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Terão os pais noção...

por Magda L Pais, em 19.11.15

... de que espalhar xenofobia não é educar? Ou de que devem conversar com os filhos, explicando as coisas sem pânicos e com razoabilidade?

Confesso que hesitei sobre este tema. Não gosto de chegar à área de leituras ou dos últimos posts e ver que toda a gente escreveu sobre o mesmo assunto. Fico logo sem vontade de o fazer, mesmo quando tenho uma opinião sobre o tema. Bom, na verdade tenho sempre opinião sobre tudo, nem sempre tenho é vontade de a mostrar ao mundo.

Mas dizia eu que hesitei se haveria ou não de falar sobre os ataques terroristas em Paris. Na noite de sexta, eu e milhares de pessoas vimos o que aconteceu em Paris, quase que em directo, à semelhança do que já tinha acontecido a 11 de Setembro de 2001 quando o mundo ocidental viu, aterrado, dois aviões embaterem nas torres gémeas em Nova Iorque.

Na noite de sexta a minha piolha assistiu connosco ao que se passava e, enquanto ansiávamos por saber noticias dos familiares e amigos que temos a viver em Paris (todos bem, felizmente) íamos conversando calmamente sobre o que se estava a passar. Aliás, é sempre assim que assistimos aos acontecimentos - excelentes, bons, maus ou terríveis - em família, conversando sobre o que se passa, esclarecendo dúvidas e, acima de tudo, sem entrar em pânico e sem generalizar.

Aqui em casa os terroristas são terroristas - pessoas sem raça, sem credo e sem sentimentos. Os muçulmanos são muçulmanos, os cristãos são cristãos, maometanos são maometanos e nenhum deles é terrorista.

Não sei se os meus filhos são melhores que os outros mas sei que, segunda feira, quando regressaram à escola, iam tranquilos. Era um dia como os outros. Só que não foi. Porque muitos dos colegas estavam preocupados. Uns porque achavam que este ataque terrorista tinha marcado o inicio da terceira guerra mundial. Outros porque achavam que a seguir ia explodir qualquer coisa em Portugal e outros que a escola onde estavam podia ser o próximo alvo. E que a culpa, claro, era dos muçulmanos e dos refugiados. Muitos - demasiados - associavam os terroristas aos muçulmanos.

Na turma da minha filha, acabou por ser ela que os tranquilizou, que lhes explicou que não é bem assim, que há terroristas e há muçulmanos, que uma coisa não implica a outra e que até lhes explicou que os refugiados estão precisamente a fugir dos terroristas.

Foi, portanto, uma miúda de 14 anos que tranquilizou outros miúdos da mesma idade porque os pais - que o deveriam ter feito - não o fizeram. Foi uma miúda de 14 anos que ajudou a que o pânico não se instalasse no meio doutros miúdos, que os ajudou a perceber que a xenofobia é errada e que os ajudou a raciocinar.

Apesar do orgulho imenso que sinto na minha filha por isso, eu pergunto, não deveriam ter sido os pais a fazê-lo?

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20 comentários

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Hélder Oliveira a 19.11.2015

Antes de mais nada, quero felicita-la pelo seu blog que achei bastante interessante e muito bom de se ler :)
Quanto a esta publicação, tenho a dizer que a própria televisão portuguesa é culpada por todos estes medos, inseguranças. Basicamente, é 1 hora e meia só e apenas a falar deste tema, como se não existisse mais nada no nosso país que devesse ser do nosso interesse! Como se isto tudo não bastasse, existem esses comentadores cheios de teorias de que, possivelmente, até poderá acontecer em Portugal algo parecido e não sei mais o quê... Mas esses senhores baseiam-se em quê para dizer essas coisas? Eles por acaso sabem ler os pensamentos dos terroristas?
Na minha opinião, não deveríamos ver tanto "telejornal" na televisão. Por vezes acabo de o ver com tanta tristeza que até me tira a alegria de viver.


www.pensamentoseepalavras.blogspot.pt (http://www.pensamentoseepalavras.blogspot.pt)
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Magda L Pais a 19.11.2015

Obrigado Hélder e bem vindo
tens toda a razão, claro. Parte (uma boa parte) do pânico é gerado pelos meios de comunicação social. Mas depois se os pais forem na onda, os miúdos ficam em pânico também. Temos de os ajudar a filtrar as noticias senão é mais complicado. O pânico não ajuda ninguém




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