Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

O que me faz sorrir

por Magda L Pais, em 20.01.15

images.jpg

 

Ontem, numa das minhas séries preferidas – Bem Vindo a Beiras – a aldeia procurava o que fazia os seus habitantes sorrir. E que belo mote para um post num dia invernoso, não acham?

Então a mim, o que me faz sorrir é a família; o cheiro dum livro novo; o sorriso das crianças; as lambidelas das Bunny e da Saphira; o arco-íris; o (re)encontro com amigos e amigas; ler na praia; sentar-me, sem tempo e hora, num banco de jardim com um livro por companhia.

Para cinzento já basta o dia lá fora e por isso deixo-vos o desafio. Vamos lá encher os nossos blogs de sorrisos e do que vos faz sorrir. Contem-nos lá o que vos faz sorrir.

Autoria e outros dados (tags, etc)

Conversas #5 lá em casa

por Magda L Pais, em 28.12.14

A propósito dum telemóvel que caiu na água, diz-me a minha filha:

oh mãe, é simples, metes num alguidar com arroz dum dia para o outro. Depois, durante a noite, o arroz atrai os chineses que depois arranjam o telemóvel. Vais ver que, de manhã está a funcionar lindamente.

Autoria e outros dados (tags, etc)

Velhice

por Magda L Pais, em 23.12.14

Idosos-Abandonados.jpg

Quando comecei este blog, em 2008, era minha intenção partilhar textos meus, mas também textos de outros, de autores mais ou menos conhecidos mas que me dissessem alguma coisa.

É o caso do texto da Maria sobre o Sozinho em Casa. Este texto não nos fala dos filhos. Mas dos pais. Dos avós. Aqueles que são ignorados constantemente por quem eles cuidaram toda a vida.

Não se passa isto lá em casa. Enquanto foram vivos, demos, aos meus avós, tudo o que eles mereciam. Quando o meu avô esteve às portas da morte no hospital, fomos todos para a porta da enfermaria, à espera de vez para entrar. E quando ele regressou a casa, todos os dias um de nós ia lá. A minha avó esteve num lar mas todos os dias nos revessávamos nas visitas. Isto quando não íamos todos ao mesmo tempo. Quando chegava o Natal e o Ano Novo, íamos busca-la para estar connosco a quadra completa – apesar do lar ser a 10 minutos de carro do sitio onde estávamos.

Já não estão entre nós. Nem os meus avós nem os pais do meu tio. De todos temos saudades, com todos passávamos esta época do ano, todas as épocas de todos os anos, e de todos tratamos e acompanhamos até que nos deixaram.

Infelizmente não é isso que se passa em muitos lados. Muitos velhotes estão sozinhos. Não só no Natal mas todo o ano. 365 dias de tristezas, de solidão, de não terem com quem falar. Cuidaram dos filhos, dos sobrinhos e agora, que precisam que tomem conta deles, desapareceram todos.

Quase todos os dias convivo esta realidade. Quase todos os dias tenho pessoas – porque são pessoas, seres humanos – que telefonam para o meu trabalho só porque precisam de conversar. Fingem ter assuntos a tratar para ouvirem outra voz que não a delas. Que nos pedem ajuda, sem pedir, para saberem que estão vivos.

Alguns nem as consultas médicas conseguem marcar e recorrem a nós para o fazer. Para outros, os mais próximos, somos o contacto de emergência a quem o hospital liga quando são internados. Somos quem perde um dia de férias para os levar ao hospital numa urgência. Somos quem se preocupa se têm comido como deve ser, se tomaram os medicamentos. Porque a família, essa, nunca aparece.

Ou talvez apareça um dia. Sim, um dia aparecem. Quando já não forem precisos, para saber se há bens ou dinheiro a herdar. Ai lembram-se que tiveram um pai, um avô, um tio. Que morreu sozinho, sem ninguém com quem conversar. Se deixou bens, era uma excelente pessoa. Se não, raio do velho que nunca foi útil.

A esses, a esses que tratam assim os velhotes que cuidaram deles, só lhes desejo que um dia não se arrependam.

(Não sejam timidos, leiam o texto da Maria no link acima. Vale mesmo a pena)

Autoria e outros dados (tags, etc)

O Natal chegou cá a casa #9

por Magda L Pais, em 18.12.14

arvore natal.jpg

Casa que preze a época que estamos a atravessar tem de ter uma árvore de Natal. E a nossa casa não é excepção. Já a tivemos natural, já a tivemos branca, esta é a que temos agora.

Lá em casa são os nossos filhos que a decoram. Este ano fizeram um excelente trabalho, não acham?

Se quiserem saber a origem deste costume natalício, consultem este post aqui

Autoria e outros dados (tags, etc)

O Natal chegou cá a casa #8

por Magda L Pais, em 17.12.14

Paisnatais.jpg

 

e trouxe os Pais Natal. Bem sei que o Pai Natal é uma figura recente, trazida pela Coca-Cola. Mas já fazem parte da tradição de Natal. Natal sem o Pai Natal já não é Natal

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

Divisão tarefas domésticas

por Magda L Pais, em 16.12.14

family-working-family-1423457.png

Quando começamos a viver juntos - eu e o maridão - as tarefas domésticas eram divididas entre os dois. Depois vieram os filhos. E tratar dos filhos foi, desde o primeiro momento, tarefa... dos dois. Só assim fazia sentido, naturalmente.

Quando as crianças começaram a crescer, tivemos a preocupação (entre todas as outras claro) de tentar perceber como é que os haveriamos de ensinar a terem responsabilidades e a serem responsáveis?

Começamos então a dar-lhes tarefas domésticas. Adaptadas, claro, à idade. Hoje, com 13 e 11 anos, os meus filhos são responsáveis por: por/levantar a mesa, levar o lixo para a rua, passear e alimentar as cadelas, limpar as gaiolas e alimentar os coelhos. A Maggie já vai pedindo para cozinhar uma ou outra refeição (e até cozinha bem, ao contrário da mãe)...

No último teste de português que a minha filha fez, foi-lhe pedido que reflectisse sobre o seguinte tema: as tarefas domésticas devem ser partilhadas pelos homens e pelas mulheres. E esta foi a resposta que me deixou orgulhosa, felicíssima e sem palavras: 

Eu concordo com a divisão das tarefas mas acho que essa não devia ser a maior preocupação de agora.

Os homens e as mulheres partilham as tarefas domésticas, sim, mas então e aqueles com filhos? Nos casais com filhos as tarefas domésticas deveriam ser distribuídas por todos, não apenas pelo homem e pela mulher. Há casos em que os pais são "escravos" dos filhos e estes não fazem a ponta "d'um corno". E eu não acho que isso esteja certo porque eles não aprendem a desenrascar-se sozinhos e transformam-se nuns pirralhos mimados que ninguém tem paciência para aturar. E como se isso não bastasse, ficam dependentes dos pais para tudo.

Voltando ao assunto dos homens e das mulheres, a realidade está alterada sim e há mulheres com cargos muito importantes e homens que são dependentes das suas mulheres. Mas eu não gosto das observações criticas que algumas mulheres recebem por ficar em casa e fazerem as tarefas domésticas. Alguns homens também são criticados pela mesma razão e eu acho que isso não está certo. As pessoas deviam poder fazer o que quisessem com a vida delas, sem terem ninguém a criticar.

Sim, estou orgulhosa. Sim, estou uma mãe babada. Sim, estou inchada que nem um peru em véspera de Natal. Mas acho que tenho razão para isso!

Autoria e outros dados (tags, etc)

Os meus marcadores de livros

por Magda L Pais, em 06.12.14

Aqui há umas semanas, em conversa com a Sofia Margarida, falei-lhe que gostava de ter alguma peça feita por ela em feltro. Para quem não sabe, a Sofia é uma fada do feltro (ok, eu sei que prefiro bruxas, mas no caso da Sofia, o que se aplica é mesmo o termo fada - das mãos dela saem trabalhos feitos à mão - exclusivamente à mão - absolutamente extraordinários).


Quando lhe falei nisto, a pergunta foi a sacramental - que peça? pois, fiquei na dúvida. Queria uma coisa diferente, que me dissesse alguma coisa. E então lembrei-me. Lembrei-me das duas meninas de quatro patas que andam aqui por casa, que são a nossa alegria e que adoramos - a Bunny & a Saphira. Já vos falei delas aquiaqui e aqui

Mostrei então esta foto à Sofia e disse-lhe que queria uma peça em feltro com as minhas patudas:

15803168_olze6.jpeg

 

(A Saphira é a cor de mel, a Bunny é a que tem quatro olhos)

 

A primeira reacção da Sofia foi - ah e tal, não sei se consigo. Mas vou tentar.

A seguir foi preciso decidir que tipo de peça seria. Um porta chaves? Um enfeite de Natal? Aqui já não foi difícil decidir. Afinal, sendo os livros a minha paixão e dado que a ideia era poder leva-las sempre comigo, decidi-me por um marcador de livros. Aliás, por dois, um com a Bunny e outro com a Saphira.

Deitada a mão à obra, a Sofia foi fazendo o favor de me ir enviando fotos do processo criativo. E que processo. A cada nova foto, a minha vontade de ter as peças comigo era ainda maior. Estavam a ficar lindíssimas.

Até que, no dia do meu aniversário, a Sofia mostrou ao mundo o resultado final - podem conferir aqui. Confesso aqui, que ninguém nos ouve/lê, que quase que me apeteceu saltar de satisfação (pronto, não o fiz porque senão podiam achar que era um tremor de terra...) pela qualidade do trabalho. Estavam, em tudo, semelhantes às pequenitas que aqui andam. Foi uma excelente prenda que me foi oferecida, naquele dia.

E ontem recebi as peças. Coisas dos correios, que andam sempre atrasados - ainda para mais em Dezembro - mas elas cá chegaram. E só vos posso dizer que estão ainda melhor do que parecem nas fotos que a Sofia mostrou:

 

marcadores.jpg

Não ladram, é verdade. E são bastante mais maneirinhos que os modelos originais. Mas tirando isso, o cuidado com os pormenores é, de facto, fabulástico (sim, eu sei que esta palavra não existe. O que não quer dizer que não a possa usar para definir o trabalho da Sofia). Até temos uma cauda que abana.

Eu sei que já falei aqui muitas vezes da Sofia e já recomendei várias vezes que visitem o blog dela. Só o fiz porque a Sofia é uma amiga extraordinária, daquelas que, apesar distante, está sempre presente. Carinhosa, brincalhona, sincera, trabalhadora, simpática - são apenas algumas das características da Sofia. Junte-se a humildade e temos uma pessoa extraordinária, uma das melhores descobertas neste bairro que é o sapo blogs. 

Agora, e hoje, não vos recomendo o blog dela. Recomendo que visitem apenas os trabalhos dela aqui. Vejam a evolução entre a primeira peça que ela fez para oferecer à mãe e as peças acima e encomendem peças personalizadas para vocês e para oferecerem. Vão ver que não se arrependem. Eu sei que não me arrependi.

Ou então arrependi-me. Já me roubaram a Bunny. A minha filha quer ficar com ela e eu não sou capaz de dizer que não. Raios! 

Autoria e outros dados (tags, etc)

O Natal chegou cá a casa #4

por Magda L Pais, em 05.12.14

urso.jpg

Trouxe este urso e uma dúvida - será que um dia ainda vou passar um Natal com neve? 

 

À quinze anos atrás fui, com a família, a Nova Iorque, por esta altura do ano, sendo que, habitualmente, há neve. Há nevões. Há frio. Excepto quando lá estivemos, que deve ter sido o inicio de inverno mais quente de sempre. Havia gente, em Central Park deitada a tomar banhos de sol... e eu que estava tão esperançada para ver nevar em Nova Iorque.

Autoria e outros dados (tags, etc)

O Natal chegou cá a casa #3

por Magda L Pais, em 04.12.14

renas normais.jpg

Estas renas, que não são visgolhas como estas daqui, fazem parte da decoração permanente de Natal cá de casa. Foram-nos oferecidas pela minha tia Lucília e pelo meu tio Vasco há uns anos atrás e, desde essa altura, nunca as guardamos, ao contrário do resto dos elementos natalícios. No primeiro ano acho que foi por esquecimento (todos os anos nos esquecemos de guardar qualquer coisa). Agora já é propositado.

 

(acho que vai acontecer o mesmo às outras renas)...

Autoria e outros dados (tags, etc)

O Natal chegou cá a casa #2

por Magda L Pais, em 03.12.14

20141203_122943.jpg

E trouxe esta aldeia de Natal, colorida, com neve e com um símbolo que, apesar de não ser de Natal, me lembra sempre o meu avô - um comboio. Era na CP que o meu avô trabalhava e, sempre que íamos à praia ou a algum lado, era de comboio que íamos.

 

As saudades que tenho de ti, avô, não se conseguem quantificar...

Autoria e outros dados (tags, etc)

Alimente esta ideia #2 - Orgulho de mãe

por Magda L Pais, em 01.12.14

Há um ano atrás expliquei, aqui, o que fazemos, habitualmente, no fim de semana em que há recolha de alimentos pelo Banco Alimentar.

Polémicas à parte, a verdade é que há muita gente que precisa e usufrui da ajuda que o Banco Alimentar lhes pode dar e, por isso, eu tento sempre estar presente nestes dias. No sábado, porque tive de ir mesmo às compras, lá fui e enchemos um saquito com alguns bens alimentares. Só que, desta vez, sem os meus filhos que ficaram em casa.

Ontem a minha filha teve de voltar ao hipermercado comprar uma coisa que me tinha esquecido na véspera. Levou o dinheiro – 5 euros – e, quando regressou, deu-me a melhor prenda que se pode imaginar. Quando me deu apenas uns cêntimos de troco explicou que tinha comprado o que precisávamos e que, com o resto do dinheiro, tinha comprado algumas coisas para o Banco Alimentar, uma vez que estavam a fazer a recolha.

É bom saber que a minha filha segue as pisadas da mãe. Podemos não ter muito mas há, com certeza, quem tenha menos. E, se podemos ajudar quem precisa, devemos fazê-lo.

Sei que o meu filho teria feito o mesmo.

E é por isso, por estes dois filhos, que me sinto cada dia mais orgulhosa.

Autoria e outros dados (tags, etc)

O Natal chegou cá a casa #1

por Magda L Pais, em 27.11.14

Renas.jpg

 

E trouxe estas renas com ele. Assustadoras de acordo com os meus filhos. Fofinhas na minha opinião. 

Não percebo como podem os miúdos acha-las assustadoras se estão habituados a bruxas... será por não se perceber para onde estão a olhar?...

Autoria e outros dados (tags, etc)

Eu & e os meus 16.436 dias

por Magda L Pais, em 26.11.14

600187_10151315484714636_207763681_n.jpg

Nasci há exactamente 16.436 dias. Tal como hoje, era uma quarta-feira. Eram 14h30 duma quarta-feira e a minha mãe berrava como se não houvesse amanhã

(dizem as más línguas que a minha mãe, no meio dos gritos, pedia que eu não nascesse – ao que a médica lhe respondeu – devias ter pensado nisso à 9 meses atrás).

Nasci numa maternidade que já não existe, com uma médica fabulosa, chamada Laura Seixas. Mais tarde frequentei o Colégio Barreirense, que, curiosamente, era propriedade do pai da médica que me trouxe ao mundo e que era na mesma rua.

Ainda hoje me lembro do colégio onde andei até à 3ª classe e da professora que tive. A D Rogéria. Muito rígida, não admitia falhas mas era excelente a ensinar. Marcou-me pela positiva, afinal foi com ela que aprendi a ler e a escrever. Também me lembro do recreio, espaçoso, com sombras, árvores, amigos com quem brincar, vigilantes atenciosas e que não se importavam de brincar connosco … tudo o que precisamos para ser felizes quando somos pequenos. O meu avô, ou o meu pai, iam-me buscar ao colégio para poder almoçar em casa.

Quando tive de mudar para outra escola tive um desgosto que me marcou nos anos seguintes. Tudo estava, para mim, muito mal na nova escola. Fui para uns pavilhões pré-fabricados que, na altura, eram provisórios

(30 anos depois, a minha filha teve aulas na mesma escola… nos mesmos pavilhões que continuavam provisórios. Hoje ainda lá estão mas, finalmente, já só servem de armazém)

Nos anos que se seguiram, superei o desgosto, mas não a saudade. Mudei mais algumas vezes de escola. Nunca reprovei de ano, apesar de ter estado bem perto disso no 8º ano. Nunca fui uma aluna excelente. É curioso. Apesar de ter tido muitos professores diferentes a opinião deles sobre mim era sempre a mesma – demasiado faladora, muito inteligente, poderia ter melhores notas se estudasse.

Assim que pude, comecei a trabalhar no verão. Estar parada muito tempo não fazia (e ainda não faz) o meu género. Fiz muitas coisas nos verões da minha adolescência. Fui para a praia com as crianças duma creche, fiz inventário e vendi produtos de drogaria e materiais de construção civil, fiz contabilidade (foi aqui que ganhei o gosto pelo curso que tirei), numa papelaria, numa livraria, fui monitora num ATL de verão… foram diversos os trabalhos que fiz, todos com o gosto da descoberta e da aprendizagem. Todos eles foram úteis para me ajudarem a crescer profissionalmente.

Também entrei para os escuteiros. Um dia cheguei a casa e avisei a minha mãe que ia entrar para os escuteiros católicos e que ia ser baptizada. Não tinha sido baptizada em bebé porque os meus pais achavam que devia ser eu a decidir. Agradecerei sempre essa decisão, porque assim lembro-me bem da cerimónia do meu baptismo. Nos escuteiros aprendi, ainda mais, sobre a amizade, civismo, educação. Sai uns anos mais tarde, depois regressei e, por causa da vida profissional, acabei por ter de deixar de novo. Apesar de já não estar lá fisicamente, os princípios escutistas são também alguns dos meus princípios pessoais.

Foi também nos escuteiros que encontrei algumas amizades que, passados mais de 30 anos, se mantêm.

16.436 dias… já passaram pela minha vida vários amigos. Alguns que passaram pelos meus dias e que não ficaram, outros que passaram e foram ficando, outros que chegaram há pouco e valem tanto como os mais antigos. Uns que julgava perdidos e que reencontrei. Todos eles, sem excepção, deixaram alguma marca.

16.436 dias depois de eu ter nascido, a família aumentou consideravelmente. Irmãs, marido, filhos, sogros, tios, tias, primos, primas, cunhados, cunhadas, sobrinhos, sobrinhas… mas, infelizmente e naturalmente, também faleceram algumas pessoas. Os meus avós, os pais do meu tio, o meu sogro, um dos meus cunhados. De todos sinto saudades, mas acima de tudo, sinto muita falta do assobio do meu avô, quando nos queria chamar para comer aquelas torradas que todos adorávamos e da resmunguice constante da minha avó. As festas não são as mesmas sem eles.

Depois de acabar o liceu fui para o ISCAL. No final do primeiro ano do Instituto comecei a trabalhar. Depois duns primeiros meses em que não gostava do que fazia, tive a sorte de mudar para um serviço que adoro, que é um desafio permanente e onde, felizmente, tenho colegas com quem me dou bem. Um ambiente de trabalho fabuloso, o que ajuda bastante. Estou cá há 21 anos e continuo a gostar tanto como no primeiro dia.

Trabalhei e estudei ao mesmo tempo. Os dias eram passados no trabalho, o princípio da noite na faculdade. Demorei a acabar o curso mas acabei

(se calhar os professores tinham razão… teria bastado estudar para ser mais rápido. Ou, se calhar teria sido mais rápido, se não estivesse estado envolvida na associação de estudantes, na comissão de finalistas, no conselho pedagógico, no conselho consultivo e no conselho directivo do Instituto)

Apesar da demora (foram 11 anos para fazer 3), acabei na altura certa, rodeada dos amigos e conhecidos certos, e a prova disso é que continuamos amigos e conhecidos, passados que são 14 anos do fim do curso. Está agora a chegar a altura do jantar anual, momento em que nos reencontramos, matamos saudades e chegamos ao fim da noite com a certeza que no ano seguinte queremos estar juntos de novo.

16.436 dias depois de ter nascido, os livros continuam a tomar conta da minha vida. Ainda não concretizei o meu sonho, o de ter uma biblioteca, mas continuo a tentar. Vou guardando todos os livros que gosto e um dia lá chegarei.

Há 16.436 dias não sabia ler nem escrever

(bom, acho que só sabia mesmo chorar, dormir e comer, mas enfim)

16.436 dias depois leio

(não tanto como gostaria),

e escrevo

(ou vou escrevinhando aqui algumas coisas).

Dizem que um português deve ter filhos, plantar uma árvore e escrever um livro. Bom, eu tenho dois filhos que amo acima de tudo, plantei várias árvores e já editei dois livros. Uma vida completa e feliz.

Foram 16.436 dias de surpresas boas e más, de amores e desamores, de alegrias e tristezas, de desgostos, erros, medos, receios, sonhos… dias que valeram a pena. 16.436 dias depois de ter nascido, só me arrependo daquilo que não fiz. Tudo o resto - os erros, os desamores, os medos, os receios - todos valeram a pena para que chegasse ao dia de hoje sendo quem sou.

Venham de lá outros tantos, nas mesmas condições que eu serei feliz.

 (a foto é do bolo de aniversário que a minha irmã mais nova me ofereceu há dois anos e que, sem dúvida, é o bolo mais bonito que alguma vez tive)

Autoria e outros dados (tags, etc)

Conversas #4 lá em casa

por Magda L Pais, em 25.11.14

Sabes que está tudo bem cá em casa quando, no fim do jantar, ouves os teus filhos a dizer "KILL ME, PLEASE!" enquanto brincam com estes marshmallows...

 

unnamed.jpg

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

Conversas #3 lá em casa

por Magda L Pais, em 17.11.14

Cheguei ao pé do marido e do filho com 5 livros na mão...

Eu - estes livros são para por na estante por cima do aquecedor.

Marido - mais livros? 

Eu (baixinho) - ainda faltam vir os da promoção da FNAC. Mas prometo que vou tentar não comprar mais até final do ano.

Filho - mãe, tu prometes mas não vais cumprir...

Marido (para o filho) - Ainda vamos ver a mãe nos LA a dizer "olá, eu sou a Magda, e não compro um livro há 24 horas!"

Filho (para o pai) - não, não, o que ela vai dizer é "olá, eu sou a Magda, e não leio um livro há duas horas"

Marido - e a tremer. as mãos a tremer e tudo...

 

e é isto... 

Autoria e outros dados (tags, etc)


Mais sobre mim

foto do autor








Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.