.
- desculpa, não sabia.
- mas olha que estiveste no funeral.
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