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A primeira vez que li este livro estava no 1º ano do ciclo (actual 5º ano) e foi o meu professor de português, do qual já falei aqui, que me incentivou a pegar nele. Daí para cá já o li umas dez vezes e, de cada uma delas, descobri ainda mais razões para gostar. Foi com este livro que aprendi a gostar da literatura do fantástico – porque é disso mesmo que se trata.
Se não conhecem o livro, vejam, mais abaixo, a sinopse e depois leiam. Vão ver que vale a pena. É de leitura fácil, bastante acessível e muito, mas mesmo muito bom.
Quando algum estudante me pede opinião sobre que livro deve apresentar na escola, na disciplina de português, confesso que é este livro que me vem logo à cabeça precisamente pelas características que falei mais acima. Além disso, José Gomes Ferreira (o escritor, não o jornalista da SIC) é, seguramente e para mim, um dos melhores escritores portugueses de sempre.
Vem isto a propósito de que ontem foi a vez do meu filho, que está no 6º ano, me falar que a professora de português tinha dado, como trabalho de casa, a leitura dum livro à escolha para depois ser apresentado na aula. Perguntei-lhe que livro estava ele a pensar apresentar, ele pediu a minha opinião e eu fui fiel ao mesmo princípio – recomendei este livro.
O gaiato foi para a escola e, à noite, lá lhe perguntei o que tinha dito a professora. Só que não estava nada preparada para a resposta que me deixou, no mínimo, chocada.
Oh mãe, a professora deixa-me fazer sobre esse livro mas diz que não sabe que livro é e nem tem a certeza quem é o autor
…
Juro, pela minha saúde, que fiquei sem palavras. Uma professora de português não sabe quem foi José Gomes Ferreira? A sério?
Que o comum dos mortais não saiba quem foi, que não conheça o escritor, que julgue que é o jornalista da SIC, e que tenha dúvidas que obra é esta, eu até posso aceitar. É impossível conhecer todos os escritores assim como todos os livros que cada escritor publicou. Agora uma professora e de português?
Isto faz-me confusão, faz-me mesmo muita confusão e, sinceramente, faz-me temer pelo futuro literário das crianças que agora andam na escola.
Sinopse
João Sem Medo habita na aldeia Chora-Que Logo-Bebes, cujos habitantes vivem presos à tradição de que tanto se orgulham: chorar de manhã à noite. Um dia, o nosso herói decide saltar o Muro que protege a aldeia da Floresta Branca, local onde «os homens, perdidos dos enigmas da infância, haviam estalado uma espécie de Parque de Reserva de Entes Fantásticos». Tem assim início uma viagem surpreendente, na qual João Sem Medo se irá cruzar com bichas de sete cabeças, gigantes de cinco braços, fadas, bruxas, animais que falam, e ainda com o mítico Príncipe das Orelhas de Burro. História fantástica que recorre ao imaginário mágico, por vezes de inspiração surrealista, este romance de José Gomes Ferreira é um prodígio de efabulação e engenho narrativo. Uma obra intemporal que continua a arrebatar tanto adolescentes como adultos.
As Aventuras de João Sem Medo de José Gomes Ferreira foi publicado, pela primeira vez, em 1963.
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