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Eu não sou Charlie Hebdo

por Magda L Pais, em 08.01.15

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Ou, se calhar, o mais correcto é dizer que eu não sou só Charlie Hebdo. É que eu também sou Ahmed, o policia muçulmano assassinado com um tiro na cabeça enquanto pedia ajuda. Sou um ser humano que morreu nas Cruzadas Cristãs. Sou também aquele ser humano que se atirou do último andar das Torres Gémeas para não morrer queimado. E também sou aquele que foi queimado nas fogueiras da inquisição. Mas também sou outros.

Porque, além de Charlie Hebdo, sou também todos aqueles que, um dia e desde o primeiro dia em que o ser humano existe, morreu às mãos de fanáticos, intolerantes e extremistas de todas as religiões e politicas que existiram (e existem). Porque o fanatismo, o extremismo e a intolerância é criação do Homem e não da religião ou da politica. Só seres acéfalos e sem qualquer vestígio de humanidade cometem crimes – como o de ontem ou dos outros dias – em nome de um Deus que não o exige.

(e depois há outros seres acéfalos como o tristemente celebre Gustavo Santos que eu desconhecia até ontem e que consegue, em meia dúzia de frases, tornar-se tão acéfalo como os outros).

Não há nenhuma religião no mundo que tenha, na sua génese, a violência contra outros seres. E o que se passou ontem, não pode justificar o ódio a uma religião. Dizer que a culpa do massacre de ontem é do Islão e olhar, de lado, para todos os que professam essa religião por causa de ontem (e até ter medo deles) é o mesmo que olhar de lado para quem é cristão por causa da inquisição ou das cruzadas.

Hoje, por todos aqueles que morreram ontem e sempre, eu sou pela liberdade de expressão e pela possibilidade de professar uma qualquer religião sem medo do que possam pensar de mim. E isso ultrapassa ser só Charlie Hebdo.

 

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18 comentários

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Life Inc a 08.01.2015

Triste... mesmo triste.

xoxo
cindy
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M* a 08.01.2015

Palmas! Magda, estou a 150% contigo. É o que me farto de dizer em relação a estes actos de fanatismo. Costumo dizer que é uma nova religião a naser, o fanatismo, e nada tem a ver com cristãos, muçulmanos, judeus e afins.
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Magda L Pais a 08.01.2015

obrigado. e é exactamente esse o problema - o fanatismo
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Sofia Margarida a 08.01.2015

Concordo plenamanete. E aquele palhaçinho do Gustavo, enfim, nem vale a pena comentar!
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Maria das Palavras a 08.01.2015

Ser Charlie Hebdo é ser esses todos. É tolerar. Dar liberdade. Não julgar. Fazer humor com todos os lados da barricada. E assim tentar aproximar-nos todos.
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Magda L Pais a 08.01.2015

Exacto! tal qual! é ser tudo!
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Janaina a 08.01.2015

Fiquei muito triste com o ocorrido na França. Mas não sou Charlie, sou cristã. Não concordo com essa matança em nome da fé.  Não posso concordar com essa "liberdade de expressão", porque isso já virou heresia. Tem uma charge que colocam Nsa Sra de pernas abertas, dando a luz a Jesus... Fiquei triste ao ver isso. Todos tem a liberdade pra falar oq  quiserem, feministas entram nua nas igrejas, gays processando padres, e quando nós cristãos falamos alguma coisa, somos preconceituosos. Que porcaria é essa liberdade de expressão que não serve pra todos??? E se eu fizer agora uma charge sobre um gay sendo condenado por maome, o que será que vai acontecer comigo???? Se há alguma liberdade de expressão, também a quero pra mim, ter o direito de falar o que quiser pra essas pessoas. Tenho 3 filhos pequenos, e olha o mundo em que eles estão!!! Enfim, é só vcs olharem como está o mundo, todo desajeitado, porque todos fazem o que querem, a liberdade de expressão favorece alguns e outros não, e essa tal liberdade ultrapassa qualquer limite de respeito ao próximo. Será que é bem isso???
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Magda L Pais a 08.01.2015

cara Janaina
Deus - seja ele quem for - não é o que aparece nas imagens. As imagens são apenas representações feitas pelos homens à sua imagem e semelhança e nada tem a ver com Deus - nenhum Deus. E é isso que falta perceber. Liberdade de expressão é cada um de nós poder dizer o que pensa sobre o que quer que seja e, acima de tudo, respeitar o que os outros pensam - independentemente da raça, credo, orientação sexual, politica, etc,
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Foi mais um dia muito triste na história mundial. Horrível o que aconteceu =\


http://ummarderecordacoes.blogs.sapo.pt/
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Magda L Pais a 11.01.2015


Muito mau mesmo! inconcebível
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Just_Smile a 08.01.2015

Tens toda a razão, somos todos parte dessa enorme e enormes injustiças que têm sido feitas em pouco tempo...
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Magda L Pais a 11.01.2015

exactamente. Temos de ser todos e não só Charlie
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Cris a 09.01.2015

Em resposta ao Gustavo, pode-se ver:

https://www.youtube.com/watch?v=e4i76Nervs8
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Magda L Pais a 11.01.2015

ahahahahahahahah fantástica resposta!!!!!!!!!!! adorei!
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Mena a 12.01.2015

Para mim, ser "Charlie" é ser tudo isso. É um slogan, como "todos unidos", "um por todos...". Infelizmente, os jornalistas e cartoonistas do "Charlie Hebdo" não são as únicas vítimas destes criminosos, que não têm religião, nem cor, nem raça, nem género. 
"Je suis Charlie" é uma forma de dizer: sou contra o terrorismo, o fanatismo. Sou pela liberdade de pensamento e expressão.
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Magda L Pais a 12.01.2015

lá está, ser Charlie não é só ser Charlie. É ser todos os que morreram às mãos dos fanáticos e terroristas

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