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A "discussão" passa-se aqui ao lado, num'A Gaffe literária e sobre A queda de Lobo Antunes ou do jornalismo?

Não é que não tenha tema - e acreditem que ainda estou a pensar nas Coisas que me afligem #1, mas livros são sempre o meu tema.

Afinal em que ficamos? Deve-se ler seja lá o que for ou ler apenas bons livros? E o que se pode entender por bons ou maus livros? Livros fáceis ou difíceis? Pode-se catalogar assim, levianamente, cada um dos livros e os seus autores? E quem é que atribui essa classificação?

Ora eu, que me assumo como booklover e que leio bastante (não tanto como gostaria), assumo também que leio de tudo. Dizia, há uns tempos atrás, o meu cunhado João que devo ser das pessoas que ele conhece com uma maior amplitude de tipo de literatura – e isto porque, de manhã, na praia, estava a ler um livro de Paulo Coelho e à tarde, em casa, estava a ler António Lobo Antunes.

Sim, lá em casa, entre António Lobo Antunes, Saramago, José Gomes Ferreira e Gabriel Garcia Marques, há livros de Paulo Coelho, Nicholas Sparks, Nora Roberts e Stephenie Meyer, para dar alguns exemplos. Uns foram lidos numa altura, outros noutra, umas vezes porque precisava de ler algo leve e que não me obrigasse a pensar outros porque me apetecia algo mais profundo, mais completo. O meu estado de espírito, o sítio onde vou ler, o cansaço (ou a sua ausência), tudo, enfim, determina (ou pode determinar) o que vou ler a seguir. Por exemplo, ler no barco enquanto a vizinha do lado ouve música em altos berros nos headphones e tira o verniz com acetona obriga‑me a ler livros que exijam menos atenção (eu bem tento fechar-me ao mundo para poder ler, mas infelizmente o meu nariz e a renite alérgica não concordam e despertam-me).

E depois há aqueles livros que merecem toda a nossa atenção, que se devem ler no sossego, saboreando cada palavra e tentando absorver todo o seu conteúdo.

Enquanto mãe, é também este princípio que tento incutir nos meus filhos e nas suas opções de leitura. Mais nela que nele, que é ela que mais lê. Talvez por isso, aos treze anos, a primeira opção dela para o trabalho de Português do 8º ano tenha sido O Retrato de Dorian Gray (Oscar Wilde) e a professora tenha acabado por lhe escolher O Velho e o Mar (Ernest Hemingway) por ter achado que os colegas não iam entender o primeiro livro. Ele, no 6º ano, irá fazer sobre As Aventuras de João Sem Medo de José Gomes Ferreira (o tal que a professora não tinha a certeza quem era e que ainda é capaz de achar que é o jornalista da SIC).

Como diz a imagem – que roubei agora à Gaffe – demasiados livros, tão pouco tempo. E nesse pouco tempo que cada um de nós tem, há que saber escolher quais queremos ler e quais não queremos. Mas isso tem de ser uma escolha pessoal, cada um sabe qual é o género que mais gosta e qual é o que lhe diz menos. Como em tudo, acredito que haja gostos para tudo e o facto de eu não apreciar não quer dizer que outro não aprecie. Afinal, quem sou eu para dizer o que cada um dele ler?

Notinha - roubei o titulo à Gaffe, como ela é moça muito simpática acredito que não se importará. Mas o seu a seu dono, e é dela a frase.

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34 comentários

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Nathy ღ a 23.02.2015

Ler seja o que for, é melhor do que não ler nada se mantiver a pessoa satisfeita. As escolhas literárias que fazemos são muito subjetivas. Eu adoro ler... sou louca por livros mas não consigo ler tudo. Os meus gostos não me permitem. Já para não dizer que sou de fases. Há alturas em que devoro romances como se não houve-se amanhã, depois dá-me uma vontade louca de perder-me em Policiais e Trailers, e ainda à alturas em que não quero ler nada... Mas se estiver com a "cabeça cheia" com a faculdade opto muito mais por romances, livros de fácil leitura. Por outro lado, não sou muito dada aos escritores que muitos idolatram. Não sou de Saramagos, Antónios Lombo Antunes e companhia. Pouco ou nada me dizem... Se isso faz com que recorra a más escolhas literárias?! Não... porque leio o que quero, o que agrada-me. Bolas só tenho uma vida para ler, não sei quanto tempo irá durar, por isso prefiro investir em livros que goste. E Não em livros que acham que são o TOP dos melhores livros. É tão subjetivo...
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Magda L Pais a 24.02.2015

entre outras coisas, também o gosto literário é subjectivo. Claro que há obras melhores que outras, naturalmente. Mas se calhar as obras melhores duns são as piores de outros, digo eu.
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Gaffe a 23.02.2015

Não queria mesmo nada voltar a este assunto!

Diferencio "leitor" e "bom leitor". É evidente que podemos ler ao mesmo tempo Paulo Coelho e Lobo Antunes. Somos leitores nas duas situações, mas suspeito que, neste caso de sobreposição, não somos "bons leitores", pelo menos segundo o meu conceito. 
Acredito piamente que não se consiga ler o primeiro, nem por distracção, se nos educaram literariamente para ler o segundo. Não se consegue. Estranhamos e não entranhamos.


Não vou enumerar as formas velhíssimas que a Teoria da Literatura encontrou para reconhecer exactamente a literatura, mas temos de perceber que existem e que são dignas de confiança, porque válidos através dos homens, do tempo e do espaço. Não falo de cânones literários eventualmente falíveis, falo de uma quase ciência.


Ler o que "nos dá na gana" implica uma quase ausência de um critério que não seja apenas o do gosto momentâneo e volátil. Parto do princípio que ler é o produto de uma educação literária essencial, cuidada desde o início, que nos prepara para instintivamente recusarmos o que não é literatura e de só usufruir do prazer que provoca ler se a encontramos. 


É evidente que nada nos impede de ler o que nos apetece, assim como nada nos impede de beber até tombarmos. É tudo uma questão de escolha e uma escolha, quer queiramos, quer não, advém da forma como fomos crescendo.


Acredito também que lidamos com noções diferentes de "leitor", de "bom livro" e de "leitura". Talvez por isso a discussão seja infrutífera. 
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Magda L Pais a 24.02.2015

sim, acho que é uma discussão para a vida. Para a minha, a tua e a dos nossos bisnetos :D nunca se chegará a conclusão alguma precisamente porque não há só o preto e o branco mas milhentas cores e hipoteses.
Repara, há coisa de dois anos ouvi uma professora de literatura duma universidade - e numa aula de literatura - dizer que só uma obra que fale da sociedade, economia ou politica - ou seja, assuntos reais e palpáveis - é que pode ser considerada literatura. Não faz sentido, pelo menos para mim. 
Claro que, no meio de tanto livro editado, há obras e há lixo. Mas o que é lixo para mim pode não o ser para outra pessoa. Assim como o que eu considero uma obra pode, para outra, ser lixo.
Como se trata, aqui, de gostos pessoais, confesso que acho que é subjectivo, demasiado subjectivo para que se possa ser tão espartilhado.
Mas deixa-me que te diga, que, apesar de tudo, concordo com quase tudo o que disseste no post que mencionei lá mais em cima
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Tive um prof de português que nos dizia, leiam, leiam o que vos aparecer à frente, nem que seja a lista de ingredientes do papel higiénico!!! Na altura eu ainda não tinha a paixão por livros, só veio um  ou dois anos depois! Chegou tarde, mas instalou-se com alma! E hoje  cá em casa há muita variedade de escritores, os nossos clássicos, os que vendem muito, os que não vendem nada, e a fantasia, que é talvez o meu género preferido!
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Magda L Pais a 24.02.2015

ora ai está um professor de português simpático. O meu do 5º ano queria era que lessemos tambem, comigo não foi dificil, já tinha esse gosto. Mas muitos colegas meus aprenderem nessa altura
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M* a 23.02.2015

para mim, o mais importante é ler, independentemente do género de livro. creio que um livro acaba por levar a outro e mais outro e, quando damos por ela, estamos a ler todo o género literário. 
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Magda L Pais a 24.02.2015

também é verdade. aos poucos experimentamos de tudo e isso acaba por ser muito gratificante
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Olívia a 23.02.2015

Acho que todas passamos por fases... para mim é normal, às vezes olho para trás e penso "porque é que li aquilo?", mas no fundo ainda bem que li, assim tenho a minha opinião, aquelas páginas acrescentaram-me enquanto pessoa... existem tantos livros que nunca irei ler... tantos que li e não gostei, tantos que volto a reler... 
Ler faz-me bem! E isso para mim basta-me...
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Magda L Pais a 24.02.2015

sim, tambem tenho essa experiencia - livros que li e que hoje me pergunto porque é que os li... mas assim descobri que havia coisas boas e coisas menos boas na literatura
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Vanessa a 24.02.2015

Eu acho que devemos ler, seja o que for! Jornais, revistas, livros, enciclopédias, não interessa. Ler ajuda-nos a adquirir conhecimento, tanto sobre como se escreve como sobre aquilo que lemos.
Confesso que prefiro ler coisas mais práticas do dia-a-dia, mas se puder ler um livro, melhor ainda.
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Magda L Pais a 24.02.2015

quando lemos estamos sempre a aprender, de facto. Nem que seja como não escrever... sim, há que ler ;D
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Sofia Margarida a 24.02.2015

E quem começa a ler muuuito tarde como eu (entenda-se ler livros!) , tenho de aproveitar para experimentar tudo :D
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Sofia Margarida a 24.02.2015

E assim espero continuar :D Ler é fixe ahahahah 
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Magda L Pais a 24.02.2015

continuas pois, eu agora não te deixo desviares-te :D
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Sofia Margarida a 24.02.2015

Boa :D preciso de alguém que me dê na cabeça se um dia desistir eheheh
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Magda L Pais a 26.02.2015

está combinado! eu dou-te na cabeça se desistires
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Cris a 24.02.2015

Eu leio aquilo de que gosto e, às vezes, o que não gosto, quando escolho mal o livro (mas são só as primeiras páginas, porque vou logo trocá-lo). Estou-me a borrifar se sou boa ou má leitora. A partir do momento em que temos liberdade de ler qualquer livro, não me interessam mais discussões sobre o assunto.
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Magda L Pais a 26.02.2015

acima de tudo há que ter liberdade. Na leitura e em tudo.
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BataeBatom a 25.02.2015

Tal como disseste, há momentos que exigem livros mais fáceis. E acontece o mesmo com séries ou filmes. Por vezes, preciso de descansar um pouco e sair da realidade: nada melhor que um entretenimento soft, de fácil compreensão, para relaxar... Outras vezes, dá para livros mais complexos. Lá está, depende das ocasiões! :)
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Magda L Pais a 25.02.2015

sim, é o que eu acho. Depende dos momentos, das ocasiões, do estado de espirito.. é muito subjectivo, eu acho
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Ana CB a 07.03.2015

Parabéns pelo destaque, Magda! :)

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