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O post de hoje é diferente.
Como já vos contei, a minha piolha está a estudar na Universidade em Inglaterra e necessita, para um trabalho, que o máximo de pessoas possível responda ao inquérito (em inglês) que está neste link:
https://www.surveymonkey.com/r/Q6ZG98K
A resposta demora menos de dois minutos.
Portanto... podem responder, por favor? Obrigado!!!!
(há 3 anos)
Daqui a umas horas a minha gaiata, esta miúda gira da foto , fará 18 anos e, pela primeira vez, irá passar o dia de aniversário sem a presença dos pais
(lá nos conseguimos ver livres dela)
Não vos vou dizer que foram 18 anos maravilhosos, fantásticos e extraordinários. Ou se calhar, olhando em retrospectiva, foram mesmo...
Vou tentar que não seja um post longo mas acho que a minha Maggie merece uma homenagem por ter atingido a maioridade e por isso tenham lá paciência comigo.
A gaiata nasceu num dia de chuva depois duma gravidez onde me tornei amiga inseparável da sanita. No fim de semana a seguir a saber que estava grávida tive de ir a Sintra ao funeral do pai duma amiga. No caminho comecei com vómitos. Pensei - ah tão inocente que eu fui nesse dia - que era porque a viagem foi feita a seguir ao almoço. Na realidade os vómitos duraram até ao dia em que a miúda nasceu. E foi de tal modo que só engordei umas 200 gramas com a gravidez.
Não vos vou dizer que amei (como amo hoje) logo aquele ser pequenino e minúsculo (pouco mais de 3 kg e 48 cm). Acho que amor que sentimos pelos filhos é em crescendo, de dia para dia, cada vez maior.
Da estadia na maternidade o que mais me recordo é que, no dia a seguir ao nascimento, logo que a minha mãe chegou, a primeira coisa que me disse foi:
então diz-me lá, quando é que voltas ao trabalho para eu ficar a tomar conta da minha neta?
(simpática, não foi?... eu acabadinha de ter a gaiata, ainda mal nem me tinha levantado da cama e já me estavam a empurrar para fora de casa)
A neta da minha mãe, a minha filha, foi um bebé extremamente calmo. Não gostava de dormir (ainda hoje não gosta!) e preferia ficar a olhar para o tecto, fosse de dia ou de noite. Ouvia o canal História para adormecer (na altura em que o canal História dava coisas de jeito). Não teve cólicas, não chorava em demasia e comia muito mas mesmo muito bem (ainda me lembro, quando começou a comer sopa que quase que tínhamos de lhe dar com duas colheres para ela não resmungar).
Teve uma infância que eu acho que foi feliz (mas só ela poderá confirmar). Ou, pelo menos, tentamos ao máximo que assim fosse - quer para ela quer para o irmão. Apanhou uma ou outra palmada no rabo (antes que venham dai com a comissão de protecção de menores, o rabo estava protegido por uma fralda!) e cresceu de tal modo que deixou de ter percentil aos seis meses.
Desde sempre que foi uma miúda responsável (às vezes em excesso). Quando andava na quarta classe, pedia-me sempre que a acordasse antes de sair de casa para se poder despachar e preparar o pequeno almoço dela e do irmão antes do pai acordar e os ir levar à escola.
Até aos doze anos tudo correu sobre rodas. Nenhum drama em especial, nenhuma doença, e sempre alegre e bem disposta. E depois, explodiu uma bomba. Com a morte do nosso primeiro animal de estimação (o nosso coelho Friday), a Maggie entrou em depressão. Felizmente detectada a tempo - pais, por favor, estejam sempre atentos aos vossos filhos que a depressão chega sem avisar e, muitas vezes, sem que haja razões para isso - começou logo a ser acompanhada por um pedopsiquiatra. Senti, algumas vezes, que tinha falhado como mãe até que percebi que a minha filha precisava que eu respirasse fundo e a apoiasse.
Não é fácil. Nada fácil, quer para nós, pais, quer para eles, os filhos. Os adolescentes que se encontram a braços com uma depressão (ou que têm tendências depressivas). A depressão é uma sombra que nos assombra para o resto da vida e, se há momentos melhores, há outros piores. Muitas vezes os vemos sem interesse no que se passa à volta, sem reagirem e, nós, pais, nem sempre sabemos como lidar com isso (e aqui faço o mea culpa - desculpa Maggie, tendo ser a melhor mãe possível mas sei que ainda falho e que há situações em que não consigo lidar contigo. Mas estou sempre a tentar melhorar e conto com a tua ajuda para isso).
Hoje, 18 anos depois, a minha filha está a viver o seu sonho. Vive, estuda e trabalha em Inglaterra. Ainda não é Londres - cidade onde ela pretende instalar-se daqui a uns anos, quando acabar a faculdade - mas é lá perto, em Leicester. Em menos duma semana arranjou emprego, na cozinha dum restaurante. Sai de lá estafada - cinco horas em pé não é pêra doce - mas está a ganhar o seu ordenado para poder pagar as despesas que faz. Está sempre preocupada em não nos pedir dinheiro porque (palavras dela) "já lhe demos muito". Não é miúda de sair à noite (prefere ficar em casa a jogar) e nem de dormir muito. Sempre que falta às aulas - e apesar da distancia a que estamos - avisa-me, assim como me avisa quando encomenda comida por estar doente ou simplesmente não lhe apetecer cozinhar (e pede-me para tirar da conta dela o dinheiro que gasta como se nós o fossemos fazer).
Posso não ser a melhor mãe do mundo mas sou, certamente, a mais orgulhosa!
Parabéns filhota!
(esta foto tem um mês, mais ou menos)
May we meet again
Ora vamos lá a factos muito úteis para se verem livres dos vossos filhos, despachando-os para o Reino Unido.
Estas informações são as válidas nesta data e com o Brexit à porta. A conversão de libras para euros foi feita à taxa de cambio à data deste post.
Até Setembro de 2019 (inclusive), os estudantes da União Europeia beneficiam do financiamento de Propinas, nas mesmas condições que os estudantes ingleses.
As propinas no Reino Unido têm um valor de 27 750 GBP (31.523,11 EUR) para os 3 anos de Curso (ou 4 se incluirmos o Foundation Year, sendo que, neste caso, acrescem mais 9.250 GBP/10.508,88 EUR).
Este valor é subsidiado pela Student Loans Company – Órgão do Estado Britânico que se substitui aos estudantes no pagamento das propinas às Universidades.
Apenas e só quando o aluno termina a licenciatura e entra no mercado de trabalho é que é elegível para iniciar o pagamento do empréstimo. Mas, ainda assim, só a partir do momento em que venha a auferir mais de 25 000 GBP/Ano (28.399,20 EUR/ano) é que terá de proceder à devolução do montante que o Estado investiu.
Por exemplo:
Mas se o aluno quiser pagar um valor superior, pode fazê-lo que ninguém impede.
Há duas empresas – pelo menos – em Portugal que tratam de tudo. A Ok Estudante e a Information Planet. Os serviços da primeira custam € 597,00 e os da segunda custam € 595,00 (ambos os valores já com o IVA incluído). A Information Planet não cobra pelas traduções e inclui o processo de financiamento. A OK Estudante cobra traduções, testes e não faz o Financiamento
Nós optamos pela Information Planet. Não foi uma questão de preço – que na altura nem sabíamos qual seria o da OK Estudante – mas sim uma questão de empatia com o Education Planner que ficou com o processo da Maggie (até já tínhamos reunião na OK Estudante que depois acabamos por desmarcar). O pobre do Pedro já deve estar mais que arrependido por nós o termos escolhido que nós somos muito chatos, mas, da nossa parte, estamos muito satisfeitos com todo o acompanhamento e a disponibilidade dele (até para corrigir algumas das informações que vos tenho dado para não vos induzir em erro que isto de nos livrarmos dos filhos tem muito que se lhe diga).
Portanto, a parte seguinte diz respeito apenas à IP.
A avença paga inclui as seguintes fases:
O valor pago à IP não inclui IELTS Exam do British Council (€ 220,00 - apenas para Universidades que o considerem indispensável) e a taxa do Portal UCAS – 24 GBP (27,29 EUR) se aplicável.
(o Portal UCAS é o site onde são feitas as inscrições na universidade)
Importa ainda referir que os Estudantes provenientes de um qualquer país da União Europeia não necessitam de vistos ou registos para permanecer e trabalhar no Reino Unido, recomendando-se que não ultrapassem as 25 horas semanais de trabalho. Ora esta carga horária suporta-se bem considerando que as aulas têm uma carga horária de 15 a 20 horas semanais.
O salário mínimo no Reino Unido, para quem tem entre 18 e 20 anos situa-se nos £ 5,03 por hora (cerca de 6 €) e para maiores de 20 anos nos £ 6,31 por hora (cerca de 7,5 €). Tendo por exemplo um part-time na restauração, 25 horas por semana, juntando aos rendimentos fixos as “tips” (gorjetas) o aluno poderá chegar a ganhar entre £ 600 (682.16 EUR) a £ 700 (795.86 EUR) num mês. Estes valores podem alterar de cidade para cidade, claro.
O custo mensal de vida (que inclui alojamento, alimentação, transporte e telemóvel) pode rondar £ 650 (739 EUR) para as zonas fora de Londres, sendo que, em Londres, poderá ultrapassar £ 1.000 (1.250.63 EUR). Claro que os ordenados acima referidos, em Londres, acompanham a subida do custo de vida.
Trabalhando eu num banco com implantação mundial, tive logo a preocupação de contactar os meus colegas do UK para perceber qual a melhor conta bancária para a Maggie abrir quando lá chegar. Aproveitei e perguntei logo quando tempo demora a ter um cartão multibanco (4 a 5 dias) e qual o balcão mais perto da Universidade onde ela vai ficar a estudar. Quanto a documentos necessários, a Information Planet já me tinha dito que é apenas necessário o cartão de identificação e a carta da universidade a confirmar a inscrição.
Até poder abrir a conta na Inglaterra terá de utilizar a conta bancária que tem aberta cá em Portugal. Uma vez que estamos a falar de moedas diferentes haveria custos associados aos levantamentos feitos na Inglaterra. Acontece que – por a conta ser no mesmo banco onde eu trabalho – não terá custos uma vez que os clientes Santander estão isentos desde que utilizem os multibancos da rede Santander em todo o mundo.
É também boa ideia levar o cartão europeu de saúde de modo a ter acesso, nos primeiros tempos, aos cuidados de saúde por lá. De todo o modo é fulcral que o aluno peça o Nacional Insurance Number, que também faz falta quando começam a trabalhar.
Ora considerando que é preciso estar inscrito na segurança social inglesa e ter conta bancária em Inglaterra para começar a trabalhar – estes processos podem demorar uns dois ou três meses a estarem concluídos – os pais tem de suportar os custos, na íntegra, nesse período.
Incluindo as viagens, apontaria para um custo inicial a rondar os € 5.000,00 (calculei 4 meses com um custo médio mensal de € 700,00 – para alojamento, transportes, alimentação e telemóvel - a compra dum telemóvel e dum portátil, roupa adaptada ao clima inglês, material escolar - livros, manuais, etc - e, claro, a viagem de ida). Este valor poderá variar para baixo, claro, uma vez que o aluno pode começar a trabalhar mais cedo, ter já um portátil e roupa adaptada ao clima inglês e o telemóvel que já tem ser desbloqueado. O valor da alimentação também dependerá da quantidade e qualidade da comida que o aluno gosta, os transportes dependem da distância entre a zona onde está a residir e a universidade. Enfim, imensos factores que podem fazer variar estes valores.
Além disso... este valor será diluído nos quatro meses iniciais, não sendo gasto duma só vez.
Terminados esses quatro meses calculo que a gaiata estará já a trabalhar em part time e o valor a enviar-lhe mensalmente será bastante menor que os € 700 que considerei agora para as despesas fixas e, muito provavelmente, bastante menor que aquele que os alunos universitários – em Portugal – gastam por mês quando colocados fora da zona de residência.
Interessados? Pois bem, este fim de semana (20 e 21 de Outubro) acontece, no Porto e em Lisboa a Study Abroad Portugal, a maior feira de informação para estudar no estrangeiro, onde podem encontrar soluções medida. Vão lá estar as melhores instituições educativas de todo o mundo, embaixadas e agências educativas nacionais para descobrir as melhores oportunidades para estudar no estrangeiro, seja o ensino secundário, cursos profissionais e licenciaturas, pós-graduações e mestrados, MBA’s e até cursos de verão e línguas para os mais novos.
Se quiserem podem ainda ler esta reportagem da Visão.... e podem ler toda a história de como me vou livrar da minha filha aqui
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Como vos contei, no final da segunda reunião a Maggie levou como TPC decidir entre duas hipóteses:
- terminar cá o 12º ano e candidatar-se para entrar na licenciatura em psicologia clínica em Setembro/2019
ou
- anular a inscrição cá, no 12º ano, e candidatar-se a entrar, em Janeiro/2019, no Foundation Year na De Monfort University em Leicester, em Medical and Life Sciences com passagem, em Setembro/2019, para a licenciatura em psicologia.
Analisados os prós e contras das hipóteses em cima da mesa, a decisão não tardou. Tal como nas outras fases deste processo, coube apenas e só à minha gaiata decidir o que fazer. Corra bem ou mal é ela que terá de viver com as consequências. Nós podemos opinar e aconselhar, mas, no fim, é ela que decide.
Curiosamente, neste caso, a decisão dela coincidiu com a nossa opinião.
A pequena não quer ficar a viver em Portugal. A ideia dela é, após a conclusão dos estudos, ficar a viver em Inglaterra e, quem sabe, dar um pulo a outros países da Commonwealth para lá exercer a profissão que escolheu.
O aproveitamento final do 12º ano está em risco por causa da matemática, sendo que teria de fazer a matemática do 12º ano como externa dado que a do 11º ano não está concluída. Com a falta de bases que tem, seria sempre muito complicado de concluir com sucesso este ano e de ter uma nota que não lhe baixasse a média. Isto implica que as hipóteses de entrar na universidade em Setembro/2019 para a licenciatura são mais baixas.
Ir para uma zona menos central para inicio de vida no estrangeiro tem diversas vantagens, entre elas o custo de vida. E Londres está ali mesmo ao lado, nada impede que lá vá várias vezes enquanto estuda. Depois do curso terminado e quando estiver a trabalhar... o que impede que, aos poucos, se vá aproximando da cidade onde quer viver?
Resumindo... recebemos ontem ao fim do dia a Conditional Offer Letter. Condicional porque a pequena é menor à data de inicio da frequência das aulas e, portanto, nós, os pais, tivemos de assinar - várias vezes - um documento de 19 páginas (onde consta, por exemplo, que temos conhecimento que a Maggie estará a frequentar aulas com alunos cuja idade pode ser superior a 18 anos).
Também por ser menor, foi preciso encontrar um tutor que resida em Inglaterra. Mais uma vez foi a própria empresa que tratou do tema, e indicou, como tutor, um dos alunos portugueses a estudar na DMU.
Assim acaba por não perder um ano (dado que, muito provavelmente, em Setembro/2019 acabaria por ter de ir frequentar o Foundation Year nesta ou noutra universidade), tem quase 9 meses para se adaptar a viver sozinha num país estrangeiro antes de iniciar a universidade que, naturalmente, exige bastante mais do aluno do que o Foundation Year e, claro, cumpre uma boa parte do seu sonho mais cedo que o previsto.
Só se lamenta - mas não vale a pena chorar sobre o leite derramado, não é o que se diz? - que não tivéssemos tratado de tudo o ano passado, enquanto ela estava no 11º ano. Provavelmente teria ido já em Setembro deste ano para Inglaterra para fazer o dito Foundation Year.
Quanto ao 12º ano português... bem, ela não vai deixar de estudar, vai continuar a fazê-lo. Um dia que queira voltar para Portugal (o que, honestamente, duvido muito) terá o curso universitário tirado em Inglaterra. E caso não o complete (o que também duvido) logo se verá.
O curso será, como previsto, Psychology BSc (Hons) with International Incorporated Bachelor e as aulas começam a 7 de Janeiro de 2019. O Foundation Year (ou International Year Zero) termina em Setembro de 2019, altura em que começa a licenciatura.
Go Maggie, Go!
Mas estes posts continuam. Amanhã trago-vos mais informações importantes sobre o mesmo tema, não vá um de vós quer despachar os filhos para Inglaterra (ou outro país)... e podem ler toda a história de como me vou livrar da minha filha aqui
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Antes de vos contar qual foi a decisão da Maggie, falo-vos de algumas questões que nos preocuparam a todos logo de inicio:
Então e os estudantes portugueses conseguem as mesmas condições que os estudantes ingleses:
Claramente sim. Todos os estudantes da União Europeia que estejam a estudar (ou pretendam estudar) no Reino Unido têm os mesmos direitos e deveres dos estudantes ingleses. A única diferença é que tem de provar os seus conhecimentos da língua inglesa.
Quais os requisitos de idade?
Desde que nunca tenham frequentado a universidade em lado algum (cada ano frequentado numa Universidade representa menos um ano de Financiamento), tenham mais de 16 anos e menos de 60, façam a vocês próprios o favor de irem.
Contas bancárias, trabalho, saúde. Como funciona?
A partir do momento em que está a estudar lá pode fazer tudo isto. E, se estiver doente, tem acesso ao sistema de saúde inglês. Claro que, inicialmente, o ideal é pedir, cá, o cartão europeu de saúde para poder usar enquanto não tiver a documentação em ordem (demora mais ou menos um mês/mês e meio a estar inscrito no sistema de saúde inglês). Os estudantes estrangeiros têm direito à Segurança Social local – Nacional Insurance Number – razão pela qual podem usufruir do serviço e podem trabalhar
Se o aluno decidir ir para outro país trabalhar, como funciona o pagamento das propinas ao estado?
O Aluno fica obrigado a apresentar prova do seu rendimento - em qualquer país do mundo ou arredores - ao estado inglês e os cálculos são feitos da mesma forma.
E se não gostar do curso/universidade, pode mudar?
O Foundtation year só é válido para a universidade onde é feito. Mas no final do curso pode sempre ir fazer uma especialização noutra universidade. Atendendo ao que virá depois do Brexit, não convirá mudar de Universidade durante a licenciatura.
Last but not least, e o Brexit?
Esta era a nossa maior preocupação mas, aparentemente e pelo menos por enquanto, passou a uma não questão. Correndo como previsto até agora, a Inglaterra sai da União Europeia em Março de 2019 mas o tratado inclui uma cláusula que determina que os estudantes europeus que se iniciem a frequência das universidades em Setembro de 2019 tem acesso a estudar em Inglaterra nas mesmas condições que até aqui.
Ouve-se falar, mas ainda não é garantido, que várias universidades inglesas estão a reunir para tentar criar uma espécie de fundo que permita aos estudantes europeus a frequência dos seus cursos nas mesmas condições que até aqui. Para já é prematuro dizer o que vai acontecer depois de Setembro de 2019.
Amanhã cá estarei de novo para vos contar o que a gaiata decidiu.
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Foi mais ou menos a meio da segunda reunião que tivemos com a empresa que está a tratar do processo da ida da Maggie para Inglaterra que percebemos que, além da candidatura à Universidade que implicaria um esforço adicional para terminar, cá, o 12º ano, haveria a hipótese de frequentar, já na Inglaterra, o Foundation Year.
E que é isto do Foundation Year. Bem, é o ano zero do ensino superior. Uma espécie de 12º ano tirado já na Universidade escolhida, obrigando, claro, a que todo o curso - incluindo o sandwich placement - seja feito na mesma Universidade.
É uma espécie de segunda oportunidade para os alunos que não conseguem - por qualquer razão - notas suficientes para entrada directa na licenciatura, ou uma forma de saltar um passo e adiantar caminho. E porquê adiantar caminho?
A duração do Foundation Year depende de universidade para universidade. Nalguns casos são 5/6 meses, noutros um ano lectivo. Sendo mais simples que o primeiro ano da licenciatura pode também ser aproveitado para o estudante, que está deslocado num país e numa cidade que desconhece, a viverem sozinhos, para se adaptarem, criarem novas rotinas, procurarem trabalho, etc e tal. Além disso, como os requisitos de entrada para o Foundation Year são mais simples que os requisitos para a licenciatura, a pressão é muito menor.
Na maioria das universidades, o Foundation Year inicia em Setembro/Outubro mas há algumas que inicia em Janeiro. Em ambos os casos, com entrada, em Setembro do próximo ano, na licenciatura.
No final da reunião a Maggie levou como TPC decidir entre várias hipóteses:
- terminar cá o 12º ano e candidatar-se para entrar na licenciatura em psicologia clínica em Setembro/2019
ou
- anular a inscrição cá, no 12º ano, e candidatar-se a entrar, em Janeiro/2019, no Foundation Year na De Monfort University em Leicester, em Medical and Life Sciences com passagem, em Setembro/2019, para a licenciatura em psicologia.
Analisando a primeira hipótese, a candidatura seria para a especialização que ela queria, numa universidade mais perto de Londres, cidade onde ela preferia estudar. É uma zona com um custo de vida mais elevado mas que é acompanhado pelos salários mais elevados pagos aos estudantes em part time. A desvantagem: entrada directa para a licenciatura, sem período de adaptação, risco de não entrar na licenciatura por causa da média e de ter de optar, à mesma, por um Foundation Year o que atrasaria um ano a entrada na licenciatura.
Quanto à segunda hipótese, teria a vantagem do período de adaptação, o custo de vida em Leiscester é mais baixo (sendo que os salários pagos aos estudantes também são mais baixos) mas a DMU não era a Universidade que ela queria, além do curso ser mais genérico, o que poderá implicar, mais tarde, uma especialização. Por outro lado as exigências para o Foundation Year são menores e com progressão para a licenciatura garantida em Setembro/2019.
E se fosse convosco? o que decidiriam?
Amanhã conto-vos o que a gaiata decidiu.
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Como estava a contar aqui, as candidaturas para a universidade, em Inglaterra, são feitas até 15 de Janeiro para entrada em Setembro, tendo de se enviar alguns documentos. Depois, até final de Março. chegam as cartas de recusa ou - aquelas que se quer - as de aceitação condicional. E aceitação condicional porquê? bem, porque os alunos que se candidataram ainda não terminaram o 12º ano e as universidades escolheram-nos não só pelas notas - que importam - mas também pelo seu curriculum, as suas motivações e pelas recomendações dos professores que os conhecem. Foco no aluno. Mas claro que as notas finais também interessam e os alunos ficam a saber, com a dita carta de aceitação condicional, quais as notas que têm, obrigatoriamente, de ter no final do 12º ano.
Para os alunos estrangeiros, é preciso ainda fazer prova dos conhecimentos em Inglês. No caso da minha gaiata, que já tem o CPE, esta questão está resolvida.
Como já vos disse, a motivação do aluno é fulcral. Casos houve em que as notas exigidas pela universidade eram superiores às notas obtidas mas a carta de motivação, o curriculum e as cartas de recomendação eram tão boas que a universidade aceitou o aluno à mesma. Muito positivo!
Ora estando tudo encaminhado, começou-se a falar para que Curso/Universidade a Maggie quereria ir. Analisando o tal Ranking que vos falei ontem, reduziu-se bastante o leque de opções, tendo ficado reduzidas a 5 ou 6. Mas haveria sempre um senão. Dada a má preparação dos anos anteriores ao 12º ano, a Maggie não teve aproveitamento positivo a matemática no 11º ano. Não que isso fosse impeditivo mas ia implicar um esforço adicional para chegar ao fim do ano com média de 10 na disciplina, o que lhe poderia baixar a média final do 12º ano.
Voltam amanhã para saberem mais?
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Como a gaiata estava decidida, na posse de de todas as informações, foi tempo de fazer contas à vida e toca a avançar. Já tínhamos combinado que ela teria mesmo de arranjar um part time enquanto estudava porque não somos exactamente ricos para conseguir suportar um gasto mensal adicional de 700 ou 800 euros. Não quer dizer que não ajudemos a pagar, mas a totalidade é impossível
(Pausa para dizer que admiro os pais cujos filhos ficam colocados em universidades numa cidade diferente e que têm de suportar todos os custos envolvidos e que, na prática, se calhar, são quase que os mesmos que aqueles que vamos ter com a minha filha em Inglaterra).
Passemos então à fase seguinte: escolher o curso e a universidade.
1068 variantes do curso de psicologia em Inglaterra. Foi com este número que iniciou a segunda reunião na empresa que escolhemos para nos acompanhar no processo.
A maioria dos cursos são de 3 anos (4 na realidade com o sandwich placement) e a formação é logo dada na especialidade. Daí a quantidade de variantes existentes.
Aqui - como aliás em todo o processo - a Maggie é que teve de decidir qual a variante que queria. E para isso contou com uma ajuda prestimosa. Todos os anos o jornal The Guardian publica o University league tables que permite ao estudante saber vários factores para cada uma das universidades/cursos. Taxa de empregabilidade nos primeiros seis meses depois de terminado o curso, rateio entre alunos/professores, media de entrada, satisfação com o curso, satisfação com os professores. Enfim, 10 itens diferentes, avaliados de forma independente pelo jornal e que são quase que a bíblia para os estudantes universitários.
Ainda na primeira reunião falamos sobre a candidatura. Desconhecia por completo que as candidaturas para a universidade, em Inglaterra, são feitas até 15 de Janeiro para entrada em Setembro. Ou seja, os alunos candidatam-se ainda a meio do 12º ano, sem saberem as notas finais. Mas não são só as notas que importam. Cada aluno tem de entregar o certificado das notas do 10º/11º ano, o certificado em como está matriculado no 12º ano, duas cartas de recomendação emitidas por professores que lhes tenham dado aulas, a carta de motivação em que o aluno explica porque quer tirar aquele curso e não outro qualquer e ainda o curriculum do aluno.
E porquê? Porque o foco está no aluno e não nas suas notas. As notas são importantes, claro que sim, mas a pessoa, a sua experiência, o que os outros dizem dela, as suas motivações, é isso que mais interessa.
Voltam na segunda-feira para saberem mais?
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Foi pouco antes de iniciar o 12º ano na escola, ou seja, em meados de Setembro que a minha filhota que se voltou a falar na ida dela para uma universidade na Inglaterra, pelas razões que já vos tinha falado ontem.
O curso, ou melhor, a área, já se sabia que seria psicologia. Confesso que tanto eu como o pai achamos que ela iria para a psicologia criminal mas afinal ela prefere psicologia clínica, por querer perceber melhor a mente das pessoas com o intuito de se perceber melhor a ela própria. Não pretende salvar o mundo mas, se salvar uma pessoa que seja, já valerá a pena.
Depois vieram as questões financeiras relacionadas com as propinas (na Inglaterra as propinas rondam os 10/15 mil euros anuais) e com o alojamento. É que, assim de repente, não ganhamos o Euromilhões (o que, claramente, é difícil de acontecer uma vez que não jogamos) e portanto não seria exactamente fácil de suportar estes custos.
Nada melhor - para esclarecer isto e para nos apoiar em todo o processo, que há imensas coisas a tratar que nenhum de nós sabia porque não vivemos em Inglaterra - que contratar uma empresa que nos ajude com tudo isto.
Fomos a uma primeira reunião, em que nos foi explicado o processo de candidatura e como funciona a questão das propinas, do alojamento e do custo de vida.
Ficamos a saber várias coisas bastante interessantes.
As propinas, por exemplo, são suportadas por um fundo governamental cujo reembolso é feito, pelo estudante, na forma de imposto, quando ingressa no mercado de trabalho, mas apenas quando o seu rendimento anual ultrapassa o equivalente a vinte mil euros. E mesmo assim, a taxa é aplicada ao adicional dos vinte e três mil euros (até €23 000 de salário por ano estão isentos; para quem ganhar entre esse valor e os €25 000, pagará cerca de €16 por mês; e, quando tiver um ordenado superior a €46 000 anuais, pagará €170 por mês).
Falemos agora do sandwich placement. (tenho de vos dizer que adoro este nome!!) E o que é isto do sandwich placement? bem, basicamente, entre o segundo e o terceiro ano do curso, a universidade, onde o aluno está a estudar coloca-o num emprego (na Inglaterra ou no estrangeiro), incorporado com o curso, de modo a que o aluno ganhe experiência profissional na área do curso sem prejudicar o percurso académico.
Então e o alojamento e os custos associados a viver longe dos pais? Bem, a estimativa depende da zona de Inglaterra onde o estudante esteja. Entre os 700 euros mensais para fora de Londres e os 1200 euros em Londres. Como se financia isto? É semi fácil.
A carga horária média semanal das aulas é de 10 a 15 horas, o que dá cerca de 3 horas por dia de aulas. Os alunos tem, por isso, tempo livre que chegue para arranjarem um part time, normalmente na restauração ou em hotelaria. E a maioria das universidades tem departamentos que ajudam os alunos a encontrar trabalho, às vezes na própria universidade (na biblioteca ou a ajudar estudantes caloiros). Os ordenados auferidos chegam para suportar os custos de estarem deslocados, libertando os pais.
Já falei demais por hoje. Prometo que amanhã estou de regresso para vos contar mais sobre como se livrar duma filha.
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Desde que conheço a minha filha, e já lá vão uns longos 17 anos (que, na realidade, parecem meia dúzia de dias) que a ouço falar que gostava de ir para Inglaterra, que era lá que queria estudar e que era lá que queria viver.
Pronto, se calhar não foi logo que nasceu mas talvez desde que começou a ter noção do mundo ao seu redor, do país onde vivemos, das vicissitudes do mundo escolar, da falta de emprego que espera quem termina o curso universitário, dos baixos salários pagos (às vezes por culpa dos bigboss que querem ser eles a receber tudo, mas outras - e estas são a maioria das vezes - por causa dos altos impostos que as empresas são obrigadas a pagar ao estado e que não podem canalizar para os ordenados de quem lá trabalha), dos estágios mal remunerados, dos empregos sem futuro, etcetal.
Ou seja... a minha gaiata sempre quis sair de Portugal e ir para Inglaterra. E nós, pais, que temos a dizer sobre isto?
Bem... é claro que estamos felizes e contentes. Já viram? é menos uma boca a alimentar, menos um passe a pagar, menos consumo de água, gás e electricidade e menos uma pessoa a vestir. Querem melhor do que esta poupança, atendendo, ainda por cima, ao custo de vida?
Na realidade... quero. Como mãe, é claro que sei que vai faltar ali uma pessoa em casa. Mas não é isso o normal? que os filhos saiam de casa dos pais? Vai para Inglaterra? Qual é o problema? Sempre ouvi dizer que o longe se faz perto e o perto se faz longe. Além disso, a minha filha vai cumprir o seu primeiro objectivo, aquele para o qual se tem vindo a preparar ao longo da sua ainda curta vida.
Parte dessa preparação foi a frequência dum curso de inglês. Começou com pouco mais de sete anos e já fez todos os exames de Cambrigde, o ultimo (o CPE) dos quais este ano.
E agora que está no 12º ano, chegou a altura chave...pouco tempo depois das aulas começarem, a gaiata começou à procura de informações sobre os cursos e as universidades na Inglaterra. Falou com amigos dela que vivem lá sobre vários temas, entre os cursos ao dispor, a formação universitária, os custos envolvidos, alojamento, emprego e tudo o mais que possam imaginar sobre este vasto tema. E falou connosco - os pais - claro. Que mantemos o que sempre dizemos, que qualquer um deles terá o nosso apoio para lutar por aquilo que mais desejam (desde que não seja ilegal ou que ponha em risco a saúde e a vida deles, é óbvio).
Como este post já vai longo, amanhã continuarei a contar-vos mais sobre este assunto.
May we meet again
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e
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Nunca se falou tanto em educação de crianças. A cada virar de página há alguém que se auto-intitula como o guru da educação, o único que pode ensinar os pais e o único em que todos os seus casos são de sucesso. Há centenas de milhares de livros, de blogs, de revistas sobre o mesmo tema e até um programa de televisão sobre o mesmo tema, esmiuçando o comportamento dos pais, dos filhos, da influência do cão, do canário ou do periquito no futuro dos gaiatos. Estuda-se, analisa-se, conclui-se e, por fim, dão-se fórmulas quase matemáticas para que a educação funcione.
Diz-se o que se pode dizer ou fazer em contraposição com o que não se deve fazer ou proibir. Colocam-se as crianças em redomas de vidro, não as deixando errar para não sofrerem. Não podem chumbar na escola ou ser contrariadas porque isso afecta a autoestima. Não podem estudar muito para não se cansarem.
Nunca os pais tiveram tanta informação como hoje em dia. E serve para... quase nada. Os miúdos continuam a não trazer manual de instruções. Estamos perante um ser humano que terá de ser educado mas não programado. Que terá de aprender a lidar com as frustrações e de perceber que o mundo gira à volta do sol e não da sua pessoa. Que tem de errar para aprender. Que tem de perceber que não pode ter tudo o que quer. Que tem de ganhar autonomia e de não ser apaparicado. Tem de aprender a ouvir um redondo NÃO e aceitá-lo. Tem de, em casa, ter pais e não amigos.
Sou a mãe mais imperfeita que possam imaginar. Não quero ser perfeita, quero só fazer o que acho melhor para os meus filhos. Mesmo que isso seja ir contra aquilo que os ditos gurus acham importante.
Os meus filhos ajudam em casa desde sempre. Obviamente com tarefas adaptadas à idade. Desde que começaram a ir à escola que se vestem sozinhos. Desde que foram para o ciclo que vão sozinhos para a escola. Têm, desde que entraram no ciclo, uma mesada que gerem como entendem, sabendo que é desse dinheiro que têm de pagar as refeições que fazem fora de casa ou as idas ao cinema. Se querem telemóveis XPTO, mudar de computador ou comprar uma máquina fotográfica, têm de juntar dinheiro para o fazer.
Escolho muito bem onde me devo impor. Não exijo que façam tudo como eu quero. Não me preocupo com a roupa que vestem ou com a cor do cabelo mas, em troca, quero boas notas e bom comportamento. Podem andar de sandálias no inverno ou calças com buracos mas não podem responder torto nem usar telemóvel na escola. Têm de respeitar os outros e a língua portuguesa.
Não os julgo mas, em troca, têm de ser honestos. Quando têm problemas, propomos soluções mas não os resolvemos por eles. Gostamos e queremos conhecer os amigos deles mas não intervimos nessas relações.
Dizemos não quando é preciso e sim sempre que possível. Deixamos que saiam sozinhos ou com os amigos, desde que nos avisem onde vão, quando vão e quando regressam. E têm horas de chegar a casa (mais uma vez adaptadas à idade).
Ambos sabem que somos permissivos e exigentes ao mesmo tempo. Aprenderam que cada acção tem uma consequência e que só depende deles se essa consequência é boa ou má. Se não cumprem as regras, a consequência é um castigo que depende do grau e gravidade do incumprimento.
E conversamos. Desde sempre. Explicamos o quê e porquê e, sempre que possível, decidimos em conjunto o que fazer.
Ser pai ou mãe não é fácil. Mas também não é um bicho-de-sete-cabeças. É uma experiência constante, uma aprendizagem diária e um desafio. Mas é tal e qual como diria o Noddy: Um desafio! Gosto disso!
(texto publicado inicialmente aqui)
Entretanto...
Ora então, e no seguimento daqui, hoje tive a reunião com o conselho directivo para resolver a questão fulcral: porque é que o meu filho tem faltas a educação física se ele calça o 48 e não se encontram sapatilhas para ele?
Conhecendo-me como conheço (ao fim de quase 47 anos convém que nos conhecemos a nós próprios) eu sei que ainda me vou rir da conversa surrealista e idiota que tive. Porque essa é a única solução, seguramente.
Lá tentei explicar que sim, que tenho procurado em todo o lado, sites portugueses, alemães, americanos. Que o moço não sai ao resto da família e que gosta de desporto. Que também não há muitos modelos de meias para este número, que não fui à escola antes porque contava com o bom senso da professora (que já se percebeu que não tem), que falei com a directora de turma e que enviei recados na caderneta e que não percebo a razão das faltas quando toda a gente envolvida sabe do que se passa pelo que, mesmo que acabe por encontrar uma solução, as faltas tem de ser retiradas.
Irredutíveis! Professora de educação física e directora da escola.
Porque, resumindo, eu sou mentirosa porque há de certeza sapatilhas nº 48 ou mais ainda. E sou descuidada com a educação do meu filho porque só agora é que fui à escola falar sobre o assunto. Além disso, o gaiato não quer é fazer educação física e estava na altura dele ter uma atitude positiva em relação à escola e à educação física. E quem está irredutível sou eu que não aceito as sugestões da escola para resolução do problema.
E que soluções são essas? usar as sapatilhas que usou do ano passado (e que são nº 45!) porque a professora experimentou no pé dele e, apesar do rapaz dizer que apertam, ela diz que mete o dedo à vontade no pé. Em alternativa, arranjar meias grossas do número dele e aplicar-lhes o antiderrapante que se usam para os móveis.
Confesso que esta última solução me fez rir. Porque sim, faz todo o sentido... (#soquenao).
Estava com muita vontade de amanhã ir direitinha ao Ministério de Educação. Porque, acima de tudo, me preocupam - mais que a avaliação ignorante que foi feita do meu papel de mãe - as faltas do pequeno. Falei entretanto com a directora de turma que vai tentar falar novamente com a professora de educação física para que as faltas sejam retiradas, arranjando-se uma solução de compromisso para ambas as partes (até porque as ditas sapatilhas só são usadas enquanto tiverem ginástica de aparelhos, que será mais umas semanas). Se as faltas forem retiradas, dou por encerrado o problema. Se não... bom, irei mesmo até às últimas consequências.
Entretanto, e com a ajuda de pessoas espectaculares, consegui encontrar sapatilhas nº 48 na Amazon Alemã. Estão encomendadas e chegam daqui a aproximadamente 15 dias. Vou gastar quase 30 euros divididos assim:
Que é, como quem diz, que as sapatilhas custam € 8,92 e os portes € 20,92. E a pergunta fica: e se eu não pudesse gastar este dinheiro?
48 é número que um jovem que tem 85 quilos e 13 anos calça. É o número que o meu filho calça. Tem pé para dormir em pé, sem esforço de maior.
O que é um esforço é encontrar, agora, sapatos que ele possa calçar. Até há dois números atrás era relativamente fácil, agora só alguns modelos e, naturalmente, os modelos mais caros.
Mas tudo bem, desde que haja sapatos para o rapaz calçar, a coisa faz-se e, com maior ou menor esforço financeiro, lá se arranja maneira dele não andar descalço e até de ter ténis específicos para ir ao ginásio como ele tanto gosta.
E tudo estaria bem... se não fosse precisar de sapatilhas (modelo abaixo) para fazer as aulas de educação física no pavilhão da escola.
Aqui é que a porca torce o rabo. O tamanho maior que encontrei (após procura exaustiva nas lojas de desporto físicas e on line) é o 45. Três números abaixo do número que o gaiato calça e, portanto, não servem.
Ou, pela lógica, não servem. Mas parece que a professora de educação física do meu filho acha que calçar sapatilhas nº 45 é perfeitamente aceitável para quem calça o 48. E não aceita, de modo algum, que sejam usados outros ténis para fazer ginástica no interior. Não quer abrir precedentes, diz ela. Já lhe explicamos que não há outra forma e a resposta da senhora foi brilhante: se não há, mandem fazer. Achará a senhora que me saiu o euromilhões e que posso suportar o custo de mandar fazer sapatos para serem usados uma dúzia de dias ou, até, que é assim tão fácil mandar fazer sapatilhas?
Acredito que, quem não conhece o gaiato tem dificuldade em perceber o tamanho do pé dele. O tamanho 48 corresponde a 33 cm. É muito? é! podia ser mais pequeno? podia. Mas não é. E não há nada que se possa fazer quanto a isso. O miúdo não tem culpa de ser grande e de ter um pé enorme. Que ainda está a crescer (aqui há dois meses ele calçava o 47).
À conta dum pé grande, o meu filho está a ter faltas e recados na caderneta. Porque a professora está a ser obtusa e não percebe que, quem calça o 48, não tem acesso aos mesmos sapatos que os outros.
E sim, a directora de turma já falou com ela várias vezes sobre o assunto e a professora não desarma. Estou, neste momento, a aguardar o contacto da directora da escola que, espero eu, ponha um ponto final nesta história. Se não o fizer... bom, segue-se, seguramente, queixa para o ministério da educação. O rapaz é que não pode ficar prejudicado por ser grande!
Aqui há uns dias li o título duma crónica que dizia que as crianças não são hiperactivas, são mal-educadas. Claro que, depois, no texto propriamente dito, o autor acaba por dizer que, efectivamente, existem crianças hiperactivas mas que também existem muitas crianças mal-educadas. É um facto. E é coisa que já falei aqui várias vezes porque não há, hoje em dia, pais maus. E quem o é, acaba por ser olhado com estranheza pelo resto da sociedade. Um dia isto tinha que acontecer e pode ser que, cada vez mais pais aprendam com os erros dos outros.
De qualquer maneira e voltando ao título da crónica, confesso que, quando o vi a primeira vez, fiquei eriçada e com vontade de convidar o autor a conviver com uma criança realmente hiperactiva para que ele percebesse o que é ser pai ou mãe nessas circunstâncias.
Como eu sou.
Desde cedo que o percebemos. A incapacidade de estar sossegado a brincar, a dificuldade em estar parado num sitio, nem que fosse a conversar connosco ou a ver um filme, a impulsividade (como se as mãos se mexessem mais depressa que o cérebro)... Foram várias as situações que nos fizeram perceber que o meu filho era (e é) uma criança hiperactiva.
Falamos com o pediatra, expusemos as nossas dúvidas e todos concordamos que a medicação não seria opção. Seriamos apenas pais dele - ou seja, daríamos educação e seriamos firmes, não desculpando comportamentos menos correctos.
Claro que, quando começou a escola primária a professora foi posta ao corrente do que se passava e, todos em conjunto - pais, familiares, professora, escola e auxiliares - colaboramos para que os primeiros quatro anos de horários fixos, aulas e maior necessidade de concentração corressem da melhor maneira possível. E conseguimos.
Os problemas começaram no quinto ano. Demasiados professores diferentes, uma maior carga horária e maior necessidade de concentração. Correu mal. Muito mal. A hiperactividade estava a por em risco o aproveitamento escolar.
Diga-se, num aparte, que parte da culpa da hiperactividade das crianças por em risco o seu aproveitamento escolar advêm da escola não estar preparada para lidar com estas crianças. Como explica Luís Borges, as crianças passam tempo a mais na escola em actividades que lhes exigem atenção e, por outro lado, os professores - por terem turmas muito grandes - não conseguem dar, às crianças, a atenção necessária.
Desde há três anos que o meu filho toma Ritalina. Pesamos, com o pedopsiquiatra, os prós e os contras da medicação e, mais uma vez em conjunto, decidimos que, pelo menos no período de aulas, a Ritalina era necessária para ajudar a impedir que o aproveitamento escolar estivesse em risco. Não me agrada que assim seja, naturalmente, mas infelizmente sei que, os recados dos professores aumentam se ele deixa de a tomar. Nas palavras do actual director de turma, o meu filho é educado, nunca respondeu torto a um professor, é interessado e inteligente. Mas, quando não toma a Ritalina percebe-se logo porque se distrai com demasiada facilidade, tem dificuldade em estar sossegado na sala de aula e não consegue fazer responder a todas as questões do testes.
Por isso... não me voltem a dizer que não há crianças hiperactivas mas sim crianças mal educadas. Porque isso não é, de todo, verdade!
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