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Sangue Asteca - Vol. 2 de Gary Jennings
Editado em 2008 pela Saída de Emergência
ISBN: 9789728839949
Sinopse
Em 1530, depois de Hernán Cortés quase extinguir o povo Asteca, o Rei de Espanha, ordena ao bispo do México que lhe faculte informação acerca dos costumes do povo Asteca. O bispo, Frei Juan de Zumárraga, redige um documento baseado no testemunho de um ancião. Um homem humilde e submisso que vai chocar a moralidade e os preconceitos do mundo civilizado. O nome dele é Mixtli – Nuvem Obscura.
Após Orgulho Asteca, Mixtli, o mais robusto e memorável de todos os Astecas, continua o relato da sua vida em Sangue Asteca. Mixtli já não é um jovem inocente. A sua infância, as suas viagens e batalhas, a perversidade da corte e os amores perdidos fizeram de Mixtli um homem marcado pelas cicatrizes de uma vida atribulada e muitas vezes trágica. O realismo e o desfecho deste maravilhoso livro, contam uma história que o leitor jamais irá esquecer.
A História de Mixtli é, em grande parte a história do próprio povo Asteca: épica e de uma dignidade heroica. Este é o princípio e o fim de uma colossal civilização.
A minha opinião
Depois de ler Orgulho Asteca as expectativas estavam bastante elevadas para o Sangue Asteca, onde continuei a acompanhar a vida de Mixtli e, ao mesmo tempo, a ascensão e queda dos Astecas, essa mítica e avançada civilização que foi esmagada – literalmente – pelos espanhóis, fosse através da brutalidade de Cortés, da estupidez de Moctezuma ou (mais importante) pelas doenças do chamado mundo civilizado para as quais os Astecas não tinham qualquer defesa.
Não me desiludi. Este segundo livro, tão intenso como o primeiro, é igualmente sangrento, violento e escabroso como primeiro. E igualmente fabuloso. Tanto que ambos – primeiro e segundo volume – saltaram para o topo dos topos das minhas preferências como já expliquei numa paixão chamada livros.
Mixtli conta-nos, neste volume, como foi o seu início de vida de casado com a mulher Chachapoya por quem se apaixonou, à revelia do Povo Belo – que não aceitavam o casamento de membros da sua raça com pessoas de outra raça porque isso podia levar a que nascessem crianças feias – e a viagem que ambos fizeram de regresso a casa, à capital do Mundo Único.
É pelos olhos de Mixtli que conhecemos as diversas tribos e civilizações que viveram na época dos Astecas já que ele viaja por todo o lado a pedido de Moctezuma. E é por conhecer tão bem todas as tribos e várias linguagens que Mixtli é enviado para conhecer os homens brancos que aparecem perto dos Maias, até para perceber se seriam homens ou Deuses.
Ao longo de todo este volume vamos percebendo que, se calhar, o mundo civilizado não conquistou o México aos Astecas, mas que se passou mais ao contrário. Sim, é verdade que os Astecas faziam sacrifícios humanos, mas talvez fosse esse o único ponto em que eram menos civilizados. E digo isto porque uma das coisas que os espanhóis mais estranharam quando lá chegaram foram… os sanitários. Sim, os Astecas já tinham sanitários, quer nas casas dos nobres quer nas praças para que todos pudessem utilizar. E eram bastante asseados, ao contrário dos “conquistadores” que tomavam banho… quando chovia e mesmo assim porque eram obrigados.
Percebemos também, com este romance, que a conquista não aconteceu apenas porque os espanhóis tinham armamento superior mas sim por inépcia de Moctzuma II que, ao arrepio dos conselhos dos seus nobres, sempre quis honrar a amizade que achava que o Cortez tinha para com ele. E porque uma asteca, Malinche, uma escrava que tinha sido oferecida a Cortez como prova de boa vontade, lhe denunciava todas as tentativas dos Astecas se revoltarem
E foi essa inépcia, a traição de Malinche bem como a cólera, o sarampo, a varicela, e outras doenças que tais, que levaram ao quase extermínio dos astecas. Sobreviveram aqueles que se converteram ao cristianismo (muitos sem o perceberem), mas as suas fantásticas cidades foram todas arrasadas pela armada espanhola, nuns casos por vingança noutros em busca do lendário ouro dos Astecas.
O livro termina, ironicamente, com a morte de Mixtli às mãos da Igreja Católica, como herege, sendo a forma escolhida para a sua morte muito mais violenta que qualquer um dos sacrifícios humanos que os astecas praticavam. É o próprio Mixtli que a descreve quando conta como morreram os primeiros astecas que tinham desafiado Cortez, o que nos deixa a pensar, afinal quem era mais selvagens?
Até à leitura destes dois livros, Gary Jennings era um perfeito desconhecido para mim. Hoje é um autor que quero continuar a descobrir.
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