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Dezassete anos depois...

por Magda L Pais, em 11.09.18

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Passaram-se dezassete anos e eu lembro-me como se fosse hoje…

A Maggie tinha acabado de mamar (tinha 4 meses e eu estava em casa de licença de parto) quando me ligou uma amiga a perguntar se eu estava a ver televisão e se lhe podia confirmar a notícia que tinha ouvido: um avião tinha embatido, por acidente, nas torres gémeas em Nova Iorque. E eu, que estava a ouvir o canal História (o preferido da Maggie, adorava ouvir aquilo) passei logo para a RTP e vi, em directo, o segundo avião a embater nas torres.

São poucas as coisas que me fazem arrepiar. São poucas as coisas que me emocionam ou que me fazem vir as lágrimas aos olhos (excepto quando me rio, claro). Mas, neste dia, fiquei sem pinga de sangue. Como é que era possível? A que mundo tinha eu (e o meu marido) trazido uma criança?

Olhando para as imagens da televisão, enquanto o mundo absorvia que não tinha sido um acidente mas sim deliberado, enquanto víamos, em directo, as pessoas a atirarem-se dos andares mais altos, outras a fugir, outras penduradas das janelas, as chamas a tomarem conta dos dois edifícios, e outras tentativas de ataque em território norte-americano, só pensava para mim: é o princípio do fim.

Enquanto deitava a filha na caminha, pedi-lhe desculpas pelo mundo em que ia crescer.

Acho – sempre achei – que, quem como eu, conheceu o World Trade Center, tem maior noção do impacto deste acto terrorista, da mesma maneira que tem perfeita noção que, apesar de tudo, morreram menos pessoas do que seria expectável.

Há dezassete anos, passei o dia colada ao ecrã da televisão, tenho por companhia a minha mãe (tão incrédula como eu) e a minha filha que ontem, contrariando a falta de esperança que tive nesse dia, iniciou o processo para ir estudar numa universidade em Inglaterra no próximo ano lectivo.

Passaram-se dezassete anos. Aconteceram mais ataques terroristas no mundo ocidental mas – e é importante este detalhe – também em países menos emblemáticos (mas nem por isso menos merecedores de atenção).

O Mundo não acabou como eu temia. Renovou-se. Mudaram as regras, mudaram as vontades. Não sei se para melhor se para pior. Sei que a minha esperança se renovou. Quero, preciso de acreditar que, um dia – que espero que seja rápido – o ser humano vai aprender a viver com os outros, a respeitar e a aceitar as diferenças. Quero, preciso de acreditar, que vamos aprender a cuidar da natureza como ela cuida de nós.

Não dizem que a esperança é a última a morrer?

May we meet again

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17 comentários

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Jess a 11.09.2018

Gostei muito de ler. Arrepiei-me durante uns minutos. Obrigada pela partilha e boa sorte para a rapariga! Beijinhos
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Maria Araújo a 11.09.2018

Tinha ido almoçar, quando por volta das 14h, um dia de calor, deparo- me com esta tragédia.
Acho que ninguém acreditava, que ninguém queria trabalhar, que os nossos olhos não se desligavam da televisão.
À noite, ainda incrédula, outra tristeza tinha diante dos meus olhos. Um olhar perdido algures num infinito inexplicável, magro, triste...Jamais esqueci este  olhar. Viria a falecer sete meses depois.
Quero acreditar, também, Magda, que um dia o nosso maravilhoso mundo, mas também cruel, vai trazer-nos a esperança de mais justiça, igualdade, valores.
Contudo, somos nós, enquanto educadores que temos obrigação de mudar alguma coisa.
Que o 11 de Setembro, e outros onzes por esse mundo fora, jamais se repitam.
Beijinhos
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Magda L Pais a 11.09.2018


Tenho para mim, Maria, que nenhuma pessoa ficou indiferente a este atentado. Como diz a Alexandra aqui noutro comentário, há o antes e o depois do 11 de Setembro.
Concordo plenamente que somos nós, os educadores que temos de fazer alguma coisa para o mundo mudar. Tomara que todos os pais amem os seus filhos o suficiente para o fazerem
Beijinhos
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Mena a 11.09.2018

Também me lembro como se fosse hoje daquele dia, das sensações e do medo. Tive muito medo, não por mim naquele momento, mas pelo mundo no futuro. 
Não tenho dúvida que há um "antes do 11 de Setembro" e um "depois do 11 de Setembro" e é isso que torna diferente este atentado de todos os outros (muitos) que se seguiram. Não são menos trágicos, não são menos horríveis, mas nenhum me deixa a sensação de "atentado ao Mundo" que o 11 de Setembro me deixa.


(Já te disse, a miúda é muito pequena para ir para a universidade )
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Magda L Pais a 11.09.2018


começo pelo fim, com 1.82m, não é exactamente pequena ahahahaahah


Concordo plenamente. Sem tirar a importância que os atentados (seguintes e anteriores) tem, há um antes e um depois do 11 de Setembro. Foi nesse dia que tivemos conhecimento do medo
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Pequeno caso sério a 11.09.2018

E eu que trazia no ventre a pessoa mais importante da minha vida e ainda não sabia?


Lembro-me perfeitamente desse dia e de descobrir que estava grávida pouco tempo depois. Acreditas que pensei exatamente a mesma coisa que tu? Mas que merda de mundo é este para onde vou trazer uma criança? 


O mais grave é que tantos anos depois continuo a pensar exatamente a mesma coisa. 
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Magda L Pais a 11.09.2018

acho que todos os pais (que já eram ou vieram a ser) pensam a mesma coisa em algum momento. Temos medo não por nós, mas por eles, as pessoas que mais nos importam. Mas, por outro lado... temos de acreditar que tudo vai correr bem, que vamos sobreviver à quantidade de coisas más que acontecem aqui e ali.
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Deflix a 11.09.2018

Arrepiei-me imenso com o seu texto!! Muito boa sorte para a sua filha e de certeza que irá correr tudo bem para o seu lado.
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Magda L Pais a 11.09.2018

Obrigado Daniela.  Vai correr bem, tenho a certeza 
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Emílio Rodrigues a 12.09.2018

Eu estava a entregar um carro de aluguer a um cliente dentro de uma agência de viagens, em Almada. Nessa agência, havia uma televisão ligada, e ninguém descolava desse televisor, que passava as imagens em directo, quando, de repente, se vê o segundo avião embater na segunda torre... E M  D I R E C T O!! Nesse momento, estava eu de pé, interrompi o preenchimento do contrato de aluguer e fiquei gélido, pois era a confirmação de que não se tratara de nenhum "acidente" e de que a humanidade, começara um novo ciclo. Gelei, como qualquer ser humano, e duas grossas lágrimas rolaram sem vergonha pela minha cara, por ver as pessoas a acenarem com lenços das janelas, enquanto outras, no desespero, se atiravam pelas janelas em desespero! Os meu olhos já viram muita miséria humana, ao longo da minha vida, mas, esse dia... jamais esquecerei!!!
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Magda L Pais a 12.09.2018

é um dia inesquecível e não por boas razões, de facto
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Ana Silva a 12.09.2018

O dia em que o mundo mudou. E nós, sem querermos, mudámos com ele.
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Anónimo a 12.09.2018

Nesse dia também gelei e temi o pior, não o fim imediato mas talvez pior (a 3ª guerra mundial). Felizmente não aconteceu.
Mas o Ser Humano aprender a viver com os outros, a respeitar e a aceitar as diferenças? Era bom mas infelizmente só se vê os extremismos (dos dois lados) a crescer por esse Mundo fora. Pelos vistos ninguém quer aprender com o passado (recente).
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Magda L Pais a 12.09.2018

tens toda a razão, sem qualquer dúvida. Repetimos vezes sem conta os mesmos erros e não aprendemos com eles
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Rute Justino a 15.09.2018

Acho que é uma data que vai ficar na nossa memória por muitos anos 

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