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Conversar com os filhos

por Magda L Pais, em 29.07.15

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Vejo, cada vez mais, pais e mães com dificuldade em comunicar com os filhos. Normalmente pegam num telemóvel ou num ipad/tablet, pespegam com ele nas mãos dos gaiatos e pronto. Os pequenos jogam, os pais conversam (se não tiverem, também eles, smartphones) e não há conversa com os filhos.

Aprendi, muito cedo, que há necessidade de conversar com os filhos. Desde que eles nascem. E aprendi isso com o pediatra dos meus filhos. Quando a piolha

(é engraçado que, apesar dela ter 1.84 m – ou seja, é maior que eu, eu continuar a chama-la de piolha)

Dizia eu, quando a piolha nasceu, o pediatra disse-me – converse com a sua filha. Fale-lhe, conte-lhe o que está a fazer. Faz-lhe bem ouvir a sua voz. E eu assim fiz. Com ela e com ele.

Aos dois anos, a piolha foi para a creche e eu fiquei com o mais novo em casa. Ainda estava de licença de parto. Foi um drama para ela. Até nascer o irmão, tinha estado em casa da avó. Depois ficou comigo. E a seguir – creche. Correu mal. Pontapeou uma das auxiliares, chorou baba e ranho… enfim, uma miséria. Na segunda semana e por causa duma consulta de rotina do piolho pedi a opinião ao pediatra sobre o que se estava a passar. E ele só me perguntou – já falou com a sua filha? Falar? Mas ela tem dois anos!!! Sim, tem dois anos e obviamente não lhe vai recitar os Lusíadas. Vai-lhe explicar, numa linguagem acessível e enquanto a veste ou lhe dá banho, a razão pela qual ela tem de ir à escola.

E eu, sem saber muito bem o que pensar disto, lá conversei. Entre a brincadeira, vesti-la e despacha-la, lá lhe expliquei porque é que ela tinha que ir à escola e porque é que o irmão ainda ficava em casa comigo. Frases simples, brincadeira pelo meio… e nesse dia a gaiata não chorou na escola e ficou bem. Se não tivesse visto não iria acreditar. Aquele pequena conversa fez maravilhas.

Dai para a frente fiz sempre o mesmo. E por isso cá em casa conversamos sobre tudo entre os quatro. Falo com eles com abertura e honestidade sobre todos os temas, sejam eles quais forem. Eles sabem, por exemplo, que não podem falar com estranhos. E sabem quais os riscos reais se o fizerem. Eles sabem o que é a pedofilia e sabem que tipo de fotos podem colocar na internet. Quando há doenças graves na família eles sabem qual é a doença e que riscos há.

Honestidade e abertura. São as palavras-chaves das conversas cá em casa. E, acreditem, estas duas palavras fazem maravilhas nas relações entre pais e filhos. Porque as conversas são como as cerejas e se falarmos com eles – os filhos – eles falam connosco – os pais. E isso é do mais gratificante que podem imaginar.

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22 comentários

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Vanessa a 29.07.2015

Muitos pais não têm paciência ou vontade de conversar com os filhos. Até porque, o dia deles nem é preenchido, nem é cansativo, nem é animado para saberem as actividades que fizeram e manterem o diálogo activo. Os pais querem ter filhos, mas não querem ter o trabalho de os educar (já li algures isto e acredito que seja verdade). Houve há uns tempos uma notícia de que os pais querem que os filhos sejam educados na escola, mas eu sempre ouvi que a educação vem do berço... ups!
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Magda L Pais a 29.07.2015

há muitos pais que ainda não perceberam qual é a sua função. Infelizmente. Daí termos as crianças que temos hoje...
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Magda L Pais a 29.07.2015

triste e lamentável. Educar dá trabalho mas é tão gratificante vermos o fruto do nosso trabalho. Não há trabalho - nenhum - que seja tão gratificante como sabermos que estamos a educar adultos de sucesso
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Vanessa a 29.07.2015

E chegarem a adultos e valorizarem o esforço e educação que receberam.
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Magda L Pais a 29.07.2015

exactamente. Ou ouvir, da filha adolescente - se todos os pais fossem como vocês, havia menos problemas entre pais e filhos
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Vanessa a 29.07.2015

Acho que às vezes o grande problema não são os teus filhos (digo assim para perceberes, porque não tenho ), mas as más influências dos filhos dos outros, que não têm uma boa relação pais-filho. Como alguns são "fraquitos" da cabeça, vão na bola de neve.
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Magda L Pais a 29.07.2015

precisamente com "medo" das influências é que gosto que os amigos dos meus filhos venham cá para casa com eles. Assim conheço-os e sei o que se passa. Na maior parte dos casos eles - os amigos - gostam de cá estar e vou conversando com eles para os perceber. E os meus filhos sabem que podem conversar comigo e com o pai sobre tudo (lá está a importância duma conversa), o que ajuda quando há miúdos problemáticos ao redor
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Vanessa a 29.07.2015

Isso assim é sempre bom tens sempre a noção de com quem andam e quem são.
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Magda L Pais a 29.07.2015

claro. torna tudo mais fácil. Claro que é impossível conhecer todos os amigos deles mas temos uma ideia mais clara
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Vanessa a 29.07.2015

Mesmo que não conheças, com uma relação assim, acabas por ficar a saber quem são
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Magda L Pais a 29.07.2015

exactamente o que eu penso! :D
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A Miúda a 29.07.2015

Cada vez gosto mais dos teus textos em relação a pais e filhos.
Eu falo com o R., não troco conversas e brincadeiras por telemóveis, tablets ou desenhos animados - se bem que às vezes apetece quando estamos a falar com outra pessoa e ele não pára de se meter mas até agora sempre resisti a esse impulso explicando que "agora não" e pedindo para esperar.
Mas nunca me passou pela cabeça explicar-lhe o porquê dele ter de ir para a escola quando está com a birra. Apenas digo que ele tem de ir porque eu vou trabalhar... Para a próxima já sei, a ver se ele gosta de ouvir que vai aprender e brincar com os amigos.
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Magda L Pais a 29.07.2015

não fales com ele sobre a escola quando ele estiver com a birra :D assim ele não vai ouvir nem dar-te a atenção necessária. É quando estão bem dispostos que a coisa corre melhor. No meu caso foi enquanto vestia a gaiata. Lá lhe expliquei que ia aprender coisas novas na escola, que eu não lhe sabia explicar, que era sinal que estava mais crescida. Enfim, mostrei as vantagens todas da escola. Resultou lindamente


E, obrigado :D sabes que este é um tema - pais e filhos que me interessa imenso :D e é bom saber que gostas
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Life Inc a 29.07.2015

Também faço isso e acho que dá bons resultados. E sobre os tablets e afins, hoje fiz um post sobre isso... estou farta de enfiarem o telemóvel na mão da míuda para a entreterem!

xoxo
cindy
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Magda L Pais a 29.07.2015

li de esguelha porque estava no telemóvel, no café à espera de ser servida (estava sozinha ehehehhe). Mas já lá vou espreitar com olhos de ler (mesmo sem óculos...).
Sim, hoje usa-se e abusa-se da tecnologia para entreter as crianças e não se conversa realmente com elas. Faz tanta falta a filhos e pais uma boa conversa...
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É o que eu tento com o meu, todos os dias! Foi o que o médico também sempre me disse, explicar-lhe as coisas de acordo com a idade!
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Magda L Pais a 29.07.2015

é essa a ideia, falar com eles consoante a idade, explicar tudo e mais alguma coisa
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Olívia a 29.07.2015

É bem verdade o que escreves... o que era da nossa família tão "estranha"; se não se falasse de tudo lá em casa... ou por outra, se não se falassem das coisas com naturalidade, por exemplo a Maria acha normal que a Margarida não tenha nascido da minha barriga e é irmã dela na mesma... conheço pessoas que nem falam e escondem coisas dos filhos para os "proteger", eu acho que é bem pior esconder do que contar e explicar tudo!
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Magda L Pais a 29.07.2015

Ora ai está, tanto se tenta proteger que depois sai disparate e asneira da grossa. Falar de tudo com as crianças, adaptado, naturalmente, à idade, é o mais indicado
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Cris a 30.07.2015

Ah, está explicado porque é que os teus filhos têm sempre respostas prontas. Tu explicaste-lhes tudo!Image
O pediatra era dos sábios.
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Magda L Pais a 30.07.2015

ahahahahahaha pois, eu sei que tenho a culpa deles serem assim :p mas acho que os prefiro assim mesmo ahahahahah

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