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Ser ou não ser (mãe)

por Magda L Pais, em 26.06.15

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Eu sempre disse que queria ser mãe. Até estipulei um prazo - até aos 30 tenho de ter o meu primeiro filho. E disse isto desde os meus 17/18 anos. Quando me divorciei do meu primeiro marido, aos 23 anos, continuei a dizer a mesma coisa. E quando me perguntavam como ia fazer se estava sozinha, eu respondia - aos 30 vou ter o primeiro filho. Se estiver junta com alguém, muito bem. Se não estiver, lanço-me na produção independente. Sim, essa era a minha decisão bem definida. Alguma coisa se haveria de arranjar. E arranjou-se :) namorei, juntei-me e quando fiz 31 anos estava grávida da minha filha. Dois anos depois nasceu o meu filho.

Apesar disso, apesar de sempre ter querido ser mãe, a verdade é que não é como mãe que me sinto realizada. É como Magda - a mulher que trabalha, lê, arrisca umas escritas num blog, é filha, é mãe, casada, tem amigos, etc e tal. Tudo o que sou e faço faz de mim uma pessoa realizada e não necessariamente pela ordem que indiquei. Ter filhos é uma parte da realização mas não é A realização. Amo imenso os meus filhos, quem visita o meu blog sabe o orgulho que tenho neles mas não é por causa deles que me sinto realizada. É por ser tudo o que sou, por tudo o que faço, maternidade incluída.

Acho, acredito, que, apesar de sempre ter querido ser mãe, me sentiria realizada tanto quanto me sinto hoje se não os tivesse. Não da mesma forma, mas também realizada. Poderia ter sido opção não os ter. Mas nunca a considerei. Apesar de haver imensas coisas que não fiz por causa deles, a verdade é que também houve coisas que só fiz por causa deles. E há sentimentos que só quem é mãe consegue sentir e perceber e dos quais não saberia prescindir.

No entanto esta foi a minha opção - ser mãe. Não percebo, por isso, que haja quem critique as mulheres que optaram por não ter filhos. As opções que tomamos - sejam lá elas quais forem - são exactamente isso: as nossas opções. Por isso temos de tomar aquelas que nos realizam e não aquelas que a sociedade espera que tomemos. E sermos felizes com elas. Como eu sou por ter optado por ter os meus filhos.

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40 comentários

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Miss F a 29.06.2015

Este é um tema que me faz virar Maria da Fonte. Desde sempre que digo não quero casar nem quero ter filhos. Com isto não digo que quero passar a vida sozinha, tenho uma relação estável há 7 anos, mas mantenho as minhas opiniões. Contudo sempre que digo que não quero ser mãe toda a gente me cai em cima, que ser mãe é a melhor coisa do mundo e que nenhuma mulher deve abdicar disso. A minha resposta é que só abdicamos de uma coisa que já temos ou que queremos em função de outra, no meu caso se tivesse de abdicar seria da minha vontade de não querer ser mãe. Não passa pela minha realização pessoal ser mãe, acho que não tenho instinto para isso e, mais importante de tudo, não tenho essa vontade. Mas é tão difícil discutir isto que às vezes digo (para os outros, não para mim) 'pois pois logo se vê, se calhar um dia mudo de ideias' só para acabar com o assunto :D
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Magda L Pais a 29.06.2015

ser mãe é uma das melhores coisas do mundo, é verdade. para quem sempre quis ser mãe... para quem nunca quis ser, deve ser um drama daqueles. Não temos de ter todos as mesmas opiniões nem gostar todos do mesmo. Todas nós - as que querem e as que não querem - continuam a ser mulheres na mesma. nada muda. Excepto a forma como - erradamente - a sociedade nos avalia
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M.J. a 29.06.2015

e estranhamente, repara, ainda acho que há muita mulher que diz que ser mãe é a melhor coisa do mundo porque sabe que fica mal dizer o contrário.
ainda acho que há muita mulher que se pudesse despachava os putos, dizia a verdade, que são umas pestes e que estava melhor sem eles mas não diz, não desabafa porque não pode, porque é feio, porque podemos dizer tudo menos a santidade das mães!
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Magda L Pais a 29.06.2015

havia um blog em tempos chamado "mães desnaturadas" em que falavam exactamente nisso, no desespero que, às vezes, é ser mãe. Todas, mas mesmo todas, por mais que quiséssemos ser mães, temos aquele momento em que nos apetece mandar tudo (leia-se os filhos) às urtigas. Umas assumem, outras não. Umas porque se estão nas tintas para o que a sociedade pensa delas e outras porque só se preocupam com o que a sociedade pensa
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Ana Vale a 04.07.2015

"ó Magda" como é que este post me passou? Foi pelo dia em que foi publicado, certamente...
Até há 3 anos atrás se me perguntassem se eu queria ser mãe, eu diria que só seria mãe depois dos 35 e que ainda tinha muita coisa para fazer. Mas depois a vida trocou-me as voltas, e a seguir ainda me trocou mais algumas, e como se não bastasse, voltou a trocá-las outra vez! 
E conclusão: casei, tive a minha filhota e aqui estou. 
Durante muito tempo quase que era "queimada" em praça pública por ter essa opinião e sempre me fez (e continua a fazer) IMENSA confusão quem critica "destrutivamente" este tipo de opções.  
Mas infelizmente é assim que continuará a ser. A pressão, os comentários, as atitudes alheias continuaram a dirigir-se para o que referes, e... não sei até que ponto é que mudará. 
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Magda L Pais a 05.07.2015

eu tenho esperança que as mentalidades comecem a mudar aos poucos. Tem de mudar. As mulheres não são apenas máquinas de fazer filhos, somos muito mais que isso

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