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Ontem (ou quase hoje) a noite/madrugada terminou comigo nas redes sociais a tentar acompanhar o que se estava a passar aqui mesmo ao pé de casa.
Só para enquadrar, era quase meia noite e, mesmo sendo noite de sábado - altura em que há mais ambulâncias a passar - ouvimos sirenes a mais e percebemos que haveria algo de anormal a passar-se. Fui ao facebook, aos sites de noticias e nada. Até que as informações começaram a chegar. Claro que, sendo um diz que disse, as informações eram escassas e contraditórias. Falou-se em violação, em agressão, em assalto frustrado, reféns no hipermercado... Sabia-se que a PSP estava quase toda (ao que parece até os que estavam de folga foram ajudar) e que havia problemas sérios.
Por fim a CMTV (senhores, como é que eles conseguem ser os primeiros a chegar? terão pseudojornalistas em todas as localidades do país?) lá começou a falar no assunto. E passado pouco tempo era a TVI24 (muito mais credível - apesar de não ser difícil) e com informações mais correctas. Pelo meio a minha preocupação eram os meus amigos da PSP que estariam no teatro de operações (estão bem, todos eles).
Agora pela manhã começam os comentadores profissionais com os seus ataques donde se destaca que o Barreiro deixou de ser seguro.
Não posso concordar. Desculpem-me os arautos da desgraça mas não consigo concordar. Até pode ser que haja mais mais assaltos - ou pelo menos são assaltos mais espalhafatosos - mas, por outro lado, a PSP agiu com uma rapidez extraordinária e evitou não só o assalto mas que houvesse outros problemas associados. A PSP provou - aos cépticos - que sabe agir e como proceder numa situação grave como esta.
E é isso que destaco da noite de ontem. A acção da PSP foi exemplar. Só espero que, caso o disparo fatal tenha sido feito pela PSP que a nossa justiça funcione (ao contrário do que tem acontecido noutros casos bem conhecidos). E que o ferido grave não decida processar a nossa PSP quando estes estavam no exercício das suas funções, em defesa dos cidadãos.
As fotos acima foram tiradas hoje, às 7h20, no Barreiro. Ao que parece a Câmara Municipal, ansiosa por poupar – como todos nós, aliás – decidiu que a claridade que não se vê nas fotos (causada pelos carros que passavam) é mais que suficiente para os residentes nesta cidade possam andar, sem em segurança na rua.
Note-se ainda que, a esta hora, muitas crianças e adolescentes vão a caminho da escola e, claramente (not) sentem-se bastante confortáveis e seguros. Eles e os pais, claro.
Valha-nos, a quem reside no Barreiro e, principalmente nesta avenida, que, a esta hora, há muito trânsito e as luzes dos carros ajudam a não tropeçarmos em tudo e mais alguma coisa que possa estar na rua – sim, porque muitos dos ilustres cidadãos desta não menos ilustre cidade, não fazem ideia do que é um caixote do lixo e deitam toda a porcaria – e por toda entenda-se mesmo toda – na rua. Alguns até fazem o favor de a atirar das janelas das suas casas.
Outros – diga-se que não todos, mas alguns – donos de animais, mas mais animais que os que têm, acham que os dejectos devem ser limpos por outros que não eles, custa-lhes muito baixar os braços, pegar na porcaria com um saquito e colocar no caixote do lixo.
É uma tristeza viver numa cidade assim – onde a Câmara não pensa na segurança de quem aqui reside e trabalha e onde alguns residentes acham que podem sujar tudo que alguém, um dia, irá limpar.
Faz hoje exactamente um ano que tirei esta foto. Eram 7h30 do dia 11 de Dezembro de 2013 quando a tirei, na estação dos Barcos do Barreiro, antes de ir trabalhar.
Apesar de ontem o céu de Lisboa estar lindíssimo - imensa gente fotografou e publicou no facebook, tal como eu fiz aqui no blog - continuo a achar que este céu que vi tão cedo estava ainda mais bonito.
Neste dia valeu a pena acordar tão cedo.
Foi mais ou menos em 1988 (século passado, portanto), ou seja, há mais ou menos 27 anos (mais coisa menos coisa) que comecei a fazer a travessia Barreiro/Lisboa/Barreiro de barco. De manhã para Lisboa, à tarde para o Barreiro.
Nestes 27 anos houve várias coisas que mudaram.
Há 27 anos atrás o barco estava dividido em classes – a primeira e a segunda. Na segunda classe os bancos eram de suma-a-pau, que é como quem diz de madeira. Duros que só visto. Na primeira classe os bancos eram de napa, bastante mais macios. Quem tinha o passe, como eu, só viajava na primeira classe se pagasse o excesso. Lá andava o revisor a verificar quem tinha o bilhete de primeira ou quem tinha de pagar o excesso. Uma das coisas que havia nas duas classes eram os cortinados. Muito nojentos, com todo o tipo de bichos a passear neles.
(lembro-me de, um dia, que ia a dormir no barco, abrir os olhos e ver um senhor quase a atirar um livro directo á minha cara e que me passou mesmo ao lado… o senhor tinha visto uma barata a passear mesmo perto da minha cabeça e quis matá-la)
Hoje não há classes nem cortinados. Os bancos são todos de plástico, menos confortáveis mas mais laváveis (e acreditem que, com a falta de cuidado que os utentes tem, ainda bem que são mais laváveis).
Há 27 anos atrás, em condições normais, a viagem demorava 30 minutos. E hoje, em condições normais demora 20 minutos.
Há 27 anos, quando estava um dia de nevoeiro – como hoje – a duração da viagem era uma incógnita. Podíamos demorar uma hora ou mais. E hoje, 27 anos depois, muitas mudanças depois, num dia de nevoeiro, como hoje… a duração da viagem continua a ser uma incógnita. É extraordinário, pela negativa, que tenha havido tanta evolução em todos os sistemas e que haja radares e o diabo a sete mas que os barcos que fazem a travessia Barreiro/Lisboa/Barreiro continuem, como no século passado, a demorar o dobro do tempo (quando não mais) a fazer o mesmo trajecto.
E de quem será a culpa? Dos utentes não é certamente, até porque, muitos de nós, querem é chegar rapidamente ao destino e que, por culpa do nevoeiro, não o conseguem fazer.
Tantas greves parvas (a grande maioria delas, diga-se) que os trabalhadores da Transtejo fazem e tanta luta, será que não podem fazer uma para que os radares funcionem? Ou será que não a fazem porque os radares funcionam, eles é que não sabem trabalhar com eles?
Hoje, 27 anos depois do início das viagens regulares de barco para Lisboa, senti-me transportada no tempo e voltei a estar 40 minutos na estação do Barreiro à espera dum barco (em hora de ponta) e a viagem demorou 45 minutos. E tudo porque a manhã estava como se pode ver na foto.
Se calhar valia a pena alguém, na Transtejo ou nos Sindicatos, pensar nisto.
Despeço-me com amizade (a minha singela homenagem a mais um ícone da minha infância que desapareceu hoje – o Eng Sousa Veloso).
Por norma só se lêem, por ai, reclamações sobre os atendimentos dos serviços. Como tenho a mania de ser do contra e porque também atendo ao público na minha vida profissional (e acreditem, é a parte que mais gosto do que faço), acho que um bom atendimento deve ser mais valorizado que um mau atendimento.
E foi exactamente isso que se passou no dia 25 de Outubro deste ano.
Nesse fim de tarde o telemóvel particular deu o berro. Ou por outra, avisou-me que, ou me dás descanso ou deixas de ter telemóvel. Como tinha um vale da Meo para gastar aproveitei para ir à loja do Barreiro, no Centro Comercial, para comprar um novo. Aproveitamos, eu e o marido, o facto de estar a dar um jogo de futebol – altura em que as lojas estão mais vazias – e lá fomos (valha-me o facto do meu marido ter a mesma opinião que eu em relação ao futebol – 22 homens em cuecas a correr atrás duma bola não tem qualquer piada).
Fomos, nesse dia, atendidos pela Catarina, que logo nos surpreendeu pelo sorriso com que nos recebeu – um sorriso franco de quem está à vontade com os sorrisos e não de quem sorri porque as normas assim o ditam.
Depois coloquei-lhe a minha dúvida – eu sou fã dos Lumia (da Nokia) e avessa a Androids e afins. Mas o meu marido é exactamente o oposto – nada de Lumia, só Androids. Então quisemos saber a opinião da Catarina. Ao contrário do que já me fui habituando, a Catarina não só me explicou porque devia escolher Android, como me mostrou – com muita paciência e sapiência – como funcionavam (no seu próprio telefone), em ambiente Android, algumas das funcionalidades que eu mais gosto do Lumia. Convenceu-me. Lá trouxe o telemóvel Android (ok, ainda não me entendo com ele, às vezes apetece-me atirá-lo da janela e estou sempre a arengar com ele, mas é por ser avessa às mudanças).
Para além disto, a Catarina – porque comentamos uma ou duas situações que se passavam com a nossa box desde o primeiro dia e que achávamos que era normal – mostrando bastante proactividade (característica muito em falta no atendimento ao público) ajudou-nos a resolver também esse problema (que nós nem sequer sabíamos que tínhamos).
Em suma, na mesma visita à loja resolvemos o problema que lá nos levou e resolvemos um problema que não sabíamos que tínhamos – e isto é, sem dúvida, um atendimento de excelência! E foi por isto que, no final do atendimento, pedi o livro de reclamações – porque é o mesmo livro, o das reclamações, que serve também para os elogios. E o atendimento que a Catarina nos ofereceu merecia – merece – um elogio público. Ficou no livro e fica aqui hoje. Quem sabe ela o lê e fica a saber que fez a diferença.
70 anos separam as fotos a cores das fotos a preto e branco deste post. 70 anos depois, o Barreiro passou de uma zona de quintas, com poucas habitações a uma cidade industrializada, que cresceu ao redor das fábricas (e que tanta poluição nos trouxeram).
Em 70 anos fecharam-se as fábricas iniciais, as da cortiça (até 1950 existiam cerca de 27 fábricas de cortiça em todo o concelho). No entanto algumas das zonas ainda são conhecidas pelo nome da fábrica que lá estava - é o caso, por exemplo, da Fábrica do alemão, na zona da Telha. Essa fábrica desapareceu logo a seguir à segunda guerra mundial mas ainda hoje se fala nela.
Em 70 anos nasceram prédios e mais prédios e os espaços verdes, que tanta falta fazem a uma cidade, foram desaparecendo (vá... hoje temos o parque da cidade onde quase tudo o que se pode fazer num parque é proibido, mas pelo menos temos algumas arvores. E lagos. E mosquitos - muitos mosquitos).
Entre os vários barreirenses que se tornaram famosos por alguma razão, estou em própria, nascida aqui há quase 45 anos. E não podia ter escolhido melhor cidade para nascer.
Esta é a minha cidade. Com todos os defeitos que tem (culpa dos moradores e da Câmara) mas é a minha cidade. Linda há 70 anos, linda hoje.
Não posso, naturalmente, terminar sem agradecer ao Paulo Vieira que me mostrou as fotos a preto e branco que eram do avô dele (e a quem também agradeço me ter autorizado a publica-las). A foto da praia actual foi tirada pelo meu marido ontem. E a foto da vista área foi encontrada numa busca pela internet.
(plano original da Igreja)
(em 15 de Junho de 2011)
(hoje)
Esta é a Igreja Nossa Senhora do Rosário no Barreiro.
Esta igreja é o resultado da ampliação de uma pequena ermida dedicada a S. Roque. Remontam a 1736 os primeiros registos de procissões e festividades nela realizadas.
Depois de muitos anos ao abandono, um grupo de freis dominicanos resolveu, no final da década de 70 (se não me falha a memória) restaurar o interior e o exterior da igreja que, com isso, ganhou nova vida.
Em 1982 foi lá fundado o agrupamento 690 do Corpo Nacional de Escutas, do qual, com muito orgulho, fiz parte (e ao qual o meu coração ainda pertence).
Uma das coisas que sempre me fez confusão, enquanto escuteira e frequentadora daquela igreja era a entrada. Como podem ver na foto do meio, havia meio metro de passeio entre a porta da Igreja e a estrada, onde passam sempre imensos carros. Sempre que as pessoas saiam da Igreja, fosse pela razão que fosse, tinham de ter imenso cuidado para não ir para a estrada.
Hoje passei lá à porta. E fiquei bastante feliz por ver que, finalmente, o passeio foi alargado e que já se pode sair em segurança. Toda a zona envolvente da igreja foi recuperada (o largo que se vê na última foto, onde está a cruz, era de terra batida - no inverno era um lamaçal, de verão havia pó por todo o lado) e dá gosto ver.
Assim vale a pena.
Espero que esta vontade da câmara do Barreiro se prolongue a outras zonas. Afinal, o Barreiro tem sítios lindíssimos que só precisam de ser recuperados.
À entrada duma das ruas mais bonitas do Barreiro está este cartão de visita. Não sei quem o fez, se foi a pedido da Câmara ou não, a verdade é que gosto. E gosto das cores da rua, gosto da forma como recuperaram uma zona muito velha e abandonada e como lhe deram cor.
Pena que nem todas as ruas são assim: bonitas, coloridas, limpas.
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