Stone Art

Estão muito grossas!!!

Estão muito finas!!!!

Isso é muito açúcar e canela!!!

O Alberto não gosta delas assim!!!

Vocês estão a stressar-me!

Estão muito fritas!!

Não fritaram o suficiente!!!

A véspera de Natal traz-me sempre estas memórias. Estamos na casa da minha tia Lucília que acordou cedinho para amassar a massa das filhoses para que, as sobrinhas, ainda de manhã chegassem lá a casa para a ajudar a fritar e a preparar a ceia. Ela stressava e eu andava pela cozinha a gritar " sou um burro stressado!!! Sou um burro stressado". Riamos, comíamos filhoses (que eu fritava já que, nessa altura, o meu jeito para a cozinha era ainda pior que hoje).

Ao fim da tarde cedíamos a cozinha ao meu avô Manuel. Não queria a ajuda de ninguém para tratar do bacalhau, das couves e das batatas. Mas também do bife de peru que o neto André não comia bacalhau e não o ia deixar ficar só pelas batatas. Enquanto o meu pai começava com a perna a tremer com fome, eu e as minhas irmãs íamos cantando. A minha mãe, o tio Vasco e o avô Vasco riam. E a avó Inês virava-se para a avó Alcides e dizia: já estão bêbedas, só podem estar bêbedas.

Nenhum deles está hoje, fisicamente comigo. A maioria está ausente há muitos anos, o meu pai há quase 15 dias. E por causa da Covid-19, nem a minha mãe, as minhas irmãs, cunhados e sobrinhos estão por aqui. Mas estão as filhoses, feitas pela minha filha e que eu fritei. E enquanto as fritava, estiveram todos comigo. Também não me esqueci do chocolate Merci. Não é que algum de nós goste dele. Mas a minha avó Alcides não iria achar piada alguma a um Natal sem os seus chocolates preferidos.

Somos apenas 4 fisicamente. Mas todos eles estão aqui no coração. Ontem, hoje e amanhã.

May we meet again

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