Coisas soltas da vida que povoam o meu quotidiano.
Sem amarguras nem fatalismos, com aceitação, simplicidade, ironia e alegria.
Sejam bem vindos a esta minha casa.
No rescaldo das eleições, está o baile armado e ninguém se entende. E eu, que nem sequer gosto de política ou de falar sobre ela, decidi fazer uma pequena sondagem aqui no blog.
Uma coisa simples com duas ou três regras: cada pessoa pode votar apenas uma vez (em comentário aqui no blog), o voto pode ser justificado e não serão aceites ofensas a outros utilizadores. Podem comentar como anónimos.
Posto isto, que opção escolhem para o próximo governo:
Coligação Portugal à Frente (PSD + CDS)
PSD + CDS + PS
PS + CDU + BE
Nenhuma das anteriores, devia haver novas eleições para clarificar a situação em que estamos.
Então vamos lá, votem!
Os comentários que não obedeçam as regras não serão aprovados
Não gosto de falar sobre política. Fruto, talvez, de ter sido criada numa casa onde, sempre que a casa estava cheia, todos os temas eram permitidos, com excepção da política, futebol e religião. E porquê? Porque, nas raras vezes em que esses temas eram abordados, instalava-se uma discussão de caixão à cova.
Precisamente por causa dessa proibição tácita, na casa dos meus pais todos eram bem-vindos – comunistas, socialistas, centrais-democratas, social-democratas, benfiquistas, sportinguistas, portistas, cristãos e testemunhas de Jeová e todos se davam bem. Afinal, acreditava eu, as amizades não dependem das convicções e é perfeitamente possível gostar duma pessoa que não tem a mesma preferência partidária/clubística ou religiosa.
No rescaldo das eleições de ontem verifico – infelizmente – que afinal estou enganada. Ontem, no facebook, vi amigos de longa data a ofenderem-se mutuamente por causa do resultado das eleições e por acreditarem em partidos opostos.
O que, aliás, resulta da falta de maturidade eleitoral do povo português. Seria de acreditar ao fim de quarenta anos de eleições, partidos, lideres e eleitores tivessem crescido e aprendido.
Só que não.
Começando pelos eleitores. Expliquem-me lá, como se eu fosse muito burra, porque é que, pelo facto de ter votado noutro partido que não o de determinada pessoa (e multipliquemos determinada pessoa até à exaustão) faz do votante um filho da puta, cabrão e outros nomes igualmente simpáticos? Será que o votante não tem direito à sua opinião, a acreditar noutra coisa, a pensar de forma diferente? Somos todos iguais? Somos todos carneiros? Não, não somos. E temos liberdade de escolha. Gostem ou não, todos têm o direito de votar no partido que querem e vocês não tem o direito de os ofender por isso. Afinal, vivemos em democracia ou numa ditadura?
Creiam-me que não digo isto só por causa de ontem. Digo isto porque desde que me lembro – e ganhe o partido que ganhar – é sempre o mesmo que se passa. Os eleitores dos partidos que têm menos votos ofendem, até à exaustão, os eleitores do partido que teve menos votos.
Repararam que não falei no partido vencedor ou perdedor? Foi propositado e leva-me agora à questão dos partidos e dos seus líderes. Desde que acompanho com mais interesse as eleições que concluo que todos os partidos são vencedores. E ontem não foi excepção. Caramba. Nenhum partido assumiu de forma clara a sua derrota. Tiveram menos votos – mas foi uma vitória. Desceram para quinta força politica no parlamento – mas foi uma vitória. Não elegeram deputados – mas foi uma vitória. Cruzes. Afinal que partido perdeu? É uma dúvida que me acompanha desde sempre. Que partido/líder perde as eleições?
Nenhum, a avaliar pelos discursos dos líderes.
Tivemos ainda, ontem, o bónus de ouvir alguém dizer que a coligação (que teve mais votos e ficou com uma maioria simples) perdeu as eleições ou, noutro momento brilhante, alguém que disse que essa mesma coligação não devia ser convidada a formar governo e que esse convite deveria ser dirigido ao partido que ficou em segundo lugar, ou, em alternativa, ao conjunto de partidos de esquerda.
Como é que diz que disse? Então não é a força politica com mais votos que ganha? Não é isso que representa viver em democracia? Respeitar a opinião do povo – seja ela qual for? Volto a perguntar, vivemos em democracia ou em ditadura? Concorde-se, ou não, os votos foram contados, a coligação – mesmo sem maioria absoluta – teve a maioria dos votos.
E a vontade do povo é soberana, ou, pelo menos é o que me dizem que significa viver em democracia…
Pronto. Hoje, dia de eleições, fui cumprir aquele que é o meu direito e o meu dever. Fui votar! Apesar de me apetecer imenso ficar a vegetar, no sofá - eu & o meu livro - já sai e já lá fui.
Normalmente vou votar a meio da tarde, mas, desta vez, com o mau tempo que anunciam para a tarde, fui, com o marido, logo a seguir ao pequeno almoço. E confesso que gostei do que vi.
Das outras vezes quando chegava à mesa de voto, era chegar, identificar-me, votar e ir-me embora. Se demorasse mais de cinco minutos neste processo era porque conhecia alguém da mesa com quem trocaria meia dúzia de palavras. Desta vez não! Havia uma fila à entrada da escola onde votei - a maior parte das pessoas a querem perguntar onde seria a mesa onde votariam. Outra fila para nos identificarmos na mesa de voto e ainda tínhamos de esperar que as duas cabines ficassem vazias.
Por acaso - e ao contrário de Miraflores (por aquilo que acabei de ver nas noticias, há um caos nas assembleias de voto) - a assembleia de voto a que pertenço estava muito bem organizada. Uma pessoa na entrada a explicar onde seria cada secção, em cada secção havia uma pessoa extra a consultar o site dos cadernos eleitorais ou a enviar sms para ajudar quem não sabia o seu número de eleitor e ainda outra pessoa para ajudar os mais idosos a chegar às mesas. Gostei desta organização que facilitou imenso o processo.
Acabei por espreitar as estatisticas da mesa e, por aquilo que consegui perceber, a afluência às urnas - pelo menos na mesa de voto a que fui - e até às 11h, era superior ao normal. Espero e desejo, sinceramente, que, ao longo do dia e em todas as mesas de voto, o mesmo aconteça e que hoje não ganhe a abstenção.
E vocês? votaram? a mesa estava organizada ou nem por isso?
Será, muito provavelmente, a única vez que vou falar sobre as eleições. As legislativas e as presidenciais que se realizam logo a seguir.
Desde que tenho idade para votar que, a cada eleição, vou cumprir o meu dever que é, em simultâneo, o meu direito - o de votar naquele que entendo ser o melhor representante. Na verdade e agora que penso nisso, creio que faltei uma vez por estar bastante doente e não ter saído de casa.
Por o fazer, por ir votar, sinto que tenho o direito de opinar sobre o estado - da educação, da saúde, da economia, da política, etc. Afinal, mal ou bem, contribui, de alguma forma, para aquela ou aqueloutra eleição, não tendo permitido que escolhessem por mim.
Faz-me confusão que haja quem diga mal, que reclame, se oponha e discuta mas, quando chega a hora de votar, prefere ir à praia, ao futebol, ao cinema ou ficar, simplesmente, em casa, a vegetar. É neste acto, o da votação, que nos é permitido opinar e fazer algo para que as coisas melhorem. Não votando, bem podem ir, depois, para aqui e para ali dizer mal deste e de outro. Não lhes reconheço qualquer legitimidade para reclamarem, dado que, quando puderam fazer alguma coisa, não fizeram.
Confesso ainda que, muitas vezes - e desta vez também - olho para partidos, candidatos, programas e discursos e a única coisa que me apetece dizer é: pronto, acabem lá o recreio e as brincadeiras, já é tempo de serem uns meninos crescidos que a malta já está a ficar aborrecida. É que não há, um só que seja, que me inspire, que seja coerente, que mantenha a mesma ideia do principio ao fim, e que lhe junte educação, respeito e civismo (provavelmente estou a ser utópica, mas quando encontrar estas características num politico, garanto-vos que ele ganha o meu voto).
Não sei, por isso, em que partido votar, sendo que o voto em branco não deixa de ser uma opção.
Para mim só há um cenário excluído... a abstenção!