layout - Gaffe
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Hoje cheguei a um hospital por volta das 9h30 e sai de lá eram 15h. Fui acompanhar o meu maridão que foi, finalmente, fazer o exame que faltava (e que não pode fazer da outra vez como contei aqui).
Foram cinco horas e meia de espera, entre chegarmos, o rapaz ser chamado (exame marcado para as 10h, foi chamado às 11h40...) e virmos embora. Cinco horas e meia sentada em cadeiras de plástico, desconfortáveis. Muito desconfortáveis... ao ponto de sentir o meu rabiosque ficar com o formato da cadeira!!!
E alternativas? bom, havia duas alternativas - as cadeiras de madeira (tão ou mais desconfortáveis que as de plástico) ou ir para o café em frente ao Hospital.
Eu até fui ao café. Fazer isso mesmo, beber um café. E ler, claro. Demorei 40 minutos no café. Entre não ter paciência nem feitio para estar horas a fio num café sem consumir e o não saber quanto tempo demorava o exame ou quando é que ele saia, acabei por voltar para a sala do hospital.
Havia quem dormisse na sala (e ressonasse. Muito!) Eu lia (felizmente levei dois livros - acabei um e estou a meio do outro). Naveguei na internet. E esperei. E fiquei com dores nas costas de tão desconfortável que estava.
Não digo que fosse preciso por sofás nas salas de espera dos hospitais (principalmente para os acompanhantes de doentes que vão fazer exames demorados), mas será assim tão difícil ou tão mais caro encontrar modelos de cadeiras mais ergonómicos e mais confortáveis? Será que estou a pedir demais? é que assim, o que me parece que acaba por acontecer é que os acompanhantes tornam-se doentes.
Já falei aqui do meu excesso de peso. Apesar de ser alta (mas, mesmo assim, sou a mais baixa lá de casa), de facto devia perder uns quilinhos que tenho a mais. O meu maridão “sofre” do mesmo mal. Ainda é o mais alto da casa – seguido de perto pela nossa filha de 13 anos – mas sempre são 1.92 metros. E também tem excesso de peso.
Hoje, mais uma vez, concluímos que Portugal não está preparado para quem está fora da normalidade. No caso do meu Miguel, pela altura e pelo peso.
Hoje fomos os dois ao Hospital da Luz porque o rapaz ia fazer um exame médico. Vou deixar que sejam as palavras que ele escreveu no facebook, a contar o que se passou:
E eis senão quando, um gajo decide tratar-se, ou pelo menos perceber o que tem de tratar e descobre que não o pode fazer... e esta? Começou logo mal quando chegou a hora de vestir uma daquelas ridículas batas que ficou que nem a camisa do Hulk no dia que descobre que tem de pagar o IMI, logo a seguir vem o médico informar que não podem fazer o exame porque a máquina não tem capacidade, não aguenta, é pequena...
Poderia ser cómico, não fosse o facto de que ele precisa mesmo de fazer o exame. Mas não o pode fazer porque não cabe na máquina…
Quando vai ao médico medir a tensão… outro sarilho. Sobra braço depois de acabar a braçadeira da maior parte dos aparelhos. E nem sempre os médicos (principalmente nos hospitais e centros de saúde) têm os extensores.
Compra de roupa para nós – é de fugir. Só encontramos em algumas lojas e muita dela é feia, sem gosto algum, caríssima. Será que, por sermos maiores (em peso e altura) que a normalidade, não temos direito a nos vestir com gosto?
Sapatos, idem. Bom, aqui eu não tenho esse problema, calço o 39, arranjo bem. Mas a minha filha, que calça o 43, é uma encrenca. A maior parte dos lojistas fica a olhar para nós com ar de estarmos a pedir um sapato em ouro. E o meu filho, que calça o 45 (sim, leram bem, calça o 45 com 11 anos), tem o mesmo problema.
Estes são só alguns dos exemplos das dificuldades com que os gordinhos e granditos se deparam no dia-a-dia. Será que é só entre homem e mulher que é necessário garantir a igualdade? Então e os mais altos e mais fortes? Não terão os mesmos direitos dos “normais”?
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.