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Não posso mentir achei este livro a segunda maior bodega de 2014...Não consigo perceber o fenómeno que o envolve, pois tirando uns quantos parágrafos mais nada se aproveita...Mas pronto eu tenho tendência para ser do contra :)
Talvez se fosse apenas mais um livro YA até tivesse gostado, mas com todo o fenómeno que se gerou à sua volta era de esperar uma coisa melhor, mas enfim são modas...Também já li outros do autor e achei o mesmo, talvez as cidades de papel, se tirarmos as 786 metáforas e as 125 referências culturais que os miúdos não vão perceber, seja o que tem a premissa mais interessante...Claro que é apenas a minha opinião, lá está.
Não estou a dizer que não percebem as metáforas, mal seria se assim não fosse...Em relações às referências tenho mais dúvidas: qual a % de jovens que ouve ou conhece John Coltrane? Pessoalmente acho que o autor faz um uso excessivo desses recursos, como se estive a tentar desesperadamente ser levado a sério...É uma dos motivos porque não gosto. As cidades de papel tem uma premissa on the road interessante...
Não me estava a referir a referências culturais como explicar o que é um pastel de nata. Se perguntar a um adolescente suíço, português ou americano o que é o on the road, Coltrane, blues, cinema mudo é pouco provável que elas saibam responder, provavelmente ao contrário dos pais. Em relação ao esforçar, não digo que está, se estiver não será certamente para o público jovem, mas cada vez que leio é a sensação com que fico: olhem para mim a filosofar sobre a vida a partir de um prato de ovos mexidos, além de que os adolescentes reais dificilmente fariam tal coisa...Fora isso ele é muito fofinho. Infelizmente vender muito e ter qualidade são duas coisas que não costumam andar a par. Claro que não há mal em meter metáforas no texto ou uma referência externa, mas tudo o que é demais...Li as estrelas, as cidades de papel e abundância das Catarinas.
Sara
Uma das coisas que aprendi com a idade – e acredito que lá chegaras também – é que há mais razões para além da minha. E o facto de eu não gostar de uma coisa não lhe retira valor, desde que alguém o dê. Do teu discurso retira-se que não gostas do Green por diversas razões – e eu aceito-as. Acho estranho, terás de o aceitar, que, não gostando tu dele ou pelo menos não achando nele qualidades, já tenhas lido três livros dele. Eu, quando não gosto dum escritor, não leio mais nada dele. Mas cada um é como cada qual.
Sabes, podes não reconhecer qualidades na escrita deste autor – no teu entender, qualidade e vender muito não costumam andar a par (e volto a frisar que esta é a tua opinião, apesar de não o expressares assim). Mas deixa-me dizer-te o seguinte. Se mais nenhum valor eu reconhecesse a Jonh Green, teria de lhe reconhecer que meteu muitos jovens adolescentes a ler. A minha filha não serve de exemplo – ela lê tanto ou mais que eu, quando estava na quarta classe já ela tinha lido Tolkien – mas alguns dos amigos e amigas dela, que nunca tinham lido na vida, leram este livro. E depois deste livro aventuraram-se noutros – deste autor e de outros – porque descobriram o prazer da leitura. E isto vale por todas as referências (seja de espécie for) ou metáforas que o autor use e que não sejam percetíveis a todos.
Deixa-me ainda dizer-te – e para encerrar esta conversa – que muitos adolescentes – eu conheço alguns, gosto que a minha filha leve os amigos e amigas para a nossa casa e conversamos todos – leem como deve ser. Como eu ensinei à minha filha. É que não há mal nenhum em não perceber o que está escrito. Quando isso acontece perguntamos a quem saiba ou procuramos encontrar a resposta. E alguns pensam e filosofam sobre vários assuntos, apesar de nem sempre o mostrarem por vergonha dos outros.
Nunca pretendi, aliás não seria possível ter um blog com comentários abertos se assim não fosse, que a minha opinião fosse a única...É apenas um ponto de vista que pode ser contestado. Nunca nem mesmo quando escrevo lá no estaminé pretendo ser a dona da razão, já deixei isso bem patente... Não estou a retirar mérito estou a simplesmente a justificar porque não gostei (do livro não dele, que não o conheço), nem todos os estilos de escrita encaixam...Há pessoal que não curte Saramago, eu gosto, troca-se opiniões e fica-se na paz que dizem que vida são dois dias :)
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