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Maioridade

por Magda L Pais, em 02.05.19

Maggiechão.jpg

(há 3 anos)

Daqui a umas horas a minha gaiata, esta miúda gira da foto , fará 18 anos e, pela primeira vez, irá passar o dia de aniversário sem a presença dos pais

(lá nos conseguimos ver livres dela)

Não vos vou dizer que foram 18 anos maravilhosos, fantásticos e extraordinários. Ou se calhar, olhando em retrospectiva, foram mesmo...

Vou tentar que não seja um post longo mas acho que a minha Maggie merece uma homenagem por ter atingido a maioridade e por isso tenham lá paciência comigo.

A gaiata nasceu num dia de chuva depois duma gravidez onde me tornei amiga inseparável da sanita. No fim de semana a seguir a saber que estava grávida tive de ir a Sintra ao funeral do pai duma amiga. No caminho comecei com vómitos. Pensei - ah tão inocente que eu fui nesse dia - que era porque a viagem foi feita a seguir ao almoço. Na realidade os vómitos duraram até ao dia em que a miúda nasceu. E foi de tal modo que só engordei umas 200 gramas com a gravidez.

Não vos vou dizer que amei (como amo hoje) logo aquele ser pequenino e minúsculo (pouco mais de 3 kg e 48 cm). Acho que amor que sentimos pelos filhos é em crescendo, de dia para dia, cada vez maior. 

Da estadia na maternidade o que mais me recordo é que, no dia a seguir ao nascimento, logo que a minha mãe chegou, a primeira coisa que me disse foi:

então diz-me lá, quando é que voltas ao trabalho para eu ficar a tomar conta da minha neta?

(simpática, não foi?... eu acabadinha de ter a gaiata, ainda mal nem me tinha levantado da cama e já me estavam a empurrar para fora de casa)

A neta da minha mãe, a minha filha, foi um bebé extremamente calmo. Não gostava de dormir (ainda hoje não gosta!) e preferia ficar a olhar para o tecto, fosse de dia ou de noite. Ouvia o canal História para adormecer (na altura em que o canal História dava coisas de jeito). Não teve cólicas, não chorava em demasia e comia muito mas mesmo muito bem (ainda me lembro, quando começou a comer sopa que quase que tínhamos de lhe dar com duas colheres para ela não resmungar). 

Teve uma infância que eu acho que foi feliz (mas só ela poderá confirmar). Ou, pelo menos, tentamos ao máximo que assim fosse - quer para ela quer para o irmão. Apanhou uma ou outra palmada no rabo (antes que venham dai com a comissão de protecção de menores, o rabo estava protegido por uma fralda!) e cresceu de tal modo que deixou de ter percentil aos seis meses.

Desde sempre que foi uma miúda responsável (às vezes em excesso). Quando andava na quarta classe, pedia-me sempre que a acordasse antes de sair de casa para se poder despachar e preparar o pequeno almoço dela e do irmão antes do pai acordar e os ir levar à escola.

Até aos doze anos tudo correu sobre rodas. Nenhum drama em especial, nenhuma doença, e sempre alegre e bem disposta. E depois, explodiu uma bomba. Com a morte do nosso primeiro animal de estimação (o nosso coelho Friday), a Maggie entrou em depressão. Felizmente detectada a tempo - pais, por favor, estejam sempre atentos aos vossos filhos que a depressão chega sem avisar e, muitas vezes, sem que haja razões para isso - começou logo a ser acompanhada por um pedopsiquiatra. Senti, algumas vezes, que tinha falhado como mãe até que percebi que a minha filha precisava que eu respirasse fundo e a apoiasse. 

Não é fácil. Nada fácil, quer para nós, pais, quer para eles, os filhos. Os adolescentes que se encontram a braços com uma depressão (ou que têm tendências depressivas). A depressão é uma sombra que nos assombra para o resto da vida e, se há momentos melhores, há outros piores. Muitas vezes os vemos sem interesse no que se passa à volta, sem reagirem e, nós, pais, nem sempre sabemos como lidar com isso (e aqui faço o mea culpa - desculpa Maggie, tendo ser a melhor mãe possível mas sei que ainda falho e que há situações em que não consigo lidar contigo. Mas estou sempre a tentar melhorar e conto com a tua ajuda para isso).

Hoje, 18 anos depois, a minha filha está a viver o seu sonho. Vive, estuda e trabalha em Inglaterra. Ainda não é Londres - cidade onde ela pretende instalar-se daqui a uns anos, quando acabar a faculdade - mas é lá perto, em Leicester. Em menos duma semana arranjou emprego, na cozinha dum restaurante. Sai de lá estafada - cinco horas em pé não é pêra doce - mas está a ganhar o seu ordenado para poder pagar as despesas que faz. Está sempre preocupada em não nos pedir dinheiro porque (palavras dela) "já lhe demos muito". Não é miúda de sair à noite (prefere ficar em casa a jogar) e nem de dormir muito. Sempre que falta às aulas - e apesar da distancia a que estamos - avisa-me, assim como me avisa quando encomenda comida por estar doente ou simplesmente não lhe apetecer cozinhar (e pede-me para tirar da conta dela o dinheiro que gasta  como se nós o fossemos fazer).

Posso não ser a melhor mãe do mundo mas sou, certamente, a mais orgulhosa!

Parabéns filhota!

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(esta foto tem um mês, mais ou menos)

May we meet again

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8 comentários

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Anónimo a 02.05.2019

Parabéns para a filhota e a mamã, lembro muito da Maggie pequenina, um doce de criança um olhar profundo , um sorriso lindo, ainda hoje como se pode ver na foto, uma menina sem medos. 
Desejo que todos os seus sonhos se realizem 
Saudades; Elsa 
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Rute Justino a 02.05.2019

Um grande beijinho de parabéns para essa miúda bem gira ;)
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Just_Smile a 02.05.2019

Aposto que ela diz que és a melhor mãe do mundo :D
Parabéns à mamã e à gaiata :)
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Magda L Pais a 02.05.2019

Hahahaha pelo menos a mais chata sou
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Mena a 02.05.2019

Parabéns para a gaiata e para a mãe :)

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