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A propósito dA primeira vez #1 da Maria das Palavras, lembrei-me deste texto da minha filha, perdido nas catacumbas deste blog.
Estávamos em 2010 quando eu e o meu marido decidimos oferecer, aos nossos filhos, umas mini férias diferentes.
Aqui está a versão dessas férias contada pela minha gaiata, tinha ela 9 anos.
A meio do terceiro período escolar, os meus pais mentiram-me: disseram, a mim e ao meu irmão, que tinham tirado dias de folga para irmos a Sesimbra. A mãe disse que o nosso carro ia para a oficina, e que tínhamos de ir ao aeroporto buscar o seu afilhado, que vinha da Madeira, no carro da tia. Mas a mãe também disse que, quando fossemos para o aeroporto, tínhamos de levar as malas porque a tia tinha de ir às compras e ia comprar muita coisa e as malas não iam lá caber. Eu e o Martim (o meu irmão) acreditamos. Eu e o Martim, que estávamos a fazer as malas, ouvimos a mãe dizer, alto e bom som, que íamos ver um avião por dentro.
Quando chegamos ao aeroporto, a mãe foi entregar as malas e mandou-nos irmos dar uma volta pelo aeroporto. Quando a mãe regressou, já sem as malas, fomos para a sala de espera do aeroporto. A mãe apontou para um avião e disse que era aquele que íamos visitar.
Passado um bocado, fomos para o avião vê-lo por dentro. A mãe disse que tínhamos de fingir que íamos voar e, portanto, tivemos de nos sentar.
Quando o avião estava prestes a levantar voo, entrei em pânico, e estava sempre a dizer: mãe vamos sair! Mãe vamos sair!...
E continuava desesperada, quando a mãe nos diz: Afinal não vamos para Sesimbra, vamos para Paris!
Eu fiquei de boca aberta e cada vez mais em pânico e perguntei: mãe, o piloto é experiente? Ele já fez muitos voos? Este avião é seguro?
E perguntei muitas mais coisas, ao que a mãe respondeu: sim, este avião é o mais seguro. A TAP (Transportes Aéreos de Portugal) é a companhia de aviões mais segura e ainda só teve um acidente com estes aviões mas foi há muito muito tempo.
Mais tranquila, sossegada e com menos pânico, deixei-me ficar sentada. Momentos depois, a mãe disse que o avião ia levantar voo e, na verdade, começou a andar.
- Tamos a andar – disse o Martim.
- Claro que estamos, não querias ficar aqui parado o tempo todo, Martim – murmurei eu, mas nem a mãe nem o Martim ouviram.
- Encostem-se, vamos começar a andar mais depressa e depois vamos voar!
E começamos mesmo a voar. Íamos a uma grande velocidade.
- França, aqui vamos nós! – disse eu – Paris, aqui vamos nós!
O que o texto não diz – porque ela ficou de escrever a continuação, mas depois acabou por se esquecer (ou teve preguiça) – foi o que aconteceu depois.
A viagem foi muito tranquila, sem poços de ar. Eu a ler um livro, eles a delirar. A meio da viagem pedi à hospedeira se era possível os miúdos, por ser a primeira viagem deles, visitarem o cockpit. A hospedeira falou com o comandante e ficou combinado (mais uma vez sem que os miúdos soubessem) que, quando aterrássemos em Paris, não sairíamos logo para eles poderem ir visitar o cockpit.
E assim foi. A tripulação foi duma simpatia que só visto, deixaram os gaiatos sentarem-se nas cadeiras, mexerem nos botões, explicaram várias coisas e os miúdos estavam nas suas sete quintas. Estivemos, seguramente, mais de meia hora dentro do avião com aquela tripulação fantástica - ao ponto da tripulação seguinte e o pessoal da limpeza estar, cá fora, a espera que nos dignássemos a sair.
Quando saímos, começamos à procura da paragem do autocarro. Para Paris? Não, é que nós não íamos para Paris. Íamos para a Disneyworld. E eles só descobriram isso quando já iamos a caminho. Apesar da paragem ter um Mickey enorme e do autocarro estar decorado com todas as personagens Disney.
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