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Bons professores

por Magda L Pais, em 24.10.14

Professor Coruja.jpg

Numa altura em que há tanta polémica por causa da colocação dos professores e depois de ler este post, lembrei-me dos professores que tive nos meus tempos de estudante.

Como em todas as profissões, há os bons e os maus. Tirando um ou dois, já não me lembro dos nomes deles, mas lembro-me bem deles. Dos maus falarei noutro dia. Hoje vou falar nos bons.

A minha professora da primária merece, sem dúvida, um lugar nos bons professores. E um lugar de destaque. Porque, em conjunto com a minha avó, me ensinou a ler e porque me ensinou a tirar prazer da leitura. Foi com ela que iniciei a minha paixão pelos livros. Nunca a D Rogéria (era esse o seu nome) gritou ou se zangou com um aluno. Não era preciso. Quando ela abria os olhos até ao branco todos obedecíamos muito rapidamente. Naquela altura os pais zangavam-se com os filhos quando eles não obedeciam aos professores (hoje muitos pais zangam-se com os professores pelos maus comportamentos dos filhos). Era rígida, sem dúvida, mas nenhum aluno dela chumbava porque ela se esforçava imenso e sabia explicar. Era A Professora por excelência.

Mais tarde, já nos dois anos do ciclo, e na disciplina de Português, o professor (foi o mesmo nos dois anos) fazia questão de que, uma aula por semana, era dedicada apenas e só à leitura. Cada um de nós levava um livro para a aula e passávamos essa aula a ler. Era, segundo ele, a melhor maneira de aprendermos português – lendo. Tinha razão, claro está. Lembro-me que tinha um colega e amigo que dava imensos erros de gramatica em todas as disciplinas. Este professor sentava-se com ele, na aula de leitura, a corrigir os erros dados em todos os cadernos de todas as disciplinas.

Já no secundário, foi a D Fernanda, a professora de Religião e Moral, que me conquistou. A mim e a toda a gente da escola. Por ser uma disciplina opcional, a maior parte dos alunos não ia a essas aulas. Mas as aulas desta professora eram frequentadas por quase todos os alunos das turmas que ela tinha. Aprendíamos a debater pontos de vista diferentes e a ouvir os outros. Nestas aulas podíamos partilhar os nossos problemas e pedir a ajuda da turma e da professora para os resolver. Como era uma professora interessada, sempre que via que tínhamos algum problema de que não tivéssemos falado na aula, tentava que ficássemos com ela no fim para nos poder ajudar.

Por fim, no ISCAL, um professor marcou-me pela grande lição de humildade que deu a todos os alunos. Estávamos no primeiro ano do bacharelato em contabilidade. A disciplina era precisamente Contabilidade Geral. Ao fim de quase um mês sem aulas por não haver professor (não, não foi agora, foi em 1988), foi finalmente colocado um professor e lá fomos todos para a aula. O professor disse o seu nome e depois afirmou que nunca tinha dado aulas de contabilidade, não era a área de trabalho dele nem sequer a formação académica. Mas que ia aprender ao mesmo ritmo que nós e que, sempre que houvesse alguma coisa que não soubesse responder que teria de se informar e que explicaria na aula seguinte. A nossa primeira reacção foi – então no ISCAL (Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa) no Bacharelato de Contabilidade, na disciplina de contabilidade, temos um professor que não é de contabilidade? Isto vai acabar mal!. Pois, não acabou. Acabei o curso em Julho de 2000* e posso afiançar que foi um dos melhores professores que tive naquele instituto.

* (sim, demorei 11 anos a completar um curso que deveria ter demorado 3 anos. Um dia conto porquê)

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14 comentários

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Sofia Margarida a 24.10.2014

Há professores que nos marcam tanto. Ainda hoje recordo com muito carinho a minha professora da escola primária - uma senhora já nos últimos 4 anos antes da reforma... Uma senhora professora demasiado exigente. Que saudades...
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Magda L Pais a 24.10.2014

era como a minha D Rogéria. Estava nos últimos anos de aulas, ainda para mais a escola onde estávamos ia ser destruída (foi deitada abaixo nos primeiros meses da minha 4º classe) mas ela estava sempre ali, firme, exigente, compreensiva e muito acessível para explicar tudo o que precisássemos

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Sofia Margarida a 24.10.2014

A minha foi transformada um ou dois anos depois num call center da PT :/
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Magda L Pais a 24.10.2014

:( a escola onde comecei a estudar foi deitada abaixo para fazerem prédios... depois fui para outra escola, para uns pavilhões provisórios. A minha filha, quando foi para a primária - eu tinha 36 anos - foi ter aulas nos mesmos pavilhões que ainda eram provisórios
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Sofia Margarida a 24.10.2014

Bolas Image  só neste pais, sem dúvida!
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Magda L Pais a 24.10.2014

foi extraordinário. Só há coisa de um ano ou dois é que os pavilhões foram deitados abaixo...
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Nathy ღ a 24.10.2014

Gostava de ter tido uma professora igual há tua que incentiva os alunos a lerem. Só ganhei o gosto pelos livros aos 18 anos (muito tarde). A minha professora da primária também marcou-me. Houve alturas em que voltei à escola apenas para visita-la. Era uma professora muito presente...
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Magda L Pais a 24.10.2014

A D Rogéria marcou todos os alunos que teve, sem dúvida. Quer pelo incentivo à leitura quer por tudo o resto. Foi excelente. Eu não precisava de ir à escola visitá-la, era vizinha da minha avó e eu via-a quase todos os dias. Quando foi o funeral dela, foram imensos alunos de todas as idades
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Nathy ღ a 24.10.2014

Fazem faltas professores assim :)
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Magda L Pais a 24.10.2014

oh se fazem,. oh se fazem
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Mar Português a 25.10.2014

Bons e maus professores há em todo o lado - bem verdade! Os meus melhores (estão empatados e não consigo mesmo escolher) foram de Inglês do 7º ao 9º e de História do 11º e 12º. Daqueles professores que todos os alunos, os bons e os maus, gostam.
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Magda L Pais a 25.10.2014

é uma sensação excelente podermos dizer que tivemos bons professores. Normalmente só se ouve falar nos maus professores...
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BataeBatom a 26.10.2014

Adorei a iniciativa que o professor de português teve ao corrigir os erros ortográficos nos cadernos das diferentes  disciplinas... :) são estes professores que nos marcam. Ensinam com empenho e paixão.
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Magda L Pais a 27.10.2014

mesmo. As aulas dos professores que falei acima distinguiam-se em larga margem das outras. Íamos todos com prazer para lá, o que era fantástico. Era bom que todos fossem assim...

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