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Viveu e...

por Magda L Pais, em 21.04.15

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Acocorei-me para fazer o gesto de beijar a terra e ainda ajoelhado disse:

- Mestre Glutão de Sangue, sabe que a minha vista é má. (...) se estas marcas fossem feridas reais, há muito que estaria morto.

- E então? - disse ele friamente. (...) - Perdido no Nevoeiro vou falar-te de um homem que uma vez conheci em Quautemálan. (...) Esse homem fugia ao menor sinal de perigo; evitava os riscos mais naturais da existência. Refugiava-se como um pequeno animal na sua toca, abrigado e protegido. Rodeava-se de sacerdotes, médicos e bruxos. Comia apenas os alimentos mais nutritivos e todas as poções mais nutritivas de que tivesse ouvido falar. Nunca antes homem algum tinha tido tanto cuidado com a sua vida. Vivia, unicamente, para continuar a viver.

Esperei que ele continuasse a falar, mas não disse mais nada, pelo que lhe perguntei:

- O que lhe aconteceu, Mestre Cuachic?

- Morreu.

- E isso é tudo?

- Que mais se pode passar com um homem? Nem sequer me lembro do nome dele. Ninguém sabe nada sobre ele, excepto que viveu e que, por fim, morreu.

In Orgulho Asteca de Gary Jennings

Era isto.

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6 comentários

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Cris a 21.04.2015

Ahahahah
Pois, tanto cuidado e morreu como toda a gente e ainda cometeu a proeza de nada fazer com a sua vida.
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Magda L Pais a 21.04.2015

eheheheheh nem mais! muita gente esquece-se disto que é tão básico.
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Just_Smile a 21.04.2015

Em tão poucas palavras tirei uma lição tão grande...
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Magda L Pais a 22.04.2015

eu também. Este excerto é do livro que estou a ler agora e, de facto, é uma grande lição
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Corvo a 22.04.2015

É isso Magda. Nasceu, passou pela vida e morreu. Muito disso.
A vida nada mais é do que umas curtas férias que a morte nos concede, e só por uma vez.
Se não as vivermos intensamente, nunca mais teremos segunda oportunidade.
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Magda L Pais a 22.04.2015

o problema é que há quem confunda viver com sobreviver. e são tão diferentes, não é?

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