layout - Gaffe
Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Aqui há uns dias fomos, em família, jantar fora. Os quatro. Levamos os telemóveis claro mas, enquanto estivemos sentados à mesa, não lhes mexemos. Aproveitamos para conversar (não que tenhamos deficit de conversa cá em casa, ainda para mais estando de férias) e para ver – umas cinquenta vezes e em vários canais – o Mick Fanning a bater no tubarão.
Estava, na mesa ao lado, a jantar, um casal novo. Leia-se, por novo, dos seus 20 e poucos anos, aparentemente casados à pouco tempo. Aparentavam estar enamorados, confesso. Aparentavam… das poucas vezes que falavam um com o outro. Porque, a maior parte da refeição, ele esteve a ver emails e ela a ver fotos no facebook. E quando falavam um com o outro, ela dizia – olha, a foto que meti à bocado já tem 10 likes – e ele respondia – olha, o Manuel das Iscas ainda não me respondeu.
Fiquei boquiaberta.
Que raio de relacionamento é este em que um jantar a dois se torna numa consulta permanente ao que se passa nas redes sociais ou nos emails? Se deixarem de ter internet/wifi, saberão quem está do outro lado da mesa?
Fez-me confusão. A mim, utilizadora da internet desde 1998, quase um dinossauro internáutico, que conheci o meu marido pela internet e que devo ter estado presente no único Cybercasamento alguma vez realizado, faz-me muita confusão que as redes sociais se sobreponham à vida real.
Lembro-me duma piada que acompanhava os jantares que fazíamos, o nosso grupo do ICQ. Se ficássemos sem conversa, o melhor seria ligarmos os computadores e conversar pelo ICQ. Nunca foi necessário. Tínhamos sempre tema de conversa quando nos juntamos para jantar, para ir ao cinema ou para estar simplesmente a conviver numa esplanada. Quando chegávamos a casa, ai sim, íamos para o computador e continuávamos no mesmo ponto onde estávamos. Hoje, com a internet e o Wifi por todo o lado e com os smartphones, é cada vez mais difícil desligarmo-nos da vida na internet e vivermos a vida real.
E esquecemo-nos que é a vida real que realmente interessa!
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.