D. Maria II - Tudo Por Um Reino de Isabel Stilwell
Editado em 2012 pela A Esfera dos Livros
ISBN: 9789896263690
Sinopse
Com apenas 7 anos, Maria da Glória torna-se rainha de Portugal. Um país do outro lado do oceano que nunca havia pisado. A sua infância foi vivida no Brasil, entre o calor e os papagaios coloridos que admirava na companhia dos seus irmãos e da sua adorada mãe, D. Leopoldina. A ensombrar esta felicidade apenas Domitília, a amante do seu pai, imperador do Brasil e D. Pedro IV de Portugal. Em 1828 parte rumo a Viena para ser educada na corte dos avós. Para trás deixa a mãe sepultada, os seus adorados irmãos e a marquesa de Aguiar, sua amiga e protectora. Traída pelo seu tio D. Miguel, que se declara rei de Portugal, e a quem estava prometida em casamento, D. Maria acaba por desembarcar em Londres onde conhece Vitória, a herdeira da coroa de Inglaterra a quem ficará para sempre ligada por uma estreita relação de amizade. Aos 15 anos, finda a guerra civil, D. Maria pisa pela primeira vez o solo do seu país. Seria uma boa rainha para aquela gente que a acolhia em festa e uma mulher feliz, mais feliz do que a sua querida mãe. Fracassada a sua união com o tio, agora exilado, casa-se com Augusto de Beauharnais que um ano depois morre de difteria. Maria era teimosa, não desistia assim tão facilmente da sua felicidade e encontra-a junto de D. Fernando de Saxo-Coburgo-Gotha, pai dos seus onze filhos, quatro deles mortos à nascença.
A minha opinião
D Maria II é uma das personagens literárias que a Maria gostaria de conhecer, até porque este foi um dos livros que a Maria leu em 2014 que mais gostou e logo ai me deixou curiosa. Depois veio a
M.J. que ficou quase escandalizada por nunca ter lido nenhum livro desta autora. Uma pessoa (eu) não é de ferro e pronto, lá veio o livro emprestado pela M.J. numa troca de livros entre as duas.
Em boa hora, aliás, em muito boa hora tal aconteceu!!
Gosto imenso de
livros em que, para além do prazer da leitura, aprendo mais alguma coisa. Os romances históricos são, sem dúvida, os mais indicados. E neste caso com a vantagem de aprender mais sobre a nossa própria história que, na escola, é, tantas vezes, relegada para segundo plano.
D Maria II é uma personagem incontornável da nossa história. O Teatro D Maria II e o Palácio da Pena são duas das obras que foram edificadas no seu atribulado reinado, tendo, entre o governo (ou seria mais desgoverno?) do país, conseguiu encontrar tempo para engravidar onze vezes, tendo sobrevivido sete desses filhos.
Foi também pelas mãos de D Maria II e de D Fernando, o marido, que o costume da
árvore de Natal e do
Pai Natal chegaram a Portugal.
Mas D Maria era também, acima de tudo, uma criança mimada. Uma criança que viu a sua mãe ser quase prisioneira pelo pai - mais interessado nas amantes, principalmente em Domitília - tendo, inclusivamente, ouvido a tareia que o pai deu à mãe e que a levou à morte. Ainda em criança Maria da Glória vê seu pai ter verdadeiros ataques de estupidez (este termo é meu) contra amigos e conhecidos, pondo-os de lado sempre que não lhe faziam a vontade ou que Domitília o envenenava contra eles. Maria, rainha de Portugal aos sete anos, jura então nunca se desfazer dos amigos e a dar o máximo de si a seu marido para que ele nunca tivesse de encontrar o consolo fora de casa.
D Maria II, uma rainha ingénua, ingrata e teimosa, mal educada e aconselhada pelo pai e que nunca aceitou uma critica. D Maria, uma criança num corpo de mulher, ansiosa por agradar ao povo mas sem nunca se preocupar com o que é que o povo realmente queria. Mesmo depois da morte do pai e de estar casada e bem com D Fernando II, nunca aceitou conselhos daqueles que a defenderam quando o seu reino estava entregue aos Miguelistas e ela era uma rainha sem trono, tendo entregue a sua confiança a Costa Cabral que sabia bem como a enganar.
Curioso... a meio de livro e em algumas (muitas) partes relacionadas com a (des)governação do país, achei que estava a ler um relato dos últimos governos. Fiquei a pensar que, afinal, o problema não é de agora, a desgovernação está-nos no sangue.
Adiante.
D Maria II, a mãe e esposa, que nunca aceitou que os seus filhos fossem criados apenas com as amas e que fazia questão de estar com eles, de brincar com eles (nem que, para isso, aparecesse nas reuniões com a roupa suja) e que exigia, dos filhos, educação e que tratassem os outros com respeito e consideração.
A organização do livro está bastante curiosa. Cada capítulo tem uma parte que é a narrativa e outra que é uma carta ou uma parte dum diário. Primeiro da camareira-mor da mãe de D Maria II, depois de Leonor, a mestra que a acompanhou em Londres e, finalmente, Vitória, a sua melhor amiga e rainha de Inglaterra. Esta organização torna o livro ainda mais interessante - se é que tal é possível - porque acabamos por conhecer ainda melhor a época e os conceitos de família.
Sem dúvida que quero ler mais desta autora que acabo de descobrir!